COMO CONHECER
A DEUS
Um Plano de Cinco Dias
Morris Venden
Título do Original em inglês:
TO KNOW GOD
Tradução de Edith Teixeira
CASA PUBLICADORA BRASILEIRA
Tatuí - São Paulo - Primeira edição
Cinco mil exemplares - 1989
Deus é amor. Mas como posso ter certeza disto? Por que,
afinal, necessito de Deus?
Como posso saber que estou salvo?
Como posso manter um relacionamento pessoal com Deus, se não O posso ver nem
ouvir? Como posso ter fé nEle quando tudo vai mal? O que acontece quando falho?
Estas e outras perguntas são
respondidas nesta obra. O autor propõe um plano de conhecimento e
relacionamento com Deus em cinco dias. Depois de ler esta obra e pôr em prática
os seus ensinos, você nunca mais será o mesmo.
Como
Conhecer a Deus. Um Plano de 5 Dias
Que significa conhecer a Deus em
cinco dias? Não leva muito tempo – nem mais, nem menos. Venden, o autor, não
enfatiza tanto o elemento tempo quanto a possibilidade; não tanto o saber algo
acerca de Deus, mas o fato de conhecê-Lo, de ter um relacionamento pessoal e
positivo com Ele. Por isso o autor ressalta essa possibilidade em cinco etapas,
ou passos. Ao você compreender como conhecer a Deus, você poderá conhecê-Lo
como nunca antes. Como pastor de igreja das nossas escolas superiores já por
muitos anos Morris Venden adquiriu muita experiência em lidar com as mentes
inquiridoras. Autor de vários livros e orador grandemente solicitado, ele tem
demonstrado sua habilidade para expressar e ilustrar seus temas. O beneficio
que você obterá desta apresentação de Deus poderá alcançar a eternidade.
CONTEÚDO
Deus é amor. Mas como posso ter
certeza disto?
Como posso saber justamente como
Ele é?
Por que, afinal, necessito de
Deus? Sou realmente tão mau?
Que passos devo dar para ir a
Cristo?
Como posso saber que estou salvo?
Como posso manter um
relacionamento pessoal com um Deus que não posso ver nem ouvir?
O meu relacionamento com Deus
esfriará se deixo de comunicar-me com Ele um dia ou dois?
Como ainda ter fé nEle se tudo
vai mal para mim?
Obediência. Como? Por quê? E que
acontece quando falho?
Que vem primeiro: vitória ou paz?
Como posso manter-me sem pecar?
O crescimento cristão. De cristão
recém-nascido, como posso alcançar a maturidade? Que acontece?
A grande divisão: Os que conhecem
a Deus, e os que não O conhecem.
Deus é amor. Mas como posso ter
certeza disto?
Como posso saber justamente como
Ele é?
Por que, afinal, necessito de
Deus?
N
|
a
verdade, ninguém ficou surpreso porque a cerimônia nupcial não começou na hora
marcada. Existe algo com os casamentos que faz com que em geral se atrasem.
Talvez seja pelo grande número de pessoas envolvidas, que precisam aprontar-se.
No entanto, as damas de honra já estavam no local determinado. Como se dá
costumeiramente, havia o corre-corre dos últimos preparativos entremeados de
rápidos olhares ao relógio.
– O noivo ainda não chegou?
– Ainda não, mas chegará logo.
– Que terá acontecido com ele?
– Não posso sequer imaginar. Certamente chegará logo.
Mas ele não chegava. Não chegava. E não chegava. Os
trajes das damas estavam imaculados. O cabelo devidamente penteado. Cada moça
levava uma refulgente lâmpada acesa, e achava-se pronta para unir-se ao cortejo
nupcial. Cada uma delas aguardava ansiosamente a chegada do noivo para que a
cerimônia pudesse começar. Ele, porém, não chegava.
Com o passar dos minutos e das horas, as jovens
ficaram mais preocupadas. Ficaram cansadas. Uma por uma, cuidadosamente puseram
de lado suas lâmpadas, e procuraram um lugar confortável para sentar-se
enquanto esperavam. A noite estava serena. O dia fora muito exaustivo. Afinal,
todas as dez damas adormeceram – e não era para admirar, pois já era quase
meia-noite, e o noivo não chegara ainda.
À meia-noite ouviu-se o clamor: "Aí vem o
noivo!"
De um salto, todas se puseram em pé. A agitação dos
preparativos dos últimos minutos começou novamente. Consternadas, as damas
viram que a luz das lâmpadas estava muito fraca. O óleo acabara, e a chama estava
quase se extinguindo. Cinco apressaram-se a reabastecer as suas lâmpadas, mas
cinco não tinham azeite em reserva. Não se haviam preparado para uma espera tão
longa. Por isso, mesmo enquanto vigiavam, suas luzes tremularam e se apagaram.
"Alguém tem azeite de sobra?'' perguntaram
repetidamente; mas ninguém tinha azeite sobrando. O noivo apareceu. Era a hora
do cortejo começar. As cinco que tinham óleo nas lâmpadas, uniram-se à
procissão festiva. Mas as outras cinco, cujas lâmpadas se apagaram, haviam saído
a toda pressa para comprar ou pedir emprestado mais azeite.
Escassez de Azeite
Agora já passava da meia-noite. Embora tivessem
procurado na cidade inteira, as cinco damas não conseguiram azeite. Finalmente,
voltaram para a festa do casamento, dizendo: "Perdemos a cerimônia
nupcial, mas pode ser
que pelo menos consigamos participar da recepção." Chegando, porém, ao salão da festa, encontraram a porta fechada.
Podia-se ouvir o som de risos e música. Então elas bateram repetidamente.
Afinal, a porta foi aberta, pelo próprio noivo.
"Deixe-nos entrar. Nós deveríamos estar
participando da festa." O noivo examinou as jovens que ali se achavam perante ele.
Assemelhavam-se mais a garotas da rua do
que damas de honra. Suas vestes estavam amarrotadas e manchadas. Ele não as
reconheceu. Vagarosamente meneou a cabeça, e disse: "Não vos
conheço." E fechou a porta. Elas perderam a festa.
"Não vos Conheço"
Foi Jesus o primeiro a contar esta parábola. Você pode
lê-la na sua Bíblia, no capítulo 25 de S. Mateus. Ele queria impressionar Seus
ouvintes com a importância de conhecerem a Deus por si mesmos. Visto que Ele
não reconheceu as cinco moças, não lhes permitiu participarem do banquete
nupcial.
Esta mesma verdade é ensinada em S. Mateus 7:21-23.
Jesus fala a respeito de alguns que virão no último dia, alegando ser Seus
seguidores. Estes, porém, serão rejeitados porque, menciona-se a razão:
"Eu nunca vos conheci."
O Cristianismo, a religião, a vida eterna consistem em
conhecer a Deus. A Bíblia diz: ''E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti,
o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." S. João 17:3.
Há, no entanto, idéias conflitantes a respeito de como
Deus é. Segundo alguns, Ele é vingativo, cheio de ira, arbitrário. outros
retratam-no como uma espécie de Papai Noel, cujo propósito principal é
satisfazer todos os desejos de Seu povo. E ainda outros O consideram como uma
gigantesca gelatina, incapaz de ferir alguém, mas sempre amoldável e
permissivo.
Falam-nos do amor de Deus. Mas também nos falam de Sua
ira, Seu furor, Seus castigos. As Companhias de Seguro classificam os desastres
da Natureza como "os atos de Deus''. Pessoas sofredoras repetidamente
indagam: "Por que Deus faz isto comigo?'' Por um lado, os pregadores falam
do amor, misericórdia e paciência de Deus; e por outro lado, apresentam Seus terríveis juízos. E
os ouvintes se surpreendem.
É propósito deste livro ajudar você a descobrir por
você mesmo como Deus realmente é; mostrar como você pode aprender a conhecer
Aquele a quem conhecer significa vida eterna. O alvo de Deus para cada um de
nós é que nos relacionemos pessoalmente com Ele. Almeja tornar-Se nosso Amigo.
E hoje nos diz: "Com amor eterno te amei, por isso com benignidade te
atrai." Jeremias 31:3.
Ele está à espera de nossa resposta ao Seu amor, de
nosso companheirismo com Ele. Para fazer isto, porém, devemos saber por nós
mesmos como Ele realmente é.
Como Deus É Revelado
Uma das maneiras de relacionar-nos com Deus é
procurá-Lo revelado na Natureza. A esse respeito Davi assim diz no Salmo 19:1:
''Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de Suas
mãos." Podemos ver a Deus na Natureza. Ele é retratado no refulgente
pôr-de-sol no céu de verão, no vôo sem esforço da andorinha. Podemos pensar nEle ao contemplarmos
as montanhas coroadas de neve, as verdes colinas cobertas de flores, ou o
inesperado desabrochar de botões no deserto. Através da Natureza podemos
aprender algo sobre o amor de Deus.
É muito importante a revelação que a Natureza nos dá
de Deus. Ele chegou ao ponto de separar um dia em sete, a fim de lembrar-nos do
Seu poder criador. Você pode ler isto em Êxodo 20. Esse mandamento nos foi dado
para nos fazer lembrar do sétimo dia, e a razão é apresentada no verso 11:
''Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo que neles
há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia de sábado, e o
santificou."
As obras da Natureza fazem-nos lembrar não somente o
amor e o cuidado de Deus por todas as Suas criaturas, mas também o fato de que Ele
é o Criador. Somos simplesmente Suas criaturas. O sétimo dia foi dado como
memorial da Criação. E esse memorial não teve início depois da queda do homem.
Era necessário conscientizar-nos a respeito da natureza humana – não somente
sua natureza pecaminosa, mas também de sua natureza dependente, como criatura.
É por isso que um dia especial de adoração não é limitado particularmente a um
tempo ou nação. O relacionamento de Deus com Suas criaturas, e Seu constante
cuidado por ela nos dão lições de Seu amor.
Mas as Flores Fenecem...
Contudo, a Natureza possui um lado negativo. As flores
fenecem. O cervo malhado é apanhado e morto pelo lobo. A neve do inverno faz
com que muitas das criaturas selvagens pereçam de fome. Onde está, pois, o amor
de Deus? Até nos cenários mais lindos e tranqüilos, contemplando-os de novo,
podemos ver sinais de morte e decadência.
Embora evidências remanescentes nos façam pensar num
Deus Criador, há também em toda parte sinais evidentes dos efeitos do pecado.
O Amor Humano Revela o Amor de
Deus
Deus é revelado através dos laços do amor humano.
Podemos vê-Lo retratado na mãe que embala nos braços o seu filhinho. Podemos
ver o Seu cuidado no pai carregando o seu filho nos ombros. Podemos
contemplá-Lo no professor ou pastor que toma tempo extra para ouvir alguém. O
incansável anelo de Deus por nós manifesta-se nos soluços de uma mãe
presenciando a execução de um criminoso empedernido – seu filho. O amor divino
se revela na confraternização e interesse mútuo de amigos e queridos.
A Bíblia alude a essa revelação do amor de Deus.
"Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece dos
que o temem." Salmo 103:13. "Acaso pode uma mulher esquecer-se do
filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do fruto de seu ventre?''
Isaías 49:15. "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria
vida em favor dos seus amigos." S. João 15:13.
Mas que dizer daquele homem em Madeira, na Califórnia,
que durante meia hora espancou sua filhinha de seis anos porque ela não
chorava? Afinal, ela disse: "Papai, posso beber um pouco de água?'' E
morreu. Nesse caso, onde estava o amor de Deus? O que dizer dos bebês
espancados, crianças abandonadas, lares desfeitos, amizades destruídas,
corações estraçalhados? Como pode ser o amor de Deus assim revelado? As
próprias Escrituras nos lembram dos limites do amor humano comparado com o amor
divino. Isaías 49:15 prossegue, respondendo à pergunta: "Pode uma mulher
esquecer-se do filho que ainda mama?'' Sim, ela pode esquecer. O amor humano
representa o amor divino mas de modo muito imperfeito.
A Bíblia Revela a Deus
Deus é revelado em Sua Palavra, a Bíblia. É-nos dito
que Deus é tardio em irar-Se e grande em benignidade (Jonas 4:2); tem prazer na
misericórdia (Miquéias 7:18); Ele é amor (I S. João 4:8). Mas você já leu a
Bíblia e ficou confuso? Já ficou a pensar no Deus do Antigo Testamento? Já
refletiu a respeito dos juízos, trovões e ameaças do Deus dos israelitas?
Com nossa mente limitada, é possível que na própria
Bíblia encontremos uma incompleta representação de Deus, de Seu caráter, de
como Ele realmente é. Quão facilmente podemos formar uma idéia errônea de como
é Deus, se olharmos apenas para a superfície!
Jesus Revela Como é Deus
Até os discípulos de Jesus não compreendiam bem acerca
da natureza de Deus. Eles queriam conhecê-Lo. Sobre isto você pode ler em S.
João 14. Filipe perguntou: "Por que não nos mostras o Pai? Gostaríamos de
conhecê-Lo!"
Certa vez um de meus alunos disse:
– Gosto de Jesus, mas não gosto de Deus.
– Por que não?
– Porque Jesus é bom, mas Deus é severo, cheio de ira.
É este um quadro real? Somente Jesus é amorável, ao
passo que Deus é rude, rígido e implacável?
Como Jesus respondeu ao pedido de Filipe? Ele disse:
"Há tanto tempo estou convosco, e não Me tens conhecido? Quem Me vê a Mim,
Vê o Pai; se tivesses visto a Mim, terias visto o Pai. Eu estou no Pai, e Ele
está em Mim. As palavras, as obras que faço são do Meu Pai porque Ele habita em
Mim."
A missão de Jesus foi a de vir a um mundo que estava
em completa discordância com Deus, a fim de demonstrar como é realmente o Pai,
como Ele sempre foi e sempre será. O melhor meio de conhecer a Deus é conhecer
a Jesus. A vida e a morte de Cristo apresentam o mais nítido retrato da natureza
de Deus. Ele disse: "Se vós Me tivésseis conhecido, conheceríeis também a
Meu Pai. " (Ver S. João 14:7)
"Certo Homem Tinha Uma
Figueira..."
Em S. Lucas 13 encontra-se uma parábola relatada por
Jesus para ilustrar o caráter e o amor de Deus. Começando com o verso 6:
"Então Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma figueira
plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse
ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não acho; pode
cortá-la; para que está ela ocupando inutilmente a terra? Ele, porém,
respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e
... (a fertilize). Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás
cortá-la."
Quem se acha envolvido neste diálogo? À primeira
vista, pode-se concluir facilmente que Deus, como o proprietário da vinha, está
falando com Jesus, o viticultor. E que Deus diz: "Pode cortá-la." Mas
Jesus vem para salvá-la e faz o possível para acalmar a Deus e fazer com que Ele
tenha um pouco de misericórdia.
Nada disso. Considere de novo a parábola. Se
"Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo", então Deus Se
acha igualmente preocupado com nossa salvação. Por conseguinte, o que esta
história nos apresenta são os dois lados tanto do Pai como do Filho, e
provavelmente também do Espírito Santo. Estamos considerando os dois lados do
caráter de Deus – Sua justiça e Sua misericórdia. Não vemos Jesus pleiteando
com Deus para acalmá-Lo. Deus, nas três Pessoas da família celestial, é que
está procurando estabelecer o equilíbrio entre justiça e paz. Justiça é parte
inseparável do caráter de Deus – pelo que devemos ser gratos, não é? Mas também
a misericórdia constitui parte definida de Seu caráter, e por isso também
podemos ser agradecidos.
Jesus deixou claro quando aqui esteve que Ele veio
"buscar e salvar o perdido'' (S. Lucas 19:10). E em S. João 3:16 e 17,
lemos: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu Seu Filho
unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porquanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por Ele."
Seja como for, no coração de Deus Sua misericórdia é
igual a Sua justiça, por isso vemos a cruz numa colina solitária. No entanto, a
misericórdia divina não anula de forma alguma a Sua justiça, pois mediante a
cruz vemos a interligação desses dois atributos no lindo plano da salvação.
Daí, ano após ano, século após século, continuamos ouvindo: "Deixem em paz
os pecadores impenitentes. Deixem-nos ainda este ano. Deixem-nos para que Eu
inste um pouco mais com eles, e faça o que puder para salvá-los." E assim
Deus continua procurando repetidamente alcançar-nos com o Seu amor.
Vede o Amor de Deus
João, o discípulo amado, tentando descrever o amor de
Deus, viu-se afinal destituído de palavras. Tudo que pôde fazer foi
convidar-nos a contemplá-Lo por nós mesmos. "Vede que grande amor nos tem
concedido o Pai."
Como contemplar o amor de Deus? olhando para Jesus.
Contemplamos o amor de Deus, relacionando-nos com Jesus, estudando a vida de
Jesus, meditando sobre os ensinos de Jesus. Pois Jesus é Deus. Em S. João 1:1e
2 é-nos dito: "Antes que qualquer outra coisa existisse, lá estava Cristo,
com Deus. Ele sempre existiu, e Ele próprio é Deus." (T.L.B.)
Numa de minhas aulas, estávamos falando sobre o amor
de Deus. Um aluno ergueu a mão e perguntou: "Se Deus amou tanto o mundo,
por que Ele mesmo não veio morrer? Por que enviou Seu Filho?"
Outro aluno que obviamente era pai, respondeu: "Se
você tem um filho a quem você ama, é muito mais fácil sofrer você mesmo,
do que ver seu filho sofrer."
Hoje sou grato por esse Deus que nos amou tanto que
enviou o maior dom de Si mesmo em Seu Filho, a fim de revelar Seu próprio
caráter. Sou grato por Jesus que Se prontificou a vir e dar-Se a Si mesmo em
resgate por muitos. Constitui boas novas o fato de que o coração de Deus o Pai
palpita com o mesmo amor que Jesus, Seu Filho, revelou aqui na Terra. Podemos
regozijar-nos hoje pela revelação de Deus através da Natureza, do amor humano e
da Palavra de Deus. E também podemos servir-nos da tremenda oportunidade de
conhecer Deus mediante o estudo da vida e ensinos de Jesus, nos quais o amor
divino é sempre mais claramente compreendido.
Mas, Afinal, Por Que Preciso
Conhecer a Deus?
Ninguém despenderá tempo e esforço para entrar em relacionamento e companheirismo com Deus a menos que reconheça sua
necessidade. Em S. Mateus 9:12 e 13, o próprio Jesus diz: "Os sãos não
precisam de médico, e, sim, os doentes. ... pois não vim chamar justos, e, sim,
pecadores." Ninguém agradecerá a Jesus por bater-Ihe a porta do coração,
nem abrirá a porta para Ele, sem primeiro compreender sua grande necessidade de
companheirismo e comunhão com Ele. Ninguém manterá um relacionamento pessoal
com Deus a menos que compreenda sua necessidade desse relacionamento.
Afinal de contas, por que precisamos de Deus? Esta é
uma pergunta importante. Podemos considerar a resposta de um ponto de vista
secular, com base na lógica e na razão, ao tentarmos responder a esta
indagação.
Num verão, anos atrás, freqüentei uma faculdade do
Estado de São Francisco, Califórnia. Noventa e cinco por cento dos meus colegas
acreditavam que tudo na vida se resume no momento presente – viver aqui e
agora. Parecia algo muito intelectual acreditar que passamos toda a nossa vida
neste planeta, os nossos setenta anos, e então morremos e ficamos mortos por um
longo tempo, digamos, para sempre.
Francamente não me impressionei tanto com essa opção
de meus colegas! Não se tratava de escolher entre viver para sempre no Céu, ou
em Las Vegas. A escolha era entre viver para sempre no Céu ou nenhuma vida.
Pois justamente na base da lógica e da razão, a sua chamada crença iluminada
não tinha muito a oferecer. Consideremos a questão.
Suponha que você não seja cristão, e que eu, como
cristão, me aproxime de você e lhe dê uma chance de estar cinqüenta por cento
certo: não há nada além da vida presente, e ao morrer, tudo termina. Mas você
também me dá a chance de cinqüenta por cento de estar certo: de que o Céu é um
lugar real, e Deus uma Pessoa real. Não seria este um jogo lícito? Afinal de
contas, embora eu não possa provar a existência de Deus e do Céu através de um
tubo de ensaio, você também não pode provar que Ele não existe. Certo?
Concordemos então que nenhum de nós pode provar nosso ponto de vista.
Assim começamos na mesma base e nos damos as mãos em
sinal de acordo. Darei a você uma chance de cinqüenta por cento de que você
está certo, e você fará o mesmo comigo.
Digamos que começamos a viver os nossos setenta anos
e, ao chegarmos ao final, descobrimos que você tem razão – não existe o além.
Ambos morremos e somos sepultados no mesmo cemitério. Eu não perdi nada.
Mas suponhamos que no final de nossos setenta anos, um
dia olhamos para o céu e vemos, no oriente, uma pequena nuvem, que vai
crescendo, crescendo, e
logo o céu inteiro está coberto de seres celestiais. Fica demonstrado que há uma vida além desta. Deus é
real, os anjos são reais, o Céu é real. Jesus veio outra vez. E que acontece
então se você rejeitou essa posição? Ora, você terá perdido tudo, porque o que
é esta vida comparada com a eternidade?
Escolha dos Garotinhos
Certa vez fui convidado a fazer o discurso de
paraninfo de uma turma de crianças que se formavam na pré-escola. Que honra
para mim! E eles entraram marchando, de becas e barretes de cartolina feitos em
casa! Esperava-se, pois, que eu dissesse algo apropriado para eles.
Eu chegara à conclusão de que se não procurasse
envolvê-los no discurso, eu jamais seria capaz de captar sua atenção; por isso,
apresentei-lhes o seguinte problema para que resolvessem: "Suponhamos que,
na minha mão esquerda, tenho uma nota de um milhão de dólares a ser paga quando
vocês completarem 21 anos de idade. E na mão direita tenho um dólar, que vocês
poderão receber agora mesmo. O que vocês escolheriam?"
Pude ver pipocas, sorvetes e chicletes girando
naquelas mentes infantis. Procurei então apelar para eles, baseando-me em seu
alto grau de instrução e no fato de que agora estavam-se formando, para que
considerassem cuidadosamente esse intricado problema. Temeroso quanto a sua
possível decisão, procurei distraí-los tanto quanto possível. Afinal, ao
pedir-lhes a resposta, todos eles haviam escolhido a mesma coisa – o dólar! E pude
ver pela expressão satisfeita de seus semblantes que eles sabiam que eu ficaria
impressionado com o seu ponderado raciocínio!
Terminou esse problema no prezinho? Não, o mundo
inteiro acha-se preso no mesmo gancho. Somos chamados a nova geração. Mas até
que compreendamos nossa necessidade de algo além do transitório, continuaremos
a fazer o mesmo tipo de escolha daqueles graduandos.
Um dia meu pai veio a mim e disse:
– Filho, quero fazer-lhe uma proposta. Quero dar-lhe
um milhão de dólares.
Tive que rir. Eu estava demais a par da conta bancária
de papai para acreditar naquilo. Ele, porém, persistiu.
– Suponha que sou multimilionário e vou dar-lhe um
milhão de dólares. Está interessado?
– Naturalmente!
– Com duas condições – papai continuou.
– Primeiro, você deve concordar em gastar todo o
milhão de dólares em um ano apenas.
Bem, eu preferiria gozar o máximo dessa fortuna num
período de tempo mais longo; mas é melhor ter um milhão por um ano do que não
tê-lo.
– A segunda condição é que, no fim do ano, você morra
numa câmara de gás.
– O que o senhor disse?
– Ao terminar o ano você deve morrer. Não há outra
alternativa. Você não poderá usar esse dinheiro para esconder-se nalguma ilha
tropical. Com toda certeza você morrerá ao findar-se o ano. Ainda está
interessado?
– De forma alguma – respondi.
– Por que não?
Porque eu passaria o ano inteiro pensando na câmara de
gás, e isso estragaria todo o prazer de um ano.
Desde então tenho feito essa proposta a muita gente, e
a resposta é sempre a mesma. Não vale a pena trocar um ano, mesmo que seja
fantástico, por uma vida inteira.
Moral da História
A seguir meu pai veio com um engenhoso desafio, desses
que um pregador faz a seu filhinho!
– Imagine agora que sou o diabo e lhe faço uma
proposta semelhante: "Você tem setenta anos para fazer exatamente o que
lhe agradar. Nada de regras e regulamentos. Você pode fazer o que quiser e ir
aonde quiser. Nada de inibições, proibições, nem moralidade. Divirta-se. Viva a
sua vida. Mas no final dos setenta anos você acabará num lago de fogo
comigo."
– Você está interessado? – papai indagou.
Milhares de pessoas aceitaram esta oferta, pensando
ter feito uma sábia escolha.
A maioria de nós está disposta a aceitar que seria
estultícia escolher um ano, quando setenta estão à nossa disposição. Mas que
dizer de preferir os setenta, quando podemos ter uma eternidade? Mesmo baseados
na lógica e na razão, é tolice rejeitar a oferta da vida eterna que Deus nos
faz. Milhares preferem os prazeres transitórios e perdem a eternidade.
O Escorpião e a Rã
Um escorpião queria atravessar o rio, mas não podia
nadar. Pediu então a uma rã que o carregasse.
A rã não quis. "Sei o que você fará. Vai picar-me
e eu afundarei e me afogarei."
– Não vou fazer isso – o escorpião insistiu.
– Se o fizer, me afogarei juntamente com você.
A rã foi convencida e ambos começaram a atravessar o
rio. Na metade da travessia, o escorpião ferroou a rã. Ao afundarem, a rã
perguntou amargurada:
– Por que você fez isto? Agora ambos vamos morrer.
Então o escorpião respondeu:
– Sinto muito, mas não posso agir de outro modo, pois
esta é a minha natureza.
A Natureza do Homem
Devido a sua natureza, as pessoas continuam a fazer a
estulta escolha de rejeitar a eternidade em favor da vida presente. Mesmo muita
gente ilustre termina recusando a vida que Deus lhes oferece, e escolhendo a
vida que levam. Semelhante ao escorpião, somos escravos de nossa natureza.
Nascidos neste mundo de pecado, somos pecadores por natureza. E a menos que o
miraculoso poder de Deus interfira, nenhuma lógica ou razão nos levará a
aceitar a eternidade que Deus nos oferece.
Sabemos que, desde Adão, a morte vem a toda a
humanidade. "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram''. Romanos 5:12. A morte é o salário do pecado (Cap.
6:23). Mas os bebês morrem antes mesmo de ter oportunidade para
"pecar". Por conseguinte, sabemos que, desde Adão, todos são
pecadores, mesmo que não tenham pecado. Poderíamos citar muitos textos das
Escrituras neste sentido, mas é necessário? A morte fala por si mesma.
Há ainda uma prova bíblica notável de que nascemos
pecadores. É o fato de que ninguém verá o reino de Deus se não nascer de novo
(S. João 3:3). Se isto é verdade, então deve haver algo errado com o nosso
primeiro nascimento. Que é então? Voltemo-nos para Agostinho, o fundador da
clássica doutrina do pecado original. Tem havido muita discussão a este
respeito. Basicamente, ele ensinava que nascemos pecadores e somos responsáveis
pelo pecado desde o nascimento. Isso significa que sua doutrina deve ter
rotulado a doutrina da culpa original.
Você pode não aceitar bem a doutrina de Agostinho
quanto à culpa original, mas a do pecado original é legitimamente bíblica. Esta
se encontra na histórica Confissão de Augsburg, que afirma termos nascido
separados de Deus. E esta é a realidade. No entanto, embora nasçamos separados
de Deus, não somos considerados responsáveis por isso. Por conseguinte, não é
necessário proceder-se a um ritual para ou pelo bebê para que ele seja salvo,
visto que ele não é responsável pelo seu nascimento neste mundo de pecado.
Ninguém é responsabilizado por isso até que tenha a oportunidade de compreender
inteligentemente o problema, ver sua própria condição e o que pode ser feito
para corrigi-la. Então aí começa a sua responsabilidade.
Este é o conceito bíblico de pecado original, e sou
grato por isso. Os capítulos 9 e 15 de S. João, S. Tiago 5 e os primeiros
capítulos de Romanos nos falam a esse respeito. Deus jamais nos responsabilizou
por termos nascido num
mundo pecaminoso. E isto é realmente uma boa nova!
Mas o Nosso Coração é Mau e Não
Podemos Mudá-lo
Ao falarmos de pecado original, não queremos dizer que
o pecado passa de uma pessoa para outra através dos genes e cromossomos. Não há
evidência suficiente para crermos nisso. Não, os seres humanos nascem separados
de Deus, e, como resultado prático, o homem nasce egocêntrico, e nisto está a
raiz de todos os pecados subseqüentes (Rom. 8:7). Nascemos desesperadamente
egocêntricos. Embora para muitos seja difícil imaginar um bebê recém-nascido já
pecador, poucos devem ter dificuldade em compreender que o recém-nascido é
egocêntrico!
Deparamos assim com uma definição dupla para pecado
– pecado, no singular; e pecados, no plural. Pecado, singular, significa uma
vida separada de Deus. E pecados, plural, são os erros que cometemos em
resultado de vivermos separados de Deus.
Pecado, no
singular, consiste em vivermos distantes de Deus, não importa quão bons
possamos ser. Há muita gente boa, de excelente moral, que vive longe de Deus.
Vive, porém, em pecado. Praticando ou não coisas erradas, vive em pecado. Sua
vida é de pecado. Você pode aceitar isto? Em Romanos 14:23 lemos: "Tudo o
que não provém de fé é pecado. "O que quer que seja que eu faça, se não é
feito através de um relacionamento de fé com Jesus, é pecado – mesmo que seja
cortar a grama para uma viúva. Porque se sou egocêntrico em resultado de viver
separado de Deus, então eu posso cortar a grama simplesmente por motivos
egoísticos. É possível fazer todas as coisas certas por razões erradas.
Que motivos egoísticos podem levar-me a cortar a grama
para uma viúva? Bem, talvez eu logo vá sair de férias e espere que ela cuide de
meu cachorro enquanto eu estiver ausente. Talvez eu espere que meus vizinhos me
dêem melhor conceito por cortar a grama para a viúva, ou talvez tenha cometido
um horrível pecado e queira penitenciar-me por isso. Pode ser que a viúva
esteja às portas da morte, e eu tenha esperança de que se lembre de mim no seu
testamento. Pode haver toda espécie de motivos para eu cortar a grama da viúva,
alguns dos quais eu seja incapaz de identificar. Mas o fato é que se alguém que
vive afastado de Deus pratica boas ações, ele o faz por motivos errados,
egocêntricos.
É a condição pecaminosa do homem que redunda em
atos pecaminosos, sejam estes considerados certos ou errados. O homem peca
porque é pecador. Ele não é pecador porque peca. Considere novamente que a
principal questão do pecado é a separação de Deus. Você não tem de pecar para
ser pecador; basta você nascer!
Se tivéssemos de colocar tudo isso numa equação,
poderíamos dizer que Humanidade = Pecado : Justiça = Jesus. Jesus foi o
único ser sem pecado que nasceu peste mundo, pois não nasceu separado de Deus.
E o único que nasceu justo. Dessa analogia fica claro que, tanto quanto se
refere à humanidade, a equação é a seguinte: Humanidade + Jesus = Justiça. O
ser humano sem Jesus é ainda pecador. O problema real quanto ao pecado e à
justiça consiste em ter ou não Jesus em nossa vida.
Um dia, enquanto tratávamos desse assunto na sala de
aula, um aluno lá de trás figuradamente alçou a sua calculadora de bolso e
disse: "Espere um minuto! O senhor diz que Jesus = Justiça, por Si mesmo.
Então o Senhor afirma que a Humanidade + Jesus = Justiça. Se é verdade, a
Humanidade = Zero!"
E ele parecia tão preocupado como se eu tivesse feito
uma injustiça à raça humana! Que queremos dizer quando afirmamos que a
Humanidade = Zero?
Desvalidos, Porém Não
Desvalorizados
Tanto quanto se refere à justiça, o ser humano é igual
a zero. Que diz a Bíblia? "Todas as nossas justiças são como trapo de
imundícia." Isaías 64:6. Mas no que concerne a valor, isto não significa
que o homem não valha nada. Há tremenda diferença entre ser impotente para
produzir justiça, e ser desvalorizado. Nosso valor foi provado ao vir Jesus a
este pequenino mundo, simples nódoa no Universo, a fim de redimir do pecado a
humanidade. Isso nos mostra o imenso valor da alma humana.
Certa vez ouvi dizer que se tivéssemos uma balança
gigantesca, e em um dos pratos colocássemos o mundo inteiro, que pesa seis
sextilhões de toneladas; e no outro prato puséssemos um bebê, o pêndulo da
balança penderia para o lado do bebê. Tal é o valor de uma alma. Sendo assim,
não devemos andar pela vida de cabeça baixa; podemos andar eretos pelo valor
que Jesus Cristo nos dá. Todavia ainda somos impotentes para produzir justiça.
Percebeu você a diferença entre ser desvalido e ser desvalorizado?
Nenhum Interesse nas Coisas Espirituais
Não somente somos incapazes de produzir justiça
separados de Cristo, mas ainda temos um problema muito maior, resultante de
nossa separação de Deus, ou seja, não temos interesse nas coisas espirituais.
Não temos prazer na comunhão com Deus, pois é realmente insípida para nós. Uma
das maiores evidências de que alguém não nasceu de novo – ainda vive afastado
de Deus – é sua falta de interesse nas coisas espirituais.
Um amigo meu certa vez pregou um sermão acerca do
homem que entrou no Céu por engano. Um dos ouvintes, que chegara atrasado, não
ouviu o sermão desde o início. Essa pessoa depois saiu dizendo que o pregador
dissera ser possível alguém acabar entrando no Céu por engano. Bem, não foi
isto que o pregador quis dizer. Ele apenas procurou mostrar o que seria para o
pecador, que não nascera de novo, que não tivera gozo na santidade, nenhuma
alegria na comunhão com Deus, nenhum prazer em servir desinteressadamente a
outros, sim, o que seria para esse pecador achar-se no Céu. Quão infeliz se
sentiria!
Você já considerou uma evidência do amor de Deus o
fato de que Ele não permitirá que vão para o Céu aqueles que recusarem a
salvação? O Céu seria um lugar de tortura para eles. É somente após o novo
nascimento que uma pessoa encontra gozo nas coisas espirituais.
A Humanidade Necessita de um Salvador
Se o problema real do pecado consiste numa vida
separada de Deus, então que aspecto deveríamos focalizar antes de tudo? Devemos
dedicar nosso esforço e atenção às coisas boas ou más que praticamos, ou
devemos considerar em primeiro lugar nosso relacionamento com o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo?
Se todos neste mundo, exceto Jesus, nascem pecadores (Rom. 3:23), então todos necessitam de um Salvador para serem salvos
(Atos 4:12). O evangelho é a boa nova de Jesus (Romanos 1:16). Jesus, nosso
Salvador, proveu-nos salvação na cruz, pela qual o poder do pecado é anulado.
Ao aceitar o pecador tão grande salvação, ele passa pelo novo nascimento, e
então se realiza o mais importante negócio do mundo.
Suponhamos que eu quisesse negociar minha caneta
esferográfica, trocando-a por um carro último tipo. Se alguém que tivesse tal
carro quisesse negociar comigo, de duas uma: ele seria estulto ou deveras me
amaria muito. Seria aquele negócio, não é?
Em II Coríntios 5:21, a Bíblia relata o mais
importante negócio já realizado. "Àquele [Deus] que não conheceu pecado,
Ele O fez [Jesus] pecado por nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de
Deus." Poderíamos mudar um pouquinho as palavras: Porque Deus quis que
Jesus, que não conheceu pecado, Se tornasse pecado para que nós, que não
conhecemos a justiça, pudéssemos ser feitos nEle justiça de Deus.
Você gostaria que Jesus, de braços abertos e olhos
plenos de amor, lhe propusesse hoje negociar toda a justiça dEle em troca de
todos os seus pecados? Você estaria interessado? Na verdade, é justamente isto
que Ele quer fazer. E ainda, nessa transação espetacular, poderá parecer a
princípio que alguém ficará com prejuízo. Seria como trocar um carro de luxo
por uma esferográfica, exceto que não existe esferográfica! Tudo que temos de
trocar por Sua justiça são trapos de imundícia como Isaías chama toda a nossa
justiça (Isaías 64:6). Você chegará a uma única conclusão – ou Aquele que propõe
esse negócio é muito tolo, ou Ele realmente nos deve amar muito.
Não Importa o Que Você Faz, Mas Sim o Que Você é
Em Efésios 2:8 e 9, encontramos estas significativas
palavras: "Porque
pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus,
não de obras, para que ninguém se glorie." E Paulo repete isso em Romanos 3:20: ''Ninguém será justificado diante
dEle por obras da lei. " Em outras palavras, a salvação baseia-se não
naquilo que você faz, mas no que você conhece. E ninguém realmente vê a
necessidade de conhecer a Deus – portanto, não vê a necessidade de dedicar
tempo suficiente para esse propósito – até compreender que a salvação se baseia
no relacionamento, e não na conduta.
Se você espera ser salvo, mas não sente a necessidade
de conhecer a Deus, e não considera importante o tempo que dedica a Ele, então
você ainda acredita que a salvação se baseia na sua conduta. Não importa o que
uma pessoa diga acerca de sua crença, se está convencida de que salvação e
cristianismo são fundamentados num relacionamento com Cristo, então esse
relacionamento terá a máxima prioridade. Todo aquele que não busca a salvação
através de um companheirismo com Deus, de um conhecimento pessoal, é legalista,
procurando alcançar o Céu através de suas próprias obras.
Conhecer a Deus – Eis o Fundamento
Quando chegamos a compreender que somos pecaminosos
por natureza e que esta é a causa básica do pecado, então podemos entender
melhor a necessidade de conhecer a Deus. A justiça não existe por si mesma. Ela
vem somente com Jesus. Ao aceitá-Lo como meu Salvador, meu Senhor e meu amigo,
passo a possuir toda a justiça, porque Sua justiça vem com Ele.
Há, porém, outra razão por que conhecer a Deus é
importante. É importante por causa de Deus. Considere todo o sofrimento
e tristeza que, através dos séculos, tem invadido o coração de Deus, porque os
pecadores estão determinados a seguir seus próprios caminhos.
Quando você ama realmente alguém, o que você mais
deseja é que esse alguém também ame você. Verdadeiramente, Deus é amor, e deve
amar-nos muitíssimo a
ponto de querer trocar toda a nossa pecaminosidade por toda a Sua justiça. Para nós, esta é uma proposta
fantástica – mas para Ele? Não ficará logrado nesse mais estupendo de todos os
negócios? Em resposta, desejo recordar uma antiga história, que vem ao ponto. É
a história do Velho Joe.
O Velho Joe era um escravo que vivia perto da foz do
rio Mississippi. Um dia ele se achava num lote de escravos a serem vendidos no
mercado, no mesmo lugar onde, mais tarde, Abraão Lincoln, contemplando as
lágrimas e os corações despedaçados, disse: "Se algum dia eu tiver a
oportunidade de acabar com isso, eu o farei!" Lá se encontrava Joe, doente
e cansado de separações, e lágrimas e despedidas. Ele fizera firme propósito de
que nunca mais trabalharia. Mas lá se achava, no bloco para ser leiloado. Os
leiloeiros começaram a gritar seus lances, e Joe começou a murmurar e depois em
voz cada vez mais alta: "Não farei nada. Não farei nada."
Sua voz foi ouvida. Um a um, terminaram os lances. Um
homem, porém, ainda ofereceu boa soma de dinheiro por aquele escravo
determinado a não trabalhar mais.
O novo senhor tomou Joe em sua carruagem e rumou para
a roça. Afinal desceram por um caminho à margem de um lago. Lá, à beira do
lago, estava uma cabana enfeitada com cortinas e flores à entrada. Joe jamais
vira algo semelhante.
– É aqui que vou morar? – Joe perguntou.
– Sim.
– Mas não vou trabalhar.
– Joe, você não terá de trabalhar. Comprei-o para você
ser livre.
(A melhor parte da história virá ainda.)
Joe caiu aos pés de seu benfeitor, dizendo:
"Senhor, serei seu servo para sempre."
Veja um grupo de pecadores. Eles têm sido escravos do
pecado, da dor e da morte. E dizem: "Não faremos nada – não podemos!"
Você já tentou isso? Já tentou produzir obras de justiça? E impossível. Você
não pode.
Mas Jesus diz: "Você nada tem de fazer; Eu o
comprei para deixá-lo livre, e quero viver minha vida em você."
Compreendo que Jesus tem algumas mansões à beira de um
lago semelhante a um mar de vidro. Há caminhos pavimentados de pedras, e
cortinas, e flores que jamais murcharão. Ele nos oferece tudo isso porque nos
ama. Assim é Ele. Ao entendermos esse intercâmbio e aceitá-Lo de todo o
coração, serviremos a Deus com alegria e para sempre.
Que passos devo dar para ir a
Cristo?
Como posso saber que estou salvo?
Como posso manter um
relacionamento pessoal com um Deus que não posso ver nem ouvir?
E
|
ra
um velho de cabelos grisalhos, lindas rugas e mãos trementes, e já passara dos
setenta. Encontrei-o apenas uma vez, mas jamais o esqueci. Foi num acampamento
de verão, à moda antiga, na tenda principal, logo após o sermão da manhã. O
pastor que presidia a plataforma pediu aos pastores presentes que cada um deles
dirigisse um grupo do auditório numa rápida reunião após o culto, a fim de
tecerem comentários e fazerem perguntas sobre o tema apresentado. Esse senhor
ficou no meu grupo. Ele pôs-se em pé, com lágrimas nos olhos, e disse:
"Por muito tempo Deus tem procurado alcançar-me, e afinal o
conseguiu." E sentou-se.
Não me recordo do que outros disseram naquele dia, mas
ainda me lembro das palavras desse homem. Quão maravilhoso, e quão trágico.
Maravilhoso porque finalmente Deus ganhara a batalha naquele coração – mas
trágico porque o homem esperara tanto tempo.
Ana Whitall Smith conta-nos a experiência de um senhor
que aceitou a Cristo, e ela ressalta o que aconteceu quando ele afinal chegou a
compreender qual a sua parte e qual a parte de Deus. Bem, os cristãos têm com
freqüência debatido essa questão, salientando a parte de Deus e a do homem ao
vir a Cristo e continuar a vida cristã. Perguntaram, pois, imediatamente àquele
ancião: "Qual é exatamente a sua parte, e qual a de Deus?"
E ele respondeu: "Minha parte é correr, e a de
Deus é apanhar-me!"
Em S. João 6:44, Jesus diz: "Ninguém pode vir a
Mim se o Pai que Me enviou não o trouxer." A salvação constitui iniciativa
de Deus, e não do homem. Jeremias 31:3 diz: "Com amor eterno Eu te amei,
por isso com benignidade te atrai." E a benignidade de Deus se estende a
cada pessoa. Não são
alguns destinados para serem salvos, e outros designados para as chamas do inferno. Todos são atraídos por
Deus. Somente aqueles que persistentemente rejeitam a esse amorável poder de
atração não irão a Ele para serem salvos.
Todavia, ao sermos atraídos para Cristo, cumpre-nos
dar alguns passos. Quais são? Em primeiro lugar, vem o desejo de algo melhor.
Segundo, vem o reconhecimento do que é o melhor. Em terceiro, a convicção de
que somos pecadores. Quarto, chegamos a compreender que somos incapazes de
fazer qualquer coisa quanto à nossa condição. E, finalmente, cedemos – ou
desistimos, como se diz nos círculos cristãos, nos rendemos. Desistimos de
julgar-nos capazes de salvar-nos a nós mesmos, e então vamos a Cristo
justamente como somos.
Consideremos mais detalhadamente
esses cinco passos, ao procurarmos compreender o processo pelo qual passa cada
pessoa que vai a Cristo.
O Desejo de Algo Melhor
No capitulo 4 de S. João é relatada a história de uma
mulher que foi ter com Jesus. Note os primeiros passos que ela deu.
Comece com os versos 5 e 6: "Chegou [Jesus],
pois, a uma cidade samaritana chamada Sicar, perto das terras que Jacó dera a
seu filho José. Estava ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, assentara-Se
Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta'' (ou meio-dia).
Aqui você se depara com um enigma. Jesus é o Criador.
E Deus. Foi Ele quem criou os sóis, as estrelas, os sistemas solares. Tudo foi
criado por Ele (S. João 1:3). Todavia Ele aceitara o fardo da humanidade e ali
estava evidentemente mais cansado do que Seus discípulos, que foram a Sicar
comprar alimento. Fatigado demais para prosseguir, sentou-Se à beira do poço
enquanto aguardava o retorno deles. Você é capaz de contemplá-Lo ali?
A história prossegue no verso 7 de S. João 4:
"Nisto veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-Me de
beber."
Vemos aqui o Mestre agindo, atraindo uma alma para
Ele. Não a abarrota com Sua religião, mas lhe pede um favor. Confiança gera
confiança.
"Então disse a mulher samaritana: Como, sendo Tu
judeu, pedes de beber a mim que sou mulher samaritana (porque os judeus não se
dão com os samaritanos)?
"Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o dom de Deus
e quem é o que te pede: Dá-Me de beber, tu lhe pedirias e Ele te daria água
viva.
"Respondeu-Lhe ela: Senhor, Tu não tens com que a
tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És Tu, porventura, maior
do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, e, bem
assim, seus filhos e seu gado?
"Afirmou-lhe Jesus: Quem beber desta água tornará
a ter sede; aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá
sede, para sempre; pelo contrário, a água que Eu lhe der será nele uma fonte a
jorrar para a vida eterna.
"Disse-Lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água
para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la.
"Acudiu-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e vem
cá; ao que Lhe respondeu a mulher: Não tenho marido.
"Replicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido;
porque cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu marido; isto
disseste com verdade." Versos 9-18.
Obviamente, essa mulher tinha desejo de algo melhor.
Viera tirar água. Evidentemente ela era uma prostituta de um lugarejo próximo,
pois viera numa hora em que nenhuma das outras mulheres da cidade vinham. Viera
também a um poço que ficava fora da cidade. Ela sentia-se cansada dos olhares e
das línguas maldizentes. Viera sozinha ao poço, para fugir à condenação dos
outros.
Sabemos que ela estava buscando algo melhor que ainda
não encontrara. Fora casada, mas o primeiro marido não foi o que ela almejava;
assim ela procurou algo melhor num segundo marido. E ainda não satisfeita,
procurou algo melhor num terceiro, num quarto e num quinto. Finalmente,
desiludida com o casamento, decidiu seguir o caminho que muitos seguem hoje,
justamente prosseguir na vida, vivendo com alguém sem assumir um compromisso que não podia cumprir. Vemo-la, pois, aproximando-se do poço, buscando
ainda alguma coisa melhor.
Nunca Satisfeito
Um amigo meu contou-me a respeito de um homem que
começara a fumar. Fumava a marca X porque os anúncios diziam que esses cigarros
satisfazem. Ele, porém, não estava satisfeito. Começou fumando um maço por dia,
mas não sendo suficiente, passou a fumar dois maços. Não se satisfazendo ainda,
passou a fumar três. Nunca satisfeito.
Neste mundo todos estão buscando algo melhor. Meninos
e meninas procuram uma bicicleta melhor ou uma bola melhor. Os jovens buscam
maior aceitação,
melhores amigos, mais divertimento. Os
adultos buscam sucesso, prazer ou posses materiais. No entanto, mesmo as coisas
que expressam desejos legítimos podem representar o íntimo clamor de alguém
cujo vácuo produzido por Deus em sua vida só pode ser preenchido pelo próprio
Deus.
Há alpinistas que escalam montanhas simplesmente
porque elas estão lá. Eles continuam em busca de maiores alturas, maiores
riscos. A ambição nos
esportes, nos negócios, nos prazeres legítimos, pode traduzir o clamor do coração por algo melhor, o irreconhecido
anseio por Deus.
Mas, separado de Deus, jamais será satisfeito esse
desejo de algo melhor. A pessoa que busca felicidade no mundo descobre que o
prazer dos divertimentos mundanos, afinal, não perdura; por isso, ela tem que
estar sempre à procura de algo novo.
Como Jesus disse à mulher de Samaria (S. João 4:13):
"Quem beber desta água tornará a ter sede'', todos os nossos esforços no
sentido de encontrar algo melhor separados de Deus, serão em vão porque,
reconheçamos ou não, nosso desejo é para Ele.
Em cada trecho do caminho para Cristo, há desvios que
nos impedem de chegar a Ele. Procuramos satisfazer nosso anseio de algo melhor,
buscando algo diferente. Você pode constatar isto na história da mulher de
Samaria. Ela procurou satisfazer o seu anseio nas múltiplas relações humanas.
Mas apesar de suas múltiplas e diferentes tentativas, o seu desejo não foi
satisfeito.
Jesus disse: "Quem beber desta água tornará a ter
sede; aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede,
para sempre." A maioria de nós, para chegar a Deus, toma o longo caminho
pleno de dificuldades e sofrimento, dos corações dilacerados. E quando falha
tudo que pensávamos que queríamos, e chegamos afinal a esgotar nossos próprios
recursos, então erguemos o olhar e exclamamos: ''Está bem, Senhor. Finalmente
acho que o que necessito é de Ti."
Existe, porém, um caminho mais curto. Jesus ofereceu-o
à mulher junto ao poço, e encontra-se em S. João 12:32: "E Eu, quando for
levantado da terra, atrairei todos a Mim mesmo." Quando Jesus é erguido,
somos atraídos a Ele. A mulher samaritana não compreendia que Aquele em cuja
presença ela se achava podia satisfazer-lhe todos os anseios. Jesus então deu o
segundo passo, o conhecimento do que é o melhor.
Conhecimento do Plano da Salvação
Considere S. João 4:10: "Replicou-lhe Jesus: Se
conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: Dá-me de beber, tu Lhe
pedirias, e Ele te daria água viva. "
A salvação é um dom de Deus. Provavelmente esta seja
uma das maiores porções do conhecimento do plano da salvação que já pudemos
receber. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito." Cap. 3:16. "Porque o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna." Rom. 6:23. Não podemos adquiri-lo,
não podemos comprá-lo, e jamais merecê-lo. A salvação é um dom. Nada tem a ver
com nosso merecimento.
Considere os meios que usamos para conseguir o que
queremos. A mulher samaritana podia ter sido uma mulher da vida acostumada a
vender o corpo para ganhar o seu sustento e alcançar algo melhor. Também seus
clientes desejavam algo melhor e estavam dispostos a pagar o preço de um amor
sintético a fim de satisfazer os seus desejos.
Muitos hoje usam métodos semelhantes a fim de comprar
amor e aceitação. Muitos hoje procuram comprar o amor de Deus, e ser aceitos
por Ele, tornando-se assim fornicários no sentido espiritual. Mas Jesus vem e
diz que o prazer maior, a mais duradoura felicidade, adquire-se de graça. Hoje
Ele nos fala como falou à mulher junto ao poço: "Se conheceras o dom de
Deus..." Se você apenas conhecesse.
O desvio para este passo consiste em substituir um
conhecimento acerca de religião para um conhecimento pessoal das coisas
espirituais e do plano da salvação. Quando Jesus levou a samaritana a conhecer
o dom gratuito da salvação, e a saber que Ele lhe conhecia o coração, ela
procurou mudar de assunto. Começou uma discussão a respeito de qual seria o
melhor lugar para adorar a Deus. Jerusalém ou Samaria? Ela queria esquivar-se
às perguntas de Jesus. Ele, porém, foi paciente com ela, como o é conosco.
Pense em tantas vezes que temos mudado o rumo e uma conversa quando nos
sentimos demasiadamente pressionados. Mas o Espírito Santo não nos abandona, e
Jesus ali está, à sombra, esperando que paremos de correr. A água da vida ainda
está sendo oferecida gratuitamente hoje.
Às vezes nosso conhecimento de Deus é limitado, como o
era o da mulher samaritana. No verso 25 de S. João 4, ela diz: Sabemos que o
Messias vem. Há pessoas hoje que crescem sabendo isso. É difícil encontrar-nos
em algum lugar em nossa sociedade atual, sem ouvirmos a respeito da segunda
vinda de Cristo. No entanto, é possível ouvir acerca da Segunda Vinda e ver os
sinais de sua proximidade, e mesmo crer que ela ocorrerá um dia, e ainda
não estar bebendo do poço da água da vida que Cristo oferece.
Contudo, podemos sentir-nos gratos pelo conhecimento
que temos de Deus. Pequeno conhecimento dEle é melhor que nenhum. Graças a Deus
pelo que, como meninos e meninas, temos aprendido a respeito de Seu amor. Seja
qual for nosso conhecimento de Deus, o Espírito Santo pode usá-lo para
levar-nos a um relacionamento mais íntimo com o Senhor Jesus.
Convicção
O terceiro passo para irmos a Cristo é a convicção de
que somos pecadores. Chegamos a compreender que, tenhamos ou não feito coisas
erradas, nós somos pecadores. Porventura há alguém que jamais cometeu algum
erro? Se há, tal pessoa ainda é pecadora porque ninguém tem de pecar para ser
pecador. Basta que haja nascido para ser pecador. Como vimos no PRIMEIRO DIA,
nascemos pecadores, e Jesus afirmou que para vermos o reino de Deus temos de
nascer de novo. Portanto, deve ter havido algo errado com o nosso primeiro
nascimento.
Muitos hesitam em dar esse terceiro passo, dizendo:
''Sou tão bom como os outros; tão bom como alguns que eu conheço e dizem ser
cristãos." Caem na armadilha de comparar-se uns com os outros. Há muitos
desvios aqui. Alguém pode pensar que não somos realmente pecadores e que,
basicamente, somos boas pessoas. Denominações inteiras hoje se baseiam na
premissa de que as pessoas no fundo são boas, e tudo o que é necessário fazer é
desenvolver o bem que se acha nelas.
A Bíblia, porém, afirma em Rom.
3:10-12, que "não há nenhum justo, nem um sequer". Um dos passos para
irmos a Cristo é estar dispostos a admitir isso, pois somente os pecadores
necessitam de um Salvador.
Nada há que opere numa pessoa a convicção real de que
é pecadora, como o olhar para Jesus e a cruz. Certa vez vi um homem muito,
muito alto, com a compleição de jogador de futebol e usava uma camiseta típica.
Quando pela primeira vez o vi a distância, não parecia tão alto, talvez de
minha altura. Mas, ao aproximar-me dele, senti-me um anão.
Quando você espiritualmente vê Jesus a distância, e
não se aproxima dEle, pode parecer que Ele não seja tão alto – talvez seja como
você. Mas ao aproximar-se mais e mais dEle, você verá que Ele assoma como uma
montanha cujo pico nevado imerge no azul do céu, e você se sente como um brejo
na base da montanha. Foi isso que aconteceu com o apóstolo Paulo. Ele se
julgava muito bom até que teve um vislumbre de Jesus. Você pode ler isto em
Filipenses 3. Tendo visto a Jesus e dEle se aproximado, então tudo que antes
ele considerava bom, agora contava como refugo. É, pois, olhando para Jesus que
chegamos a compreender nossa condição de pecadores.
Sentir-se Desvalido
O quarto passo é o mais difícil porque algo no coração
humano impede-nos de reconhecer que somos desvalidos. Ocasionalmente tenho
pedido a meus alunos, ao estudarmos esses passos para ir a Cristo, que
anonimamente respondessem a um questionário indicando em que passos se
encontravam então. Em sua maioria colocavam-se justamente aqui – reconheciam-se
pecadores, mas ainda não haviam admitido ser impotentes para fazer algo por si
mesmos.
O desvio tomado por muitos neste ponto é pensar que se
tentarem com mais força e por mais tempo, poderão tornar-se melhores. Mas em S.
João 15:5 Jesus diz: "Sem Mim nada podeis fazer." E Jeremias lança a
pergunta: "Pode acaso o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas
manchas? Então poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal."
Jer. 13:23.
Após uma reunião em certa cidade, a respeito de nossa
invalidez, conversei com um médico, e ele me disse o seguinte: "Ninguém
vai aceitar sua mensagem! No colégio, fui o primeiro da classe. Na faculdade de
medicina alcancei o terceiro lugar. Tenho uma bela família. Tenho uma casa na
cidade e outra no campo. Tenho um iate no cais e dois carros último tipo na
garagem. Não me venha dizer que sou um desvalido."
Ele esquecera quem conservava o seu coração pulsando.
Isso, porém, não é o principal. Há muita gente que, como esse médico, pode
alcançar muito sucesso no mundo, separada de Deus, enquanto Este lhes mantém o
coração batendo. Mas o ponto principal é que somos impotentes para, separados
de Deus, produzir genuína bondade ou justiça. Isto não acontece até que a
pessoa chegue a compreender que nada pode fazer para salvar-se espiritualmente,
nem para livrar-se dos atuais pecados, erros e falhas, e até que esteja pronto
a dar o passo seguinte para ir a Cristo. Ninguém jamais irá a Jesus até que
tenha admitido seu fracasso e concluído que é incapaz de salvar-se a si mesmo.
Entrega
A palavra entrega significa ''dar-se por
vencido". Para isso, abandonamos o quê? A nós mesmos! Desistimos da idéia de que podemos fazer alguma coisa para melhorar nossa condição –
podemos apenas ir a Cristo tais quais somos. E Cristo almeja que vamos a Ele
justamente como somos. De fato, este é o único meio pelo qual podemos ir a Ele.
Através de nossos próprios esforços, jamais nos tornaremos pessoas melhores.
Devemos ir ter com Ele Justamente como somos.
O desvio que muita gente toma aqui é procurar
abandonar coisas em vez do eu. Procuramos deixar o fumo, a bebida
alcoólica, o jogo. Pensamos que a vida cristã se baseia em quantas coisas
alguém pode abandonar. Se a entrega significa desistir da idéia de que nada
podemos fazer separados de Cristo, então para os fortes o abandono de coisas
pode tornar-se um desvio para o abandono do próprio eu.
Conta-se a história de um homem que tinha um carro
cuja buzina não funcionava. Levou-o então à oficina para o devido reparo.
Chovia, e quando ele se aproximou da entrada da oficina, viu que a porta estava
fechada, com o seguinte anúncio: "Para ser atendido, buzine." Muitas
vezes nos encontramos em semelhante dilema ao procurar entregar-nos a Cristo.
Importante verdade acerca da entrega total é que não se trata de algo que nós podemos fazer! Isto pode
representar uma brecha importante para a
pessoa que está procurando em vão entregar-se. Esse termo significa
"dar-se por vencido". E se, para irmos a Cristo, é necessário que
esgotemos nossos próprios recursos, então essa incapacidade teria de incluir,
também, a de nos rendermos a Ele! Se me fosse possível render-me por mim mesmo,
eu não teria de abandonar meu próprio eu – haveria ainda algo que eu poderia
fazer.
Mas a entrega não é algo que fazemos, embora o
façamos! Que quer dizer isso? Que somente Deus pode levar-nos a render-nos a
Ele. Não podemos fazê-lo mesmo no devido tempo. Ninguém pode esvaziar-se do
próprio eu. Somente Cristo pode realizar essa obra. Cabe-nos apenas consentir,
e ao prosseguirmos nesse estudo, veremos melhor como podemos consentir.
Se você deseja suicidar-se, há muitas maneiras de
fazê-lo. Pode apanhar uma arma e dispará-la na cabeça. Pode lançar-se de um
edifício ou de uma ponte. Pode tomar uma dose exorbitante de uma droga letal.
Há, porém, um meio pelo qual você nunca poderá matar-se. Você não pode crucificar
a si mesmo. Não é possível. Se você tem de ser crucificado, outra pessoa deverá
fazê-lo para você.
Nas Escrituras a cruz é usada como símbolo de
rendição, morte para o eu. Jesus referiu-Se a nossa cruz, convidando-nos a
tomá-la e segui-Lo (S. Mat. 16:24). Ele usa a cruz, a crucifixão, como símbolo
para ensinar-nos que não podemos entregar-nos por nós mesmos; devemos permitir
que Deus realize a obra por nós. E Ele está desejoso e é capaz de levar-nos a
uma entrega total se tão-somente permitirmos que o faça.
A Iniciativa é de Deus
O anseio por algo melhor vem de Deus. É o Seu poder de
atração que desperta nossa desejo de alcançar algo mais do que já temos. É obra
do Espírito Santo convencer-nos de que somos pecadores: Ele ''convencerá o
mundo do pecado'' (S. João 16:8). É Sua obra fazer-nos reconhecer nossa
invalidez, pois Jesus disse: "Sem Mim nada podeis fazer.'' S. João 15:5. É
Sua obra levar-nos a fazer uma entrega total, embora sejamos nós que nos
entregamos.
Dos cinco passos, há apenas um no qual participamos deliberadamente: adquirir
conhecimento do plano da salvação. Embora aqui também a iniciativa seja de Cristo, podemos responder-Lhe escolhendo
buscá-Lo e procurando conhecê-Lo. É assim que você consente – colocando-se em
condições nas quais Ele possa operar. Seja na igreja, em reuniões públicas, ou
em particular diante da Palavra de Deus aberta, ou talvez ao ler esse livro, se
você fizer uma única tentativa de responder à atração de Jesus e de Seu
Espírito, a fim de obter melhor conhecimento do plano da salvação, Ele fará o
resto.
Jesus ainda está pronto hoje a aceitar a qualquer
pessoa que vá ter com Ele. ''Vinde a Mim todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.'' S. Mat. 11:28. Não importa onde você
esteja, quem você seja ou o que tenha sido no passado, Jesus lhe oferece Sua
paz. Se você jamais foi a Ele, poderá ir agora mesmo.
Passos em Direção a Cristo
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CONHECIMENTO
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DESEJO

Talvez você tenha verificado em que degrau que conduz
a Cristo você se encontra. Sente um desejo por algo melhor? Compreende que Deus
é amor e que Jesus morreu por você? Sente que você é pecador? Sente que nada
pode fazer quanto a isso? E chegou a convencer-se de que jamais poderá fazê-lo?
Então vá a Jesus, justamente como está, porque esses são os passos que levam a
Ele. Deus o está atraindo para Ele, e você pode responder positivamente cada
dia até Jesus voltar.
Conversão – o Novo Nascimento
Tendo dado esses passos rumo a Cristo, inclusive total
entrega a Ele, a pessoa nasce de novo, ou é convertida. Que é conversão? Deve
ser um passo muito importante, pois Jesus disse que ninguém verá o reino de
Deus a menos que nasça de novo (S. João 3:5). Outra forma de expressar isso é
que se você não nascer de novo, não poderá sequer compreender a graça divina em
sua plenitude, ou o que significam a cruz e a salvação. Antes de alguém
considerar importante seu relacionamento com Deus, para conhecê-Lo, é essencial
o novo nascimento. Visto que o conhecimento de Deus é a base completa da vida
cristã, se alguém ainda não nasceu de novo vai ter muita dificuldade em tentar
vivê-la.
A conversão é uma obra sobrenatural do Espírito Santo
no coração humano, conforme S. João 3. É produzida uma mudança de atitude para
com Deus. Em vez de fugir dEle, você agora se volta para Ele. Cria-se nova
capacidade de conhecer a Deus, como nunca se obteve antes. E então, pela
primeira vez, dá-se valor ao estudo da Bíblia e à oração. Creio que ninguém
começa um significativo relacionamento com Deus até que esteja convertido; e
aquele que busca uma relação significativa com Ele antes da conversão,
encontrará duas alternativas: ou será genuinamente convertido, ou se sentirá
frustrado e desistirá de uma vez. Uma das duas. E o que faz a diferença é o
senso de necessidade. Somente aquele que compreende sua profunda necessidade
estará disposto a ir a Cristo, repudiando a si mesmo e a seus próprios esforços
para obter a salvação.
A conversão é o começo de uma vida nova. É mudança de
direção. Não é completa e imediata mudança de comportamento. O novo nascimento
produz uma mudança no estilo de vida. Contudo, parece-se com o nascimento físico em que ambos
constituem o início do crescimento. Não
nascemos cristãos espiritualmente maduros, assim como não nascemos fisicamente
amadurecidos. Existe um processo. Leva tempo para desenvolver na vida os frutos
do Espírito – amor, alegria, paz, longanimidade, assim por diante – como se
acham enumerados em Gálatas 5. É, porém, o começo. Ao continuarmos buscando a
Deus, crescerá nossa confiança nEle e, pela contemplação, seremos transformados
à Sua imagem.
"Como Posso Saber Se Nasci de Novo?"
Esta é uma pergunta freqüente: ''Como posso saber se
nasci de novo?'' Apresentamos a seguir sete pontos que poderão ajudar-nos a
respondê-la.
1. Para a pessoa nascida de novo Jesus Se torna o
centro e foco de sua vida. "Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que
não tem o Filho de Deus não tem a vida." I S. João 5:12. Que significa ter
o Filho? Bem, que significa ter um amigo, ou esposo, ou esposa? Quer dizer
simplesmente que é mantido um relacionamento com ele ou ela. Os cristãos da
igreja primitiva que experimentaram uma relação pessoal com o Filho de Deus não
podiam calar-se a esse respeito. Gostavam muitíssimo de pensar em Jesus, e de
falar sobre Ele. E finalmente o povo disse: "Vamos chamá-los cristãos, porque o único assunto deles
é Cristo."
2. A pessoa nascida de novo tem profundo interesse no
estudo da Bíblia. Em I S. Pedro 2:2 o apóstolo descreve isto como desejando
ardentemente o genuíno leite espiritual. O estudo da Bíblia é muito importante
para o cristão convertido.
3. Aquele que nasceu de novo considerará muito
importante sua vida de oração. Poderá sentir que não está orando na maneira
devida e eficaz, mas persistirá orando até descobrir que conversar com Deus é
parte vital do relacionamento que leva a conhecê-Lo (Veja S. João 17:3).
4. O cristão nascido de novo busca uma diária
experiência com Cristo. S. Lucas 9:23: "Se alguém quer vir após Mim, a si
mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-Me."
5. A pessoa nascida de novo admitirá que é pecador.
Não sai por aí gloriando-se de que não peca mais. Paulo, um dos maiores
cristãos que já passaram por este mundo, disse: "Cristo Jesus veio ao
mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal." I Tim.
1:15. Quer isto dizer que ele vivia pecando? Não, porque muitas vezes ele se
refere a si mesmo como mais do que vencedor por meio de Cristo (Rom. 8:37). Mas
ele se referia ao fato de que, separados de Deus, somos pecadores por natureza,
e que somente pela graça de Cristo podemos ter a vitória. Sou grato pela
possibilidade de ser um pecador salvo. E, porém, importante compreender que
continuaremos a ser pecadores por natureza até Jesus voltar (I S. João 1:8).
6. Um dos primeiros sintomas do novo nascimento é a
paz interior. Romanos 5:1: "Justificados, pois, mediante a fé, tenhamos paz com Deus''. É possível enfrentar toda sorte de lutas, provas e
tumultos exteriores, e ainda ter paz interior. Você ainda não descobriu isto?
Essa paz íntima constitui um dos primeiros frutos do Espírito – amor, alegria,
paz.
7. Finalmente, a pessoa nascida de novo terá o desejo
de contar a alguém que maravilhoso amigo encontrou em Jesus. Ao endemoninhado a
quem havia curado, Jesus ordenou: ''Vai para tua casa, para os teus.
Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez." S. Mar. 5:19. Existe o desejo de
levar a outros as boas novas, embora seja possível ao cristão convertido
recusar-se a partilhar com os semelhantes o amor de Cristo (e isto resulta em
perder o desejo de partilhar). Sobre isso falaremos mais no Terceiro Dia.
A Certeza da Salvação
Qual é a base da salvação? Volvamos a Efés. 2:8 e 9:
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é
dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.''
Eu gostaria de lembrar aqui que em nenhuma parte das
Escrituras é-nos dito que a salvação vem unicamente pela graça. É sempre pela
graça, mediante a fé. Se isto não fosse verdade, então todos no mundo
seriam salvos, mas sabemos que isto jamais ocorrerá. Jesus disse: "Entrai
pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a
perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e
apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com
ela." S. Mat. 7:13 e 14. Por conseguinte, embora a graça de Deus seja
suficiente para todos, não o é para alguém até que a aceite. E a aceitamos pela
fé.
Ao usar a palavra fé, você está introduzindo um
componente de relacionamento. Embora seja a graça um dom de Deus, ela deve ser
recebida por nós. E ninguém pode ser salvo a menos que aceite o dom provido por
Deus. Fé requer relacionamento, confiança mútua. É possível aceitar alguém
hoje, e rejeitá-lo amanhã. E possível casar-se hoje e, dez anos mais tarde,
romper o casamento. Igualmente, é possível aceitar a graça de Deus e mais tarde
rejeitá-la. A fim de nos mantermos seguros da salvação, devemos aceitar a graça
divina numa base contínua (S. Mat. 24:13).
Isto nos conduz a um dos principais textos que nos
dizem como podemos ter certeza da vida eterna. S. João 17:3: "E a vida
eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo,
a quem enviaste. " A salvação implica algo mais do que aceitar a Deus uma
vez. É continuar aceitando-O hoje, amanhã, na próxima semana, e todos os dias
até que Ele volte. Portanto, a vida eterna, inclusive nossa esperança de
alcançá-la, baseia-se totalmente na graça divina, e esta deve ser aceita em
base contínua. E é nisto que consiste conhecer a Deus.
Assim, havendo dado os passos para ir a Cristo,
esgotado nossos próprios recursos e aceitado a Cristo como nosso Salvador
pessoal, nascemos de novo. Se continuo no mesmo relacionamento iniciado quando
aceitei a Cristo, meu destino eterno está seguro. Mas se não conheço a Deus como meu Salvador pessoal, dia após
dia, e se não aceito Sua graça
diariamente, então o meu relacionamento com Ele corre perigo, justamente como o
entrosamento com um amigo, ou esposo ou esposa, se quebra quando não há mais
comunicação.
Você gostaria de ter hoje certeza da salvação? É
oferecida a todos os que vão a Cristo e continuam indo a Ele. A única pergunta
que você deve fazer a si mesmo é esta: Conheço a Deus? Dedico tempo cada dia
para comunicar-me com Ele mediante Sua palavra e a oração? Estou em boas
relações com Deus? A todos quantos prosseguem buscando essa comunhão pela fé
com Ele é assegurada a vida eterna.
A Receita Espiritual
Eu costumava pensar que para ser cristão bastava
esforçar-me para levar uma vida decente, e se tomasse algum tempo extra para
ler a Bíblia e orar um pouco, agradaria a Deus! Só muito tempo depois descobri
que a comunhão com Deus é a base total da vida cristã. Isto é tudo. Não há
opção. Não se trata de algo que eu possa escolher tomar, ou tirar. E enquanto
não compreender e aceitar esta premissa, não farei tudo que puder, pela graça
divina, para conseguir uma significativa comunicação com Deus.
Não é possível conhecer a Deus e relacionar-se com Ele
sem que você dedique tempo para estarem juntos. É muito simples. Meu pai
costumava contar a história de um homem que treinou seu cavalo para não comer.
Era muito mais econômico. Mas justamente quando ficou treinado, o cavalo
morreu. Este foi, naturalmente, um resultado lógico. Pode ser que, como o
camelo vive de sua reserva, eu consiga viver por algum tempo, mas se não me
alimentar fisicamente, mais cedo ou mais tarde acabarei num montículo à beira
do caminho, e tudo chegará ao fim. Assim a pessoa que experimentou o gozo de ir
a Cristo e tornou-se cristão, pode prosseguir por algum tempo sem tomar tempo
para nutrir a alma, mas um dia acabará num deplorável montículo na calçada.
Ao estudar a vida de Jesus, você descobre que Ele
freqüentemente estava em comunhão com o Pai. As primeiras horas da manhã ou da
noite, Ele as passava em oração a fim de receber poder para realizar Sua obra.
Se Lhe era necessário fazer isto, quanto mais devemos nós passar mais tempo com
Deus.
Quando Deus criou este mundo, mesmo antes da entrada
do pecado, Ele separou um dia dos sete para especial comunhão com Seu povo. Há
uma rica bênção espiritual para aqueles que, pondo de lado suas atividades
seculares usam esse tempo para achegar-se mais a seu Amigo e Criador.
Em S. João 6, Jesus apresenta-nos a analogia entre a
vida espiritual e a vida física. Assim como é insuficiente comer apenas uma vez
por semana, não importa quão nutritivo possa ser o alimento, também não podemos
esperar ter saúde espiritual alimentando-nos espiritualmente só uma vez por
semana.
Desejo dar-lhe uma receita espiritual uma receita para uma radiante vida
espiritual. É a seguinte: "Dedique tempo, a sós, no começo de cada dia,
para buscar a Jesus mediante o estudo da Bíblia e a oração." Vamos
recapitular e considerar mais detidamente cada um destes pontos.
Dedique Tempo
Aprendemos que a salvação vem pela graça mediante a
fé. Que é fé? Fé é confiança em Deus. Fé é confiança em outra pessoa. Por um
momento pense em como você aprendeu a confiar em alguém neste mundo. Para
confiar em alguém, você precisa de duas coisas: Primeiro, você precisa de
alguém digno de confiança. Segundo, você precisa relacionar-se com essa pessoa.
Daí você confiará nela espontaneamente. Por outro lado, se você conhece alguém
indigno de confiança, você desconfiará dele imediatamente!
Mas a premissa do evangelho é que Deus é totalmente
confiável. Portanto, tudo o que você tem de fazer para aprender a confiar nEle
é buscá-Lo e conhecê-Lo. Como, porém, você conseguirá conhecê-Lo?
Bem, como chegamos a conhecer alguém? Temos de
comunicar-nos com ele. E para comunicar-nos com ele, temos de tomar tempo. É tomando
tempo para comunicar-nos com Deus que adquirimos confiança nEle. Assim, para
"combater o bom combate da fé'' (I Tim. 6:12), devemos envidar esforços
para conhecermos pessoalmente o único que é digno de nossa confiança. É
impossível desenvolver o relacionamento com alguém sem dispor de tempo para a
comunicação mútua.
Tempo.
Desejo afirmar a você que é neste ponto que deve centralizar-se todo
deliberado esforço na vida cristã. Todo. Não dedico parte de meu tempo e
esforço procurando ser bom, e parte dele ao relacionamento com Deus. Ponho todo
meu determinado esforço em conseguir tempo para estar com Deus, e então,
mediante uma experiência de fé e dependência dEle, Ele completa a obra da
salvação em mim.
Quanto tempo? Bem, ler diariamente um trecho bíblico,
com a mão na maçaneta da porta, não será suficiente. Da analogia que Jesus fez
entre o alimento físico e o espiritual, aprendemos que devemos gastar pelo
menos tanto tempo para alimentar nossa vida espiritual quanto o gastamos para
alimentar nossa vida física. E que essa hora ou meia hora de meditação com Deus
seja o tempo mais importante de nosso dia.
"Oh, não tenho tempo", você diz. Se não
tenho tempo para Deus, então não tenho tempo para viver. Acredita nisto? Você
sabe que se tem provado ao público em geral que, para a televisão, o tempo não
é problema. Cumpre-se de modo atual, o velho adágio que diz que você sempre tem
tempo para o que você considera realmente importante. Portanto, tome tempo para
conhecer a Deus.
Tome Tempo, a Sós
Talvez você já tenha escutado a história do homem que
vivia constantemente preocupado. Os amigos começaram a temer que, devido a
tanta preocupação, ele baixasse logo à sepultura. Começaram a ficar preocupados
acerca da preocupação daquele homem!
Mas um dia um amigo o encontrou na rua e percebeu-lhe
uma expressão totalmente diferente no semblante. Estava calmo, em paz. Então
lhe perguntou:
– Que aconteceu? Você parece diferente!
– Afinal encontrei uma solução para minha ansiedade –
respondeu o homem.
– Que maravilha! Qual é?
– Pago alguém para que se preocupe por mim.
– Jamais ouvi tal coisa. Quanto você paga? disse o
amigo.
– Quatrocentos dólares por mês.
– Quatrocentos dólares! – exclamou o amigo.
– Impossível! Como você pode pagar-lhe isso?
– Não sei – respondeu o homem. – Isto é a primeira
coisa com que ele tem de preocupar-se.
Parece ridículo supor que você pudesse alugar alguém
para ficar preocupado em seu lugar. Seria ridículo imaginar que você pudesse
pagar alguém para comer por você. Todavia no reino espiritual tem-se
freqüentemente aceitado a prática de pessoas dependerem de outrem para estudar,
orar e buscar a Deus por elas.
A Bíblia nos ensina que cada um deve buscar a Deus por
si. Vejamos antes de tudo S. João 1:43-45: ''No dia imediato, resolveu Jesus
partir para a Galiléia, e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-Me. Ora
Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Filipe encontrou a Natanael
e disse-lhe: Achamos Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se
referiram os profetas, Jesus, o Nazareno, filho de José."
Ora, justamente ali Filipe estava demonstrando um
pouquinho de imaturidade ou falta de percepção, não é mesmo? Ele devia ter
dito: "Jesus do Céu, o Filho de Deus." "Perguntou-lhe Natanael:
De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê."
Verso 46. Eis a frase: "Vem e vê". Qualquer erro que Filipe cometera
antes, isto o compensou.
Você jamais falhará se você for e vir por você mesmo.
Natanael foi e viu por si mesmo, e tornou-se leal seguidor do Senhor Jesus.
Neste mesmo capítulo, já estudamos a história da mulher samaritana que teve um encontro com Jesus junto a um poço.
Vejamos S. João 4:28-30: "Quanto à mulher, deixou
seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde comigo, e vede um homem
que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo? Saíram,
pois, da cidade e vieram ter com Ele."
Leiamos agora o verso 39: ''Muitos samaritanos daquela
cidade creram nEle, em virtude do testemunho da mulher, que anunciara: Ele me
disse tudo quanto tenho feito."
Freqüentemente as pessoas se impressionam com coisas
sensacionais, espetaculares. Por isso muitos creram devido ao testemunho da
mulher. E quanto ao que sabemos a seu respeito, ela não era provavelmente
pessoa digna de crédito. Alguns, porém, acreditaram por uma razão superior.
Atente para o resto da história: "Vindo, pois, os
samaritanos ter com Jesus, pediam-Lhe que permanecesse com eles; e ficou ali
dois dias. Muitos outros creram nEle, por causa de Sua palavra, e diziam à mulher:
Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos
ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo." Versos
40-42.
Acha-se registrado em Atos 17:11 que as pessoas de
Beréia eram mais nobres do que as de Tessalônica porque estudavam as Escrituras
para descobrir por si mesmas "se as coisas eram de fato assim''. E em II
Tim. 2:15, Paulo recomenda a Timóteo: "Procura apresentar-te a Deus,
aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade.'' Devemos levar muito a sério nosso relacionamento com
Deus.
Tempo a sós. Devemos estudar a Palavra por nós
mesmos e orar a sós. Somente então o culto familiar e o culto público
adquirirão significado. Separada da vida devocional particular de cada
indivíduo, a adoração pública tornar-se-á mera formalidade ou rotina. É quando
mantemos um relacionamento mútuo com Deus, que chegamos a conhecê-Lo por nós
mesmos.
No Começo...
No Salmo 5:1-3, lemos: "Dá ouvidos, Senhor, às
minhas palavras e acode ao meu gemido. Escuta, Rei meu e Deus meu, a minha voz
que clama, pois a Ti é que imploro. De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de
manhã Te apresento a minha oração e fico esperando."
Outro texto clássico sobre este assunto encontra-se em
Isa. 50:4: "O Senhor me deu língua de eruditos, para que eu saiba dizer
boa palavra ao cansado. Ele me desperta todas as manhãs, desperta-me o ouvido
para que eu ouça como os eruditos."
Muitas passagens em Isaías, incluindo este verso,
referem-se a Jesus. Muitas vezes é registrado o exemplo de Jesus orando, como
em S. Mar. 1:35: ''Tendo-Se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar
deserto, e ali orava." Daniel orava três vezes por dia: de manhã, ao
meio-dia e à noite (Dan. 6:10). Somos convidados a seguir os exemplos
registrados para nosso benefício (Ver II Tim. 3:16).
Se quero comunicar-me com Deus, ser sensível à Sua
direção, depender de Seu poder e não do meu próprio, e se isto é uma questão
diária, então não é demasiado tarde pedir Sua direção para o dia justamente
antes de me deitar à noite? Se a religião é algo para cada dia, é bastante
óbvio que necessitamos de poder. Coisa ridícula você preencher um cheque se
você não tem dinheiro no banco. Em Hebreus 4 lemos que Jesus é fiel Sumo
Sacerdote, "tentado em todas as coisas, à nossa semelhança" (verso
15). E continua: "Acheguemo-nos,
portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna." Verso 16. Note a seqüência. Durante nosso tempo com
Deus de manhã recebemos dEle poder para que durante o dia tenhamos provisão
suficiente para suprir nossas necessidades.
Aqueles que têm tido dificuldade quanto à sua vida
devocional e que se têm apoiado nos últimos momentos antes de ir para a cama,
poderão descobrir que um dos maiores auxílios lhes será deixar esses momentos
para a primeira coisa a fazer de manhã. Se tomamos nossa cruz diariamente, é
mais sensato fazê-lo no início do dia.
... De Cada Dia
Uma das importantes razões para fazer do encontro com
Deus a primeira coisa de cada manhã é estabelecer o propósito de firmeza. O
testemunho geral que tenho muitas vezes ouvido é que quando o tempo a sós com
Deus é deixado para o último momento antes de deitar-se, torna-se espasmódico, às
vezes sim, às vezes não. O
objetivo da
comunhão diária com Deus é a comunicação. É desnecessária a pergunta: "Que
acontece se falho um dia?" Esta não é a questão. O importante é o padrão
estabelecido. Se mantiver uma comunicação regular, você terá um relacionamento.
Isto é verdade com outras pessoas, a o é também com Deus. Se sua comunicação é
apenas esporádica, o relacionamento será prejudicado. É possível que apenas por
um dia você se distancie de Jesus, e poderá levar tempo para recobrar a paz que
você perdeu. Dá-se isso porque Deus gosta de brincar de esconde-esconde, ou
talvez para punir você por sua negligência de um dia? Não. Quando, porém,
negligenciamos nossa comunhão pessoal com Deus, há um inimigo que tira o maior
proveito; não é mesmo?
O diabo usará qualquer manobra possível para
separar-nos de Jesus e manter-nos a distância dEle. Veremos mais alguns dos
seus métodos no Terceiro Dia. Quando descuidamos de nossa comunhão pessoal com
Deus, Satanás faz todo o possível para que a separação continue. Nossa única
salvaguarda consiste em dar a Deus a prioridade cada dia, aconteça o que
acontecer. E ao buscá-Lo
cada dia, nossa amizade e companheirismo
com Ele se aprofundarão.
Não somos salvos por nossa vida
devocional. Somos salvos pela nossa aceitação do sacrifício que Cristo fez por
nós na cruz, e por continuarmos aceitando-O diariamente. Visto, porém, que
muitos cristãos permitem que se extinga seu relacionamento com Cristo, sua
segurança também desaparece. Freqüentemente Jesus é pouco conhecido mesmo entre
Seus professos seguidores. Não admira, portanto, que lhes seja difícil confiar
nEle para a salvação. Quando, porém, cada dia dedicamos algum tempo para
meditar sobre o Seu amor, fica muito mais fácil conservar esse amor vivo em
nossa mente e crer na Sua amorosa aceitação.
Buscar a Jesus
João, o amado, andou com Jesus durante três anos.
Sabia o que significava comer com Ele, viajar com Ele, tocá-Lo, ajudá-Lo em
Suas necessidades diárias. E por três anos João discutia com os outros
discípulos acerca de qual deles seria o maior. Por três anos ele era ainda
filho do trovão.
Aqueles que pensavam que pela conversão e por andar
com Jesus, alguém pode ser transformado da noite para o dia (e se isto não
acontece, não houve experiência genuína), fariam melhor em olhar novamente para
João, Pedro e os outros discípulos. Mesmo no cenáculo, na noite anterior à
crucifixão, eles ainda contendiam acerca de qual deles seria o maior. Sabiam
que estavam errados, mas continuavam a discutir, mesmo sentindo-se envergonhados.
Mas Jesus os tratou com bondade e paciência, e mesmo depois de ter voltado para
o Céu, João e os outros continuaram a andar com Ele.
Anos mais tarde João escreveu em sua epístola geral:
"O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os
nossos próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam com
respeito ao Verbo da vida... o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós
outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa
comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo." I S. João 1:1-3. João
disse, anos depois que Jesus retornara ao Céu: ''Temos comunhão com Jesus
Cristo.''
Você também pode ter comunhão com Cristo. Este é o
propósito da vida devocional. E o andar, falar e comungar com Ele visam à comunhão. Em toda a nossa experiência devocional o convite, o
desafio, é ler com o objetivo de nos comunicarmos, de termos comunhão com
Jesus. "Queremos ver a Jesus." S. João 12:21. Ora, se aceitamos isso
como verdade, vai produzir alguma influência no que lemos.
Não faz muito tempo, eu estava lendo o livro de
Juízes. Gosto de ler um pouco do Velho Testamento, junto com o Novo. Na
primeira parte de Juizes li acerca das muitas batalhas e vitórias e conquistas
dos povos de Canaã. Na segunda parte, li sobre os meticulosos limites
estabelecidos. A descrição dos territórios de cada tribo, como as fronteiras da
tribo de Benjamim iam de uma parte a outra, incluindo isto e aquilo. Depois de
ler alguns capítulos achei difícil ver Jesus ali.
Há tempo e propósito para o estudo de cada livro da
Bíblia, mas se o objetivo principal da vida devocional é buscar a Jesus, a que
dedicarei mais tempo? Ao estudo da última parte do livro de Juízes, ou do
Sermão do Monte? É possível que os Dez Mandamentos se tornem uma arma letal nas
mãos de alguém que não sabe sentar-se com Maria aos pés de Jesus e aprender de
Seu amor e bondade. A lei e o evangelho devem andar juntos. É buscando Jesus
onde Ele é mais claramente revelado que gozamos comunhão com Ele e crescemos
mais e mais à Sua semelhança. O propósito da vida devocional é aprender a
conhecê-Lo e a nEle confiar mais plenamente.
Mediante o Estudo da Bíblia
Como estudar a Bíblia a fim de alcançar uma expressiva
vida devocional? Salientemos o fato de que você olha primeiramente para Jesus.
A vida eterna não resulta de simples pesquisa das Escrituras. Leia S. João 5:39
e 40. Os líderes religiosos pesquisavam muito as Escrituras. Mas assim mesmo
rejeitaram a Jesus e recusaram-se ir a Ele. Indo a Jesus temos vida; as Escrituras
são primariamente um meio de chegarmos a Ele.
Havia um fariseu, chamado Nicodemos, que foi ter com
Jesus à noite. Em essência, eis o que ele disse ao Mestre: "O Senhor é um
grande Mestre, e eu não sou tão mau. Pertenço ao Sinédrio. Vamos ter um debate."
Jesus disse: "Você precisa nascer de novo.'' Isto
se encontra no terceiro capítulo de S. João. Visto que não estava ainda
convertido, Nicodemos não podia compreender as coisas do reino de Deus. Em I
Cor. 2:14 lemos: "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem
espiritualmente."
A compreensão das Escrituras depende não tanto do
esforço intelectual empregado na pesquisa, mas do fervente anseio por justiça.
O homem carnal está em inimizade contra Deus. Se ainda não nascemos de novo,
invariavelmente usamos a Palavra de Deus unicamente para informação. É quando
nascemos de novo que somos pela primeira vez capacitados a experimentar a
comunhão com Cristo mediante as Escrituras. E o objetivo principal do estudo da
Bíblia não é informação, mas sim comunicação.
A Bíblia não é fundamentalmente um compêndio de
História. Ao lê-la, coloque-se no quadro. Se você está lendo sobre a mulher
junto ao poço, você é essa mulher. Você é um daqueles que estão buscando
satisfazer os anseios do coração com as coisas do mundo. Você é um dos que
estão procurando algo melhor. E você é um daqueles que afinal se encontram face
a face com o próprio Cristo. Se você lê a respeito da ovelha perdida, você
é a ovelha perdida. Você é um daqueles que o Pastor veio buscar. Você é um dos
que Ele carrega aos ombros para a segurança do aprisco. Ao ler sobre o ladrão
na cruz, você é o ladrão na cruz. Você é aquele que diz: "Jesus,
lembra-Te de mim." S. Luc. 23:42. E a você é dada a resposta:
"Estarás comigo no paraíso.'' Verso 43.
Às vezes as pessoas indagam: "Que devo fazer quando minha mente começa a divagar?'' Bem, permita-me
fazer-lhe uma pergunta: Quando você estava no colégio e tinha que estudar a matéria
maçante, o que você fazia quando sua mente vagueava? Atirava o compêndio na
cesta de lixo e abandonava o colégio? ou você persistia relendo o texto até
compreendê-lo bem?
Se as lições no colégio têm que ver com apenas nossos
setenta anos, e as Escrituras lidam com a eternidade, você não deveria pelo
menos dar à Bíblia o mesmo valor dado aos livros escolares?
O propósito principal do estudo da Bíblia é entrar em
comunhão e companheirismo com Jesus. Quando, ao abrir a Sua Palavra você
suplica a Sua presença, e coloca-se no quadro para compreender o que Ele diz a
você cada dia, então você chega a conhecê-Lo melhor e tem mais confiança nEle.
... e Oração
O que torna a igreja cristã diferente de um clube, ou
associação, ou organização secular, é a oração. É a oração que estabelece a
diferença entre o Cristianismo e as outras religiões do mundo. Sem oração, nada
mais temos senão um Livro de informação e um credo pelo qual viver. Mas o fato
de que podemos realmente falar com Deus, comunicar-nos com Jesus Cristo, faz da
oração a prioridade máxima na vida cristã.
Voltemos a S. Luc. 18:10-14 a fim de fazer melhor
colocação deste assunto e sua importância. "Dois homens subiram ao templo
com o propósito de orar: um fariseu e o outro publicano. O fariseu, pasto em
pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças Te dou porque não
sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como
este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto
ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os
olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; portanto,
todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.''
Um dos primeiros pré-requisitos para uma significativa
vida de oração é a humildade. Somente a pessoa que deu os passos em direção a
Cristo, que foi convencida de que é pecadora e impotente para salvar-se a si
mesma, torna-se humilde e submissa a Cristo. Seria possível a uma pessoa jamais
compreender o mais profundo significado da oração porque nunca foi a Cristo? E
bem possível.
Uma vez, porém, que entendamos que a base completa da
vida cristã é a comunhão com Cristo, e vamos a Ele para sermos salvos, somos
capacitados a orar como convém. Foi quando admitiu sua condição pecaminosa e
foi ter com Deus suplicando misericórdia, que o publicano foi justificado.
Uma das idéias comuns sobre oração é que seu principal
objetivo é conseguir respostas. Eu gostaria de afirmar que, se seu propósito em
orar é obter resposta, não levará muito até que você pare de orar. Ter a vida
eterna significa estar envolvido em conhecer a Deus. Este é o objetivo maior da
oração. E principalmente para comunhão, comunicação – e não para obter
respostas.
Quanto tempo durariam suas relações humanas se seu
único propósito em falar com outros fosse obter respostas, e conseguir deles
alguma coisa? Ora, conversamos com nossos amigos justamente para manter a
amizade. O mesmo deve acontecer quanto à oração. Jesus disse: "Buscai,
pois, em primeiro lugar, o Seu reino e Sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas." S. Mat. 6:33. Isto se refere às necessidades da
vida. Deus conhece nossas carências. A finalidade precípua da oração não é
pormenorizar nossas necessidades para Deus. E desenvolver e manter amizade com
Ele.
Esse assunto, sobre a oração, é inexaurível. Livros
inteiros têm sido escritos a respeito, e têm apenas tocado a superfície. Mas há
outro ponto que eu gostaria de mencionar brevemente agora, isto é, não devemos
ter pressa quando oramos. Muitos, mesmo em períodos devocionais, deixam de
receber a bênção da verdadeira comunhão com Deus. São demais apressados. Com
passos rápidos penetram no círculo da amorável presença de Jesus, demorando-se
talvez alguns momentos no recinto sagrado, mas não esperam os conselhos
divinos. Não têm tempo para demorar-se com o divino Mestre. E voltam ao
trabalho carregando suas cargas. Esses jamais alcançarão maior êxito a menos
que aprendam o segredo da fortaleza. Devem tomar tempo para pensar, orar,
esperar em Deus por uma renovação de suas forças físicas, mentais e
espirituais. Não ficar apenas um momento na presença divina, mas manter contato
pessoal com Deus – eis nossa necessidade.
Orar sem pressa é um dos maiores segredos de ter
comunhão pessoal com Cristo.
A Vida Devocional
Desejo concluir recapitulando brevemente a típica vida
devocional esboçada nesta receita espiritual.
No início do seu dia, na hora propícia de acordo com
suas ocupações, procure algum lugar em que possa estar só. Antes de tudo, faça
uma breve oração suplicando a guia do Espírito Santo, a fim de ser dirigido em
sua comunhão com Deus. Então estude algo sobre a vida de Cristo, focalizando
Jesus, e coloque-se no cenário com Ele. Então você se verá novamente dando os
passos em direção dEle para aquele dia, convencido de que é pecador, impotente
para salvar a você mesmo, e se submeterá ao controle divino.
Depois de meditar no trecho do dia, faça uma oração
mais longa, falando com Deus a respeito do que você leu. Isto reaviva sua hora
diária de oração, e impede que se torne mera rotina, apenas a repetição de
certas frases decoradas.
Após ter falado com Deus a respeito do que você leu,
acrescente os pedidos que você sentir necessários, tanto por você mesmo quanto
por outros. Ao terminar sua oração, faça uma pausa e espere. Continue em
atitude de prece e aguarde para ver se Deus quer comunicar-lhe algo também.
Creio que Deus nos fala através da nossa mente. Às
vezes você terá consciência disso, outras vezes não. Mas se você permanecer de
joelhos e permitir que Deus impressione sua mente, você descobrirá que às vezes
Ele tem mensagens especiais para você, percepções de verdades espirituais, ou
convicções quanto aos planos divinos para você nesse dia.
E se Não Der Resultado?
Freqüentemente tenho ouvido dizer: "Tentei
praticar essa vida devocional, mas não funciona." E tenho respondido:
"Por quanto tempo você experimentou?" "Por três dias."
Ora, não esperamos que nossas relações humanas se
desenvolvam tão rápido! Como podemos esperar que nosso relacionamento com Deus
amadureça em tão curto tempo? A única conclusão a que você pode chegar é que se
você se propuser firmemente de agora em diante a passar cada dia um tempinho a
sós com Deus, e se continuar fazendo isso até Jesus voltar, então você chegará
a conhecê-Lo, e esse conhecimento significa vida eterna.
Você deseja conhecer a Deus? Tome tempo, a sós, no
início de cada dia, para buscar Jesus mediante o estudo da Sua Palavra e a
oração. E você terá comunhão íntima com o melhor Amigo de Sua vida.
O meu relacionamento com Deus
esfriará se deixo de
comunicar-me com Ele por um dia
ou dois?
Como posso ainda ter fé nEle se
tudo vai mal para mim?
E
|
ra
uma vez (você já deve ter uma dica de que história será esta) duas pessoas que
se amavam e decidiram casar-se. O noivo achava sua noiva a mais bela e meiga
criatura que ele já vira; e ela achava seu marido o homem mais fascinante e
bonito do mundo. Como muitos outros, o casamento começou com elevadas
esperanças e grandes expectativas.
Todas as manhãs, ao sair para o trabalho, o marido se
demorava despedindo-se e a esposa ficava à porta acenando, vigiando a saída do
carro, e acenando novamente. Ela não entrava até que o automóvel dobrava a
esquina e se perdia de vista. À tardinha ela a cada instante ia à janela e até
à porta para vê-lo chegar e dar-lhe as boas-vindas. Algum tempo depois, ao sair
para o trabalho, o marido simplesmente tomava algum alimento e saía correndo
pela porta. E às vezes ela ainda ficava na cama. Ao voltar para casa à noite,
ele a encontrava ocupada com tarefas da casa. Então olhava com surpresa para
ele e dizia: "Oh, você já chegou? Daqui a pouquinho terminarei este
serviço e começarei a fazer o jantar." O casamento não foi desfeito mas a
lua-de-mel, sim.
Bem, um dia não muito depois disso, a noiva que agora
era simplesmente uma esposa, achava-se muito ocupada, costurando. Imaginava que
a qualquer momento fosse interrompida, porque já estava anoitecendo. Mas não
foi. Afinal, ela terminou a costura, passou a ferro a camisa que havia feito, e
começou a preparar o jantar. O marido, porém, não chegou. Depois de muito
tempo, ela jantou sozinha, muito preocupada, apenas tocando no alimento. Muito
mais tarde, ela chorando foi dormir no sofá da sala porque ele não voltou ao
lar aquela noite.
Na noite seguinte ele voltou e, ao entrar em casa, a esposa perguntou:
– Onde você esteve?
Ele olhou-a atônito e indagou:
– Que você quer dizer?
– Onde você esteve na noite passada?
Ele mostrou-se mais surpreso.
– Por que você quer saber? Por certo você não espera
que eu volte para casa todas as noites. É a coisa mais ridícula que ouvi
depois de muito tempo. Milhares de casais passam o tempo separados. Sendo
assim, que importa se uma vez ou outra eu não venha para casa? Não precisamos
ser tão rígidos quanto ao nosso casamento. Na noite passada eu simplesmente não
tive vontade de vir. Havia algumas coisas importantes para fazer. Como você
sabe, minha agenda de trabalho é cheíssima. Mas, quase todas as noites volto
para casa; não é suficiente?
– Oh, não, não é! – ela respondeu, disparando a
chorar.
– Olhe aqui – disse ele ternamente – como casado
costumo vir para casa. Você não precisa ficar desolada porque uma noite ou
outra quero entreter-me com outros amigos. Para continuarmos casados, não tenho
que voltar para casa todas as noites. Acho que é muito melhor para nosso
casamento não seguir nenhuma rotina legalista. Você gostaria que eu viesse
todas as noites para casa por mero hábito? Se não entrarmos nessa rotina, nosso
casamento será mais empolgante.
Você Ficou Impressionado?
Se você está curioso quanto ao final desta pequena
parábola, esteja certo
de que eles nunca mais foram felizes! Por quê? Porque o matrimônio implica compromisso. Conquanto haja momentos em que
as emoções estejam no máximo, e outras vezes no mínimo, um bom casamento jamais
deve basear-se nos sentimentos. Baseia-se na dedicação de uma vida inteira a
alguém que você ama e o ama também.
Apresentamos uma receita para um bem-sucedido
relacionamento e comunhão com Deus. Vimos que o fundamento de uma vida
devocional cristã consiste em tomar tempo para a sós, no início de cada dia,
buscar a Jesus através de Sua Palavra e da oração. Como acontece no casamento,
o relacionamento com Cristo envolve dedicação, que nos leva a buscá-Lo
diariamente sejam quais forem nossos sentimentos.
Suponha agora que você assumiu esse compromisso com
Cristo. Suponha que você se propôs a dedicar a primeira parte de seu dia para
conhecer melhor a Deus. Qual será o resultado?
Se fez tal decisão antes de ter nascido de novo, antes
de converter-se haverá possivelmente dois resultados. Primeiro, poderá ser uma
penosa viagem morro acima, pois somente o novo nascimento pode proporcionar
gosto pelas coisas espirituais. É possível, porém, iniciar um relacionamento
com Cristo e descobrir que, ao contemplar Jesus e Seu amor, você é levado à
conversão. A segunda possibilidade para uma pessoa não convertida que assume o
compromisso de levar uma vida devocional, é terminar em total frustração. O
fator distintivo entre esses dois resultados é o seu senso de necessidade.
Jesus disse: "Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes." S.
Mat. 9:12. O que faz a diferença é o discernimento da necessidade.
Após o Novo Nascimento
Para aqueles que tenham nascido de novo e se
comprometeram a manter comunhão com Cristo, há também duas possibilidades. O
relacionamento pode desenvolver-se, tornando-se cada vez mais significativo, ou
pode tornar-se insípido. Aqui também, o que faz a diferença é o senso de
necessidade. Antes da conversão de alguém, seu senso de necessidade é
freqüentemente gerado pelos golpes e contusões da vida. Mas depois da conversão?
Como obter, e conservar, o senso de necessidade? Neste ponto eu gostaria de
acrescentar algo que não incluí na receita básica para uma vida devocional.
Omiti o testemunho do cristão, e havia uma razão para omiti-lo até aqui.
Em primeiro lugar, para ser uma testemunha você deve
ter algo para contar. Suponha que você foi chamado para ser testemunha num tribunal. Após você ter feito o
juramento e tomado o seu lugar, o juiz dissesse:
– Onde você estava na hora do crime?
– Em casa, dormindo.
– Bem, você ouviu ou viu alguma coisa?
– Não, Sua Excelência. Dormi a noite toda, e só na
manhã seguinte fiquei sabendo do que ocorreu.
– E o senhor é uma testemunha?
E você seria expulso do tribunal.
As igrejas cristãs às vezes pensam que se pudessem
fazer com que todos se envolvessem em testemunhar e alcançar outros, isso
produziria reavivamento, reforma e vida espiritual. Mas o primeiro
pré-requisito para ser testemunha é ter algo pessoal para testemunhar. Não
podemos ser testemunhas do que ouvimos dizer, ou de boatos ou informações. O
testemunho requer conhecimento pessoal e experiência. Portanto, para ser
verdadeira testemunha, a pessoa precisa primeiro ter um relacionamento pessoal
com Cristo.
Testemunhar: Causa e Resultado
Todavia o testemunhar é tanto causa como resultado da
vida cristã, porque não podemos testemunhar sem que antes tenhamos algo para
contar. Mas quando procuramos testemunhar e alcançar outros, isso aumenta nosso
senso de necessidade, leva-nos a orar mais, tornando-se assim um meio eficaz para
manter nosso relacionamento devocional com Deus em forma vigorosa e plena de
significado. Este foi o propósito de Deus ao dar-nos uma parte a desempenhar no
levar as boas novas do evangelho a outros.
Para nos familiarizarmos com Deus é de importância vital
gastar tempo em comunicação direta, falando com Ele e ouvindo o que Ele tem a
nos dizer mediante a Sua Palavra. Testemunhar, porém, é o terceiro meio pelo
qual nos relacionamos com Ele – saindo para trabalhar para Ele e com Ele.
Este mesmo princípio se aplica a qualquer
relacionamento. Poucas amizades baseiam-se apenas na conversação – embora
poucas sobrevivam sem ela. Dedicamos tempo para falar com aqueles de quem
gostamos, e também para ouvi-los. Mas nos tornamos mais entrosados com eles
quando trabalhamos, viajamos ou nos divertimos juntos. Tem-se dito que há dois
testes para um casamento. Primeiro, juntos, revestir de papel de parede o
banheiro. E então, se ainda estão casados, procurar limpar juntos a garagem. Se
você já tentou fazer um ou outro destes dois testes, você deve ser capaz de dar
seu testemunho pessoal de que é possível descobrir coisas a respeito de seu
cônjuge, fazendo algo em conjunto, as quais você jamais teria descoberto se
apenas se sentassem para se olhar e conversar.
Testemunhar é...
Antes de prosseguirmos neste assunto, talvez seja
importante tratarmos sucintamente sobre o que é e o que não é o
testemunhar. Você já imaginou que testemunhar é antes de tudo sair e tocar as
campainhas de pessoas que você jamais viu e falar-lhes acerca de religião? Você
já pensou que outros esperam que você envie "bombas evangélicas'' através
do correio rural, ou, ao viajar, distribua folhetos nas cabinas de pedágio? ou
talvez tema que lhe peçam para parar as pessoas nas ruas ou nos aeroportos, e
tente levá-las a aceitar o evangelho?
Se alguma vez se sentiu embaraçado ao pensar em tais
atividades, e se convenceu de que não dá para isso, então bem-vindo ao clube!
Ao homem que foi curado, de Gadara, Jesus sugeriu que voltasse para seu lar,
para seus amigos e lhes contasse quão grandes coisas Deus fizera por ele (S.
Mar. 5:19). Não se esperava que ele começasse aproximando-se de estranhos ou
viajasse para alguma terra distante. Em vez disso, Jesus disse: "Vai para
tua casa, para os teus." E não lhe foi pedido que começasse imediatamente
a dar estudos bíblicos sobre profecias e doutrina. Ele devia contar o que Jesus
fizera por ele pessoalmente.
Por outro lado, às vezes as pessoas pensam que não é
necessário dizer nada, mas simplesmente resguardar-se para ser o que se
chama testemunha silenciosa. Volvamos por um minuto à sala do tribunal e
vejamos como isso funcionaria. O juiz diz:
– Onde o senhor se achava na noite do dia 27?
Silêncio.
– Eu disse: Onde o senhor se achava na noite do dia
27?
Mais silêncio.
Finalmente, antes que o juiz o acuse de desrespeito ao
tribunal, você consegue dizer:
Eu gostaria de ser simplesmente uma testemunha
silenciosa. Penso que só minha presença aqui deve demonstrar a minha lealdade.
Visto que não sei falar bem, prefiro ser uma testemunha silente.
Não, uma testemunha não tem apenas algo a dizer – ela
o diz! Não há dúvida de que é vital para nosso testemunho cristão que sejamos
bondosos, amáveis e interessados em ajudar os que necessitam de nosso auxílio.
Mas há ateus que praticam muitos atos de amor. Para sermos testemunhas em favor
do Senhor Jesus Cristo, devemos ter algo a falar sobre Ele e Seu amor, e o que
Ele significa para nós pessoalmente. Quando o contar quão grandes coisas Ele
tem feito por nós se une a uma vida de cuidado e preocupação pelo bem-estar de
outros, nós exaltamos a Jesus.
As Três Áreas Tangíveis
Em Filipenses 2:12, Paulo diz: "Desenvolvei a
vossa salvação com temor e tremor.'' Como você pode desenvolver sua própria
salvação? Qual é a sua parte? Que pode fazer? Três coisas. As duas primeiras
são o estudo da Bíblia e dedicar tempo para oração. A terceira é o testemunho
cristão. Mas você não pode envolver-se realmente em contar quão maravilhoso
Amigo encontrou em Jesus até que tenha um importante relacionamento com Ele.
Assim o estudo da Bíblia e a oração se tornam absolutamente necessárias para
produzir um genuíno testemunho cristão. E inevitável, porém, que se não nos
envolvermos em partilhar a fé, no serviço e no testemunho cristão, o estudo da
Bíblia e a oração perderão o sabor, e terminaremos em pior situação do que
quando iniciamos.
Em S. Mateus 25, Jesus contou uma parábola que ilustra
o fato de que se não trabalhamos e levamos o evangelho a outros, perdemos a
espiritualidade que já alcançamos. Você pode ler isto nos versos 14-30. E Jesus
conclui dizendo (verso 29): ''Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em
abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado." É
partilhando o amor de Deus com outros que conservamos viva a nossa alma.
Se não crescemos, morremos. Isto é tão verdadeiro na
Natureza quanto o é na sua vida espiritual. A planta tem de crescer, ou morrer.
Um dia minha esposa trouxe para casa duas roseiras, que plantamos em terra bem
preparada. Procuramos regá-las bem. No entanto, nenhuma das roseiras crescia.
Afinal, quando já pareciam quase mortas, nós transplantamos uma delas para
outro local. E começou a crescer! Transplantamos a outra também, mas já estava
morta! Embora fizéssemos tudo, não reviveu. A planta que não se desenvolve,
morre.
Em S. Marcos 8:35, Jesus falou sobre os princípios do
crescimento: ''Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder
a vida por causa de Mim e do evangelho, salvá-la-á." É dando-nos aos
outros em serviço, que crescemos; e, enquanto crescemos, a vida espiritual
continua.
Razões Para Não Testemunhar
Em virtude de não desejarem servir e alcançar outros,
as pessoas são possuídas
de alguns temores comuns. O primeiro é a incerteza espiritual em nosso íntimo. Achamos difícil convencer outros de
que Deus os aceitará assim como são, porque não estamos ainda convictos de que
Ele nos aceita. É-nos difícil apresentar Jesus a outros quando não O conhecemos
por nós mesmos.
O segundo temor é o do fracasso. Ficamos preocupados
se seremos bem-sucedidos em testemunhar. Preferimos então deixar a tarefa para
os "profissionais", que, pensamos, a desempenharão bem. Mas sucesso
ou insucesso não é de nossa alçada. É somente o poder do Espírito Santo que
conquista os corações.
O terceiro temor freqüentemente expresso é o de, de
alguma forma, ensinar algo errado – de não ser suficientemente capaz para
responder a todas as perguntas e argumentos que possam surgir. Aqui também, se
falamos de testemunho em termos do que Deus tem feito por nós, devemos saber as
respostas! Não se requer que cada cristão se torne teólogo e estudante das
profecias, aprenda grego e hebraico e tudo o mais, antes que possa falar com
alguém a respeito do amor e poder de Cristo.
Outra principal objeção ao testemunhar é que exige
tempo. De novo, esta objeção baseia-se muitas vezes no falso conceito de que
sair e passar talvez horas falando com estranhos ou distribuindo folhetos,
constitui uma atividade adicional a nosso programa diário. Mas para quem está
em comunhão com Jesus e tem algo a contar, o testemunhar torna-se um estilo de
vida. Falar a respeito de Jesus a familiares e amigos em nossos contatos
diários não implica necessariamente em gastar tempo extra. Mas Deus nos
concedeu uma dádiva de tempo especificamente para desfrutarmos da alegria de
trabalhar com Ele. Chama-se sábado. Um dia em sete Deus nos dá tempo – tempo
para comunhão com Ele, de modo especial, e tempo para unir-nos a Ele no serviço
em favor de outros.
Você tem um amigo que está doente e gostaria de receber
uma visita, mas você ainda não teve tempo de ir vê-lo? Deus deu o sábado para
você. Sabe de um vizinho solitário, que gostaria de receber um convite para
visitar você, mas você anda ocupado demais? Deus deu o sábado para você. Você
tem pensado em sair com seus filhos para desfrutar da Natureza, ou talvez
levá-los para comer à margem de um lago, mas não tem tido tempo? Deus deu o
sábado para você. Seja partilhando o amor de Deus com nossa família e amigos,
seja procurando alcançar o mundo fora, temos tempo, toda semana – a resposta
especial de Deus ao problema de achar tempo, em nossos superlotados programas
diários, para levar o evangelho a outros.
Além disso, é propósito de Deus que o testemunhar e o
servir se tornem um estilo de vida. É verdade que haverá ocasiões mais
planejadas para alcançar outros e partilhar a fé. Mas nosso testemunho não deve
limitar-se apenas a essas ocasiões. Na verdade, quer saibamos ou não, nós
estamos testemunhando o dia todo, em tudo o que fazemos. Pela nossa vida,
nossas ações, pelo ambiente que nos circunda, damos nosso testemunho contra ou
a favor de Deus. Um vital relacionamento com Ele dará colorido ao nosso
testemunho, silencioso e verbal, e o Senhor o usará para partilhar Seu amor com
aqueles que estiverem em nossa esfera de influência.
Outros Problemas na Vida Devocional
Em nove de dez casos, se houve um tempo de valioso
relacionamento diário com Deus mas desvaneceu, a causa jaz na falta de
envolvimento para alcançar outros, prestar-lhes serviço e levar-lhes a mensagem.
Há, porém, outros fatores que podem ocasionar um curto-circuito em nosso
relacionamento com Deus. Vejamos sucintamente alguns deles.
Um problema com que muita gente se depara é o de uma
vida devocional irregular. Durante certo tempo eles se dedicam à comunhão com
Deus, e ficam maravilhados com as percepções de Seu amor e Sua aceitação. Então
se acham muito ocupados, e começam a falhar por um ou alguns dias, ou uma ou
duas semanas. Daí, em geral por causa de algum problema ou dificuldade, voltam
a buscar a Jesus. Mas alguns dias após passada a crise, novamente esquecem e
negligenciam a comunhão. Às vezes, ao verem a falta de crescimento espiritual
resultante desse relacionamento intermitente, as pessoas imaginam que Deus está
zangado por causa da sua negligência, e por isso são punidos com as
conseqüências.
Essas pessoas, porém, olvidam que ao negligenciarmos
nossa comunhão pessoal com Deus e companheirismo pessoal com Cristo, temos um
inimigo que tira disso o máximo proveito. A Bíblia nos fala de Deus, e também
de Seu inimigo, o diabo. É-nos dito que "o diabo, vosso adversário, anda
em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar''. I S. Ped.
5:8.
Quando abandonamos nossa comunhão com Deus, podemos
estar certos de que o inimigo fará tudo para evitar que novamente encontremos
significado no relacionamento com Jesus, pois ele sabe que esta é a nossa única
fonte de poder. Ele procurará manter-nos ocupados demais para ter tempo para
Deus. Ele provocará toda sorte de problemas em nossa vida. Procurará
destruir-nos com tentações e pecados, e então nos dirá que não ousemos volver a
Jesus até que tenhamos conseguido algumas semanas de fiel serviço. Daí, dez
dias depois, ele nos leva a cair e falhar novamente. E isto pode repetir-se
tanto que a pessoa mais forte chega a desanimar-se.
Outro problema que leva alguns a abandonarem sua
comunhão com Deus, é a falta de compreensão do que é realmente a fé. Fé
é uma palavra muito mal interpretada. Há pessoas que pensam que fé é algo que
produzimos, ou geramos por nós mesmos. Eu gostaria, porém, de afirmar que a fé
jamais é produzida por alguém – é um dom de Deus. Paulo o declara
explicitamente.
Há igrejas inteiras que se baseiam na falsa premissa
de que fé é algo que você mesmo pode produzir. É idéia popular que você deve
exercitar sua fé e, para fazê-lo, deve chegar a crer que algo irá acontecer. Se
sua fé for bastante forte, o que você acredita que irá acontecer, acontecerá.
A Menina e o Guarda-chuva
Conta-se a história de uma meninazinha que foi à igreja
assistir a um culto no qual as pessoas estavam orando por chuva. As plantações
estavam-se secando, por isso era necessário que chovesse. A menina foi, levando
seu guarda-chuva. E as pessoas sorriram de sua fé.
Mas choveu. Disseram então que foi em resultado de a
menina ter levado o guarda-chuva. Se você tem suficiente coragem e ousadia para
levar o guarda-chuva, é certo que choverá. A verdade, porém, é que não choveu
porque ela levou o guarda-chuva, mas ela o levou porque sabia que choveria.
Percebe a diferença?
Efésios 2:8 diz: "Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós , é dom de Deus." Fé é um dom de
Deus. Você não pode produzi-la. É mais que "pegar a Deus em Sua
palavra", definição aceita por muitos cristãos. Fé é confiança – e a confiança resulta da
comunicação e relacionamento com Aquele
que é absolutamente confiável.
A má compreensão do que seja a fé, ou confiança, pode
resultar em problemas no relacionamento com Cristo. Uma falsa idéia sobre fé
leva-nos a esperar que Ele aja ou reaja às nossas petições, de certa maneira. E
quando oramos e não obtemos a esperada resposta, ou nos surgem repentinas
provações, cedemos à tentação de desistir de uma vez da comunhão com Deus.
Certa ocasião fui visitar um homem que era muito temperamental.
Eu estava realizando conferências públicas em sua cidade, e alguém disse:
"Por que o senhor não convida esse homem para as reuniões?"
Dirigi-me, pois, à casa dele, na periferia da cidade. Bati à porta. Ao abri-la
e ouvir quem eu era, ele disse: ''Esses malditos pregadores!" (Embora a
palavra usada não tivesse sido bem essa!)
O homem convidou-me a entrar – o que não fazia
sentido! Mas entrei e sentei-me. Então ele começou a me insultar. Uma das
coisas que ele disse foi: "Tenho conversado com meu maldito travesseiro
tantas vezes quantas com meu maldito pastor, e jamais recebi uma maldita
resposta de nenhum dos dois."
Ele havia rompido sua vida de oração porque não havia
recebido respostas. Se sua única razão para orar é conseguir respostas, cedo ou
tarde você deixará de fazê-lo.
Houve um tempo em que eu pensava que o estudo da
Bíblia e a oração eram um fim em si mesmos. Mas então descobri que são as
grandes avenidas que Deus nos oferece para que possamos comunicar-nos com Ele.
Se mantivermos o compromisso de comunicar-nos com Ele através dessas avenidas,
chegaremos a conhecê-Lo. E ao conhecê-Lo descobriremos que nossa confiança se
despertará espontaneamente.
A Fé é Espontânea
Um dos indícios principais e particulares da fé
genuína, ou confiança, é sua espontaneidade. Neste sentido, assemelha-se ao
amor. Você já tentou forçar a si mesmo a amar alguém? Que tal? Você não pode
acender e apagar o amor, não é verdade?
Um dos mais insidiosos enganos do inimigo é levar uma
pessoa a fazer tudo, exceto manter comunhão com Jesus. Alguém diz: "Estou
interessado na religião; quero tornar-me cristão.'' E o inimigo diz: "Oh,
muito bem!" Então convoca uma comissão de meios e recursos, que nada tem a
ver com dinheiro. São meios e recursos para desviar a pessoa de conhecer a
Deus. O diabo diz: "Se esta pessoa insiste procurando ser cristã, deixemos
que se preocupe com a justiça." E então o diabo começa a cochichar-lhe no
ouvido: "Você tem que ser bom para ser cristão. Deve fazer tudo que é
direito. Esforce-se para isto! Oh, você falhou hoje. Você deve esforçar-se
mais."
Você já se esforçou tanto para dormir à noite que só
conseguiu ficar acordado? Já lutou tanto com o demônio que ficou mais parecido
com ele? Se você
ficar-se contemplando sempre no espelho, você logo parecerá mais com você mesmo. É pela contemplação que somos
transformados.
Permita-me lembrá-lo de que não podemos lutar para
conseguir a justiça. Ela vem através de Cristo, não é produzida por nós.
Romanos 4:4 e 5: "Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como
favor, e, sim, como dívida. Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que
justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça."
Isto não quer dizer que a justiça não nos venha; mas
vem como dom de Deus, e não como fruto de nossos esforços. Quando finalmente
chegamos a compreender que a justiça é pela fé, o diabo diz: "Muito bem –
você já conseguiu ter fé. Agora se esforce e obrigue-se a crer. Se tiver grande
fé, alcançará a vitória ou a resposta a suas orações."
Mas o diabo é um mentiroso – de fato, a Bíblia o
afirma em S. João 8:44. A verdade é que anhos, justiça e fé, vêm em resultado
da comunhão com o Senhor Jesus Cristo. A fé não constitui um fim em si mesma. É
um meio para se alcançar um fim. Sempre vem e cresce em resultado de um
relacionamento ativo e firme com Jesus.
A justiça não vem àqueles que a buscam, mas sim
àqueles que buscam somente a Jesus. A fé não vem àqueles que a buscam, mas aos
que buscam a Jesus.
Convido você hoje a aceitar algo que produz fé
genuína, que salva. É a base de toda a vida cristã. É o meio de salvação. É
conhecer a Jesus como seu amigo pessoal. E a comunhão e o companheirismo com
Jesus lhe proporcionarão tudo o mais que Jesus lhe quer proporcionar, tanto
neste mundo quanto no vindouro.
Por Que as Coisas Pioram Quando Mais Buscamos a Deus?
Outro problema muito comum que deve
ser considerado, pois leva as pessoas a interromper seu relacionamento com
Deus, é que freqüentemente quando começamos esse relacionamento as coisas
começam logo a piorar. Ora, isso não acontece sempre, mas é bem freqüente.
Por certo, se você fosse o demônio e soubesse que a
comunhão com Jesus é a base total da vida e crescimento cristãos, você faria
tudo para desanimar a pessoa que estivesse buscando a Cristo. Mas o que me
deixou perplexo quando isso me aconteceu foi o pensamento: Deus não é
suficientemente poderoso para evitar que assim aconteça?
A resposta a esta indagação é fascinante e encontra-se
nos dois primeiros capítulos do livro de Jó. Vejamos a história, começando com
Jó 1:6-8: "Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o
Senhor, veio também Satanás entre eles. Então perguntou o Senhor a Satanás:
Donde vens? Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a Terra e passear
por ela.
''Perguntou ainda o Senhor a Satanás: Observaste a Meu
servo Jó? Porque ninguém há na Terra semelhante a ele, homem integro, e reto,
temente a Deus, e que se desvia do mal."
O argumento de Satanás foi: "Venho da Terra. Sou
encarregado dela."
O argumento de Deus: "Não estás encarregado de ninguém. observaste Meu
servo Jó?"
"Então respondeu Satanás ao Senhor: Porventura Jó
debalde teme a Deus? Acaso não o cercaste com sebe a ele, a sua casa e a tudo
quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na
Terra. Estende, porém, a Tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não
blasfema contra Ti na Tua face!
"Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto
ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás
saiu da presença do Senhor." Versos 9-12.
Qual era a questão? A única acusação de Satanás era
que Jó servia a Deus porque dEle obtivera bênçãos e riqueza. Pelo menos no caso
de Jó, Deus em Sua sabedoria achou melhor permitir que Satanás o provasse nesse
ponto. Por isso, deu-lhe permissão para fazê-lo. E Satanás veio, por assim
dizer, com todas as suas armas flamejantes e destruiu tudo que Jó possuía.
Jó não compreendeu a situação. Pensou que era Deus
quem lhe estava tirando tudo (verso 21). Tem havido grande falta de compreensão
dos desígnios de Deus,
não é verdade? Mas a despeito de não compreender a Deus, Jó não se tornou estulto. Ele manteve sua confiança em Deus, pois
seu conhecimento dEle era suficiente para manter uma base de confiança
permanente mesmo em face de algumas incompreensões.
Continuemos com o capítulo 2: "Num dia, em que os
filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre
eles apresentar-se perante Ele. Então disse o Senhor a Satanás: Donde vens?
Respondeu Satanás ao
Senhor e disse: De rodear a Terra, e passear por ela.
"Perguntou o Senhor a Satanás: observaste meu
servo Jó? Porque ninguém há na Terra semelhante a ele, homem integro e reto,
temente a Deus, e que se desvia do mal. Ele conserva a sua integridade embora
Me incitasses contra ele, para o consumir sem causa.
"Então Satanás respondeu ao Senhor: Pele por
pele, e tudo quanto o homem tem dará por sua vida. Estende, porém, a Tua mão,
toca-lhe nos ossos e na carne, e verás se não blasfema contra Ti na Tua face!
"Disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está em
teu poder; mas poupa-lhe a vida.
"Então saiu Satanás da presença do Senhor, e
feriu a Jó de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da
cabeça." Versos 1-7. E Jó ainda manteve a sua integridade.
Mas a esposa de Jó, não. Ele perdera tudo, exceto sua
esposa. O diabo sabia que ela lhe seria um instrumento muito útil. Assim que
ele a conquistou, deve ter sorrido feliz, felicitado os seus diabinhos,
dizendo-lhes que, se perseverassem, conquistariam a Jó também.
Jó – Segunda Parte
Não vamos considerar o caso de Jó como simples
história, pois podemos tirar importantes lições da razão por que as coisas
pioram quando nos empenhamos mais em buscar a Deus. Eu gostaria de dizer que a
experiência de Jó se repete na vida de cada um de nós, mais cedo ou mais tarde.
Você pode experimentá-la na primeira, na segunda ou na décima parte.
Acontece mais ou menos assim: Satanás sabe que tudo
que ele precisa fazer para conservar-nos em suas fileiras é manter-nos longe de
um relacionamento pessoal com Deus. Não se importa muito com o que ele nos leva
a fazer, ou não. Freqüentemente ele exulta não tanto porque fazemos coisas
erradas, quanto porque não as fazemos mediante nossas próprias forças. É
evidente que Satanás, de maneira arbitrária, escolhe deixar uns no trono, ao
passo que empurra outros para a sarjeta. Uma pessoa pode estar perdida enquanto
se gloria em seus sucessos, se esses são alcançados por esforço próprio,
separados de Jesus, da mesma forma que pode estar perdida chapinhando em seus
fracassos.
De modo que, no que se refere aos atos malignos, a
Satanás pouco importa o que ele nos leva a fazer ou a não fazer. O que
realmente o preocupa é se a pessoa está, ou não, em companheirismo e comunhão
com Deus. Ele fica desesperado quando alguém se interessa na salvação pela fé,
porque sabe que isto finalmente o derrotará. Assim, quando começamos a
interessar-nos em conhecer Deus, o diabo convoca sua comissão de meios e
recursos a fim de impedir que isso aconteça em sua vida e na minha vida. Ao
mesmo tempo ele ergue o punho perante Deus e nos acusa como fez com Jó. Satanás
diz a Deus: ''Estás vendo fulano? Seus motivos para buscar-Te são egocêntricos.
Ele quer entrar no Céu. Quer a cura de suas úlceras. Quer conseguir a paz da
qual outros cristãos falam. Quer ver seus problemas solucionados e suas orações
atendidas. Não Te busca porque Te ama, mas sim para conseguir alguma coisa de
Ti."
Então ele diz aos demônios que venham a nós com suas
armas chamejantes. Falo de experiência própria, pois, como diz o ditado: ''Para
conhecer um ladrão, ninguém como outro ladrão''! Quando comecei a buscar uma
experiência real com Deus, tudo pareceu desmoronar-se em minha vida. Surgiram
problemas físicos, financeiros, familiares. Não somente isso, mas o diabo vem
pessoalmente com toda tentação que ele possa reunir para nos levar à queda e ao
fracasso, e às vezes até a viver de maneira pior que antes. E apesar de
estarmos buscando a Deus, dedicando tempo à Sua palavra e à oração, tudo se
desmorona.
Você sabe o que eu fiz quando isso me aconteceu pela
primeira vez? Ao fim do dia, eu disse: "Não funciona!" Na manhã
seguinte decidi dormir até mais tarde.
Imagine o que aconteceu. Tive um dia ótimo! Tudo
correu bem. Nem mesmo cometi algum "pecado''. À noite felicitei-me pela
excelente vida que eu vivera naquele dia. E o diabo reuniu de novo sua comissão
de meios e recursos e tiveram uma divertida celebração. Sua estratégia havia
funcionado.
Um dia um de meus alunos me disse:
"Faz duas semanas que deixei de ser cristão, e daí para cá não tenho
pecado!" Com freqüência achamos que, a partir do momento em que cortamos
nosso relacionamento com Cristo, as coisas evidentemente melhoram. Parece que
cessam nossos problemas.
Bem, a esta altura você poderia
pensar que o diabo é bastante inteligente para deixá-lo a sós, tranqüilo. Mas
sendo o pecador número 1 do Universo, Satanás tem notável falta de domínio
próprio. Assim, durante algumas semanas ele me deixou só; no entanto, sob o seu
poder, porque eu não estava buscando a Deus mediante Sua palavra e a oração.
Voltou, porém, a mim, e desta vez para divertir-se. Ele não fica feliz apenas
vendo a pessoa perdida; mas gostaria de vê-la jogada na sarjeta. Assim, ao
voltar após uma ou duas semanas, trazendo mais problemas, isso me leva a orar.
Já aconteceu assim com você? Dizemos: ''Penso que,
afinal de contas, preciso dessa experiência com Deus'', e novamente começamos a
buscar a Deus. Então o diabo fica realmente nervoso, e queixa-se para seus
auxiliares, dizendo: "Afinal, que acontece com vocês?'' E mais uma vez
eles vêm assediar-nos com todos os recursos que possuem.
Se fosse bastante inteligente, o
diabo teria deixado alguns de nós sozinhos, e já há muito tempo nos teria sob
seu poder. Mas ele continua assediando-nos até nos voltarmos para Deus
permanentemente. Deus pode usar de algumas manobras satânicas para Sua própria
glória, não pode?
O Segredo de Jó
Detesto admitir quantas vezes passei por essa insana
rotina até o dia em que me dei conta do que estava acontecendo. Era a segunda
parte de Jó. Qual foi o segredo de Jó? Quando ele provou perante o Universo e
as forças oponentes do grande conflito entre Cristo e Satanás, que ele estava
servindo a Deus não por motivos egocêntricos, mas porque O amava, então Deus
pôde vir com Suas bênçãos e pôr o demônio em retirada. E afinal, as bênçãos de
Jó foram duplicadas.
Como a segunda parte de Jó funciona? Quando o diabo
nos acusa de buscarmos a
Deus por egoísmo, então o Senhor permite que Satanás procure provar isso até
que nossos motivos sejam revelados a nós mesmos, ao diabo, ao Universo inteiro.
Deus tem sempre sido bom, mesmo tratando com o diabo. E logo virá o tempo em
que todo joelho se dobrará e toda a língua confessará que Deus é bom e justo
(Ver Filip. 2:10, 11). O próprio Satanás dobrará os joelhos e admitirá que Deus
jamais foi injusto.
Tudo bem, começo a buscar a Deus e Satanás diz:
"Ele Te busca somente por egoísmo, e por esse motivo fui expulso do Céu.
Não podes ajudá-lo mais." Então Deus é encostado à parede, e quem
unicamente pode provar se é Ele ou o diabo que tem razão, é você ou eu.
Que aconteceu no fim daquele primeiro dia quando tudo
correu mal e eu disse: "Bem, isso não funciona", e dormi até mais
tarde na manhã seguinte? A quem dei o meu voto? Provei que o diabo estava
certo. Quando as coisas não correram como eu planejara, esqueci-me de buscar a
Deus e, no meu caso, Satanás estava absolutamente certo. Quando finalmente
percebi o que estava ocorrendo, compreendi porque Deus permitira que o diabo me
assaltasse tanto, e também compreendi que meus motivos para buscar a Deus eram
errados.
Acontece, porém, que não posso mudar meus motivos. O
coração egoísta não pode mudar-se a si mesmo. Existe somente um lugar onde os
motivos podem ser mudados, e este é aos pés de Cristo.
Busquemos a Deus por Motivos Corretos
Quando compreendemos esta questão, ajoelhamo-nos e
dizemos: "Senhor, vejo o meu problema. Queres dar-me Tua graça para mudar
os meus motivos, a fim de começar a buscar-Te por Tua causa, e não pela minha
própria?" Você não gostaria de buscar a Deus por causa dEle, e não por sua
própria causa? Não gostaria de ser capaz de procurá-Lo como resposta de amor
pelo que Cristo já fez por nós na cruz? Não gostaria de continuar buscando companheirismo
e comunhão com o Céu, aconteça o que acontecer na vida, seja bom ou ruim? Ao
fazer isso, você começará a experimentar em sua própria vida o final da
história de Jó.
Um dia você verá Deus dirigir-Se a Satanás, dizendo:
"Como vão as coisas? (Desculpe-me por colocar estas palavras na boca de
Deus.)
O diabo dirá: ''Estou atacando-o com todas as minhas
forças."
E Deus responde: "Eu sei. Tenho observado. Mas
ele continua procurando manter comunhão com o Céu, não continua?''
O diabo começa a inquietar-se.
Então Deus diz: "Estará esta pessoa Me buscando
pelo que Meu Filho fez? Estará Me buscando por amor, e não por motivos
egocêntricos?"
A esta altura, o inimigo foge. Nada mais tem a dizer.
Provemos Que Deus Está Certo
A alegação de Deus foi que Jó O amava porque lhe era
fiel. Jó provou que Deus estava certo. É meu privilégio hoje provar que Deus
novamente tem razão. Ele nos ajuda a buscá-Lo porque 0 amamos, e ajuda a
submetermos a Ele todos os nossos motivos egoístas. Somente então o Senhor pode
conceder-nos todas as bênçãos e poder do Céu que Ele almeja dar-nos.
Obediência. Como? Por quê?
E que acontece quando falho?
Que vem primeiro vitória ou paz?
Como posso manter-me sem pecar?
"Q
|
uando
eu era pequenino, punha-me a chorar quando a meu irmãozinho davam a fatia
maior."
Meu pai costumava repetir esses versos para mim e meu
irmão, no momento certo. Lembro-me de um ano em que, nas vésperas do Natal,
alguns bondosos irmãos da igreja nos deram saquinhos com doces de Natal. Eram
daqueles caramelos duros, que ficam muito tempo na boca.
Meus pais ficaram imediatamente preocupados. Não
queriam que estragássemos os dentes ou o estômago, e então estabeleceram um
regulamento. Apenas um pedaço de doce de cada vez, e às refeições. Nenhum doce
entre as refeições. Eu tinha seis anos, e meu irmão, oito. Aquele regulamento
era demais severo para um garotinho, por isso comecei a comer os doces entre as
refeições. Quando meu pai descobriu, imediatamente deu fim aos meus caramelos.
A essa altura fiquei muito preocupado com a saúde de
meu irmão, e decidi ajudá-lo jogando os seus caramelos no vaso sanitário!
Em resultado dessa minha intervenção, por algum tempo
as relações diplomáticas em nossa casa não foram tão agradáveis. Meu irmão
ainda gosta de contar essa história quando tem oportunidade. Mas por que
fazemos coisas assim? O que nos leva à guerra, numa demonstração extrema; ou
noutro extremo, aos aparentemente inofensivos jogos de salão; ou, no
meio-termo, ao futebol e beisebol? Por que manifestamos tanto entusiasmo pela
questão de quem será o vencedor, quem vai ser o maior, quem vai tirar o 1º
lugar?
Tudo isso começou com o pecado, não foi? Lúcifer, o
querubim cobridor, o "filho da alva'', disse em seu coração: "Eu
subirei ao Céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais
altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo." Isa. 14:12-14. E ele
apresentou essa mesma tentação a nossos primeiros pais no Jardim do Éden:
"Sereis como deuses." Gên. 3:5. Assim começou o pecado, tomando-se
para o eu a glória que pertencia exclusivamente ao Deus Criador; assim, muito tempo de nossa
vida é gasto em discutir sobre quem é o maior. E com isso nos divertimos. Vemos
isso no mundo dos negócios, na vizinhança, e às vezes até mesmo na igreja. E o
resultado final é a morte.
Como já vimos, a causa básica de todo pecado é a
separação de Deus, resultando e manifestando-se no insaciável desejo de ser o
primeiro, e o maior. O egocentrismo é a base de todos os feitos, os atos e
pensamentos pecaminosos.
Às vezes as pessoas pensam que, ao experimentarem o
novo nascimento, terão acabado completamente e para sempre com o egoísmo, o
pecado e a resultante desobediência. Por isso ficam pasmadas e consternadas ao
descobrir, algumas semanas depois, que ainda persistem na sua vida alguns dos
mesmos pecados, problemas e falhas que tinham antes de começarem seu
relacionamento com Cristo. E com demasiada freqüência o resultado é que o
recém-convertido cristão se desanima, quebra seu relacionamento com Deus,
aguardando novo reavivamento, ou apelo para ir ao altar, ou um despertamento
espiritual. A conversão, porém, jamais foi garantia de perfeição absoluta e
instantânea, e assim a questão de como o cristão em crescimento se relaciona
com as quedas, os fracassos, os pecados, é assunto muito prático, porém
doloroso.
Como Jesus Tratou os Pecadores Conhecidos
É possível que os santos pequem? É possível pecar,
sabendo que está pecando, e continuar fazendo o que você sabe que está errado,
e ainda ser cristão? Como Jesus lida com os santos que pecam? Esta é uma
pergunta prática, e tem uma resposta animadora, empolgante.
Apresentemos, porém, a forma como Jesus tratou cristãos pecadores, tal como a encontramos nas Escrituras.
Vejamos S. Marcos 9, a partir do verso 33: "Tendo
eles partido para Cafarnaum, estando Ele em casa, interrogou os discípulos: De
que é que discorríeis pelo caminho? Mas eles guardaram silêncio, porque pelo
caminho haviam discutido entre si qual era o maior."
Imagine Jesus e os discípulos descendo pela empoeirada
estrada para Cafarnaum. O aspecto de Jesus era de quem ia para Jerusalém, e os
discípulos estavam certos de que lá Ele ia estabelecer o Seu reino, o reino
terrestre. Mas havia ainda questões a resolver. Não haviam decidido quem seria
o presidente da classe, o primeiro-ministro, o ministro das finanças, quem
seria o maior.
Assim, enquanto caminhavam para Cafarnaum, estavam
procurando resolver essas questões. Sabendo que, discutindo sobre isso, estavam
fazendo uma coisa errada, eles caminhavam lentamente atrás de Jesus. Ao
chegarem a Cafarnaum achavam-se tão distantes dEle, que Ele não podia ouvir o
que diziam. Então, ao estarem a sós em casa, Jesus perguntou-lhes sobre o que vinham
discutindo pelo caminho.
Isso nos ensina algo muito interessante quanto ao
pecar. É difícil fazê-lo na presença de Jesus. Você já descobriu isso? De fato,
as pessoas em sua maioria, mesmo as mais fracas, chegam a admitir que é difícil
pecar na presença de alguém a quem amam e respeitam profundamente. Em sua maior
parte, os pecados são cometidos na ausência daqueles a quem amamos e
respeitamos. De alguma forma temos de sentir-nos distantes de Deus, distantes de Jesus Cristo,
para continuarmos deliberadamente a
praticar pecados conhecidos.
Imagine, pois, os discípulos andando vagarosamente
atrás de Jesus, esperando assim ocultar-Lhe o assunto da conversa que achavam
tão absorvente. E quando chegaram a Cafarnaum, à casa onde deviam ficar, Jesus
enviou Pedro numa estranha missão à praia, ao banco... ao banco! Um
interessante banco, você pode lembrar. A boca de um peixe. E quando Pedro
retirou-se, Jesus fez aos outros discípulos uma pergunta. É claro que Ele tinha
mais de uma razão para enviar Pedro ao banco! Não queria que ele estivesse
presente ao lançar-lhes a pergunta. Queria que os outros discípulos tivessem a
oportunidade de pensar antes de Pedro responder primeiro.
Portanto, Jesus mandou que Pedro fosse ao banco, e
então interrogou os discípulos: "De que é que discorríeis pelo caminho?''
Eles começaram a esfregar os pés no chão, mostrando-se preocupados. E nada
responderam. O verso 34 diz que "eles guardaram silêncio''. Era tempo
oportuno para guardarem silêncio! Quando fui interrogado sobre o que acontecera
com o saco de caramelos de Natal do meu irmão, eu guardei silêncio também! Mas
Jesus continuou insistindo em Sua pergunta até que afinal os discípulos
disseram: "Bem, a gente estava imaginando ... quem vai ser o primeiro no
reino."
"Dêem-Me Outros Doze"
Ora, a vida de Jesus havia sido uma vida de humildade.
Ele a Si mesmo Se esvaziara (Filip. 2:7). Aquele que tivera a homenagem e a
adoração de todas as hostes celestiais, viera à Terra, nascendo em humilde
manjedoura. Aquele que fora incalculavelmente rico Se tornara pobre, para que
através de Sua pobreza nos tornássemos ricos (II Cor. 8:9). Repetidamente Ele
procurou levar os discípulos a compreenderem que a verdadeira grandeza
baseia-se na humildade. Eles, porém, não apreenderam a mensagem.
Suponho que, nesse ponto, teria sido fácil para Jesus
dizer: "Saiam da Minha frente, miseráveis doze! Dêem-Me outros doze, e
começarei tudo de novo! " Ao contrário, Ele os chamou a Si e disse:
"Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos. Trazendo
uma criança, colocou-a no meio deles e, tomando-a nos braços, disse-lhes:
Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em Meu nome, a Mim Me recebe;
e qualquer que a Mim Me receber, não recebe a Mim, mas ao que Me enviou."
S. Mar. 9:35-37.
Ele usou uma criança para mostrar como é o reino do
Céu.
Ele era bondoso e paciente com os
discípulos. Ensinava-lhes muitas lições, e mesmo quando não aprendiam,
continuava ensinando. E acima de tudo, continuou andando com eles,
acompanhando-os, comendo, viajando, trabalhando com eles, confiando-lhes a obra
e missão que eram dEle.
Culpados do Pior Pecado
Dessa lição nas Escrituras vemos com clareza como
Jesus tratava Seus discípulos quando estes pecavam. Qual era o pecado? O
orgulho. Ora, dizemos, cada um tem uma pontinha de orgulho. Nisto se baseia o
nosso mundo. E a santificação é obra de uma vida inteira; justamente antes de
morrermos talvez possamos dominar esse probleminha. Mas não, porque o orgulho é
o pior dos pecados. Foi esse pecado que deu inicio a toda confusão neste mundo.
E conquanto seja verdade que, na estimativa de Deus, tanto quanto na nossa, há
graduação de pecado, Deus tem uma escala diferente. O orgulho é mais ofensivo a
Ele porque é o mais contrário a Sua natureza.
Esse pecado do qual os discípulos eram culpados, era
um dos piores, senão o pior. Era pecado, grave pecado. E eles sabiam
disso, e procuraram ocultá-lo até que Jesus não os pudesse ouvir. Contudo,
continuaram acariciando-o durante os três anos que passaram com Cristo, e até
mesmo no cenáculo, na noite anterior à crucifixão. De modo que isto o qualifica
como pecado conhecido, contínuo, habitual, acariciado, persistente, insolente –
como queiramos chamá-lo. Os discípulos cometiam o maior pecado.
Lembro que, na minha adolescência, ouvi alguém dizer
que os únicos pecados que Deus perdoa são os da ignorância. E apresentando um ou dois versos do Velho Testamento,
aquela pessoa procurava provar, pelo
sistema sacrifical, que somente para esse tipo de pecado foram feitas
provisões. Isso quase me arrasou, porque nem todos os meus pecados eram por
ignorância. E os seus?
Afirmam alguns eruditos que a expressão "não
pequeis", em I S. João 3:6, significa não cometermos nenhum pecado
conhecido. Podemos deslizar, falhar, mas não estaremos pecando
intencionalmente. Assim, você fica com a impressão de que os pecados que Deus
perdoa são aqueles que você comete acidentalmente. Mas há inúmeras pessoas
cujos pecados são mais graves do que esses, para as quais essa colocação não
traz nenhum conforto.
Na experiência dos discípulos vemos como Jesus lidou
com pecadores ativos,
que sabiam que estavam pecando e continuavam pecando.
Estavam os Discípulos Convertidos?
A esta altura alguém poderá dizer: "O problema
dos discípulos é que eles não estavam convertidos.'' Não me diga isso! Preciso
lembrá-lo de que aqueles discípulos eram os mesmos que expulsaram demônios,
purificaram leprosos, curaram enfermos e ressuscitaram mortos. Normalmente,
Deus não concede poder para isso a pessoas não convertidas. Quando os setenta
retornaram de sua missão, regozijando-se porque tiveram poder para expulsar
demônios, Jesus disse: "Alegrai-vos não porque os espíritos se vos
submetem, e, sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos Céus!" S.
Luc. 10:20. E em S. João 3, é-nos dito que nem mesmo veremos o reino do Céu se
não nascermos de novo. Portanto, podemos inferir que devemos aceitar a premissa
de que os doze discípulos estavam convertidos.
É verdade que Jesus, na noite anterior à crucifixão,
disse a Pedro: "Tu, pois, quando te converteres, fortalece a teus
irmãos." S. Luc. 22:32. Esquecemos, porém, que a conversão é uma questão
diária – e aqui se refere ao fato de Pedro precisar renovar sua conversão.
Depois de negar a Jesus, Pedro precisava converter-se novamente, arrependido de
seu pecado. Mas antes disso, no cenáculo, quando Pedro concordou que Jesus lhe
lavasse os pés, ele estava limpo. Jesus disse isso (S. João 13:10).
Portanto não podemos simplesmente concluir que o
problema do pecado conhecido dos discípulos era falta de conversão. Como,
então, Jesus trata os discípulos culpados desse pecado? Ele fez Sua clássica
afirmação em S. Mateus 12:31: "Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos
homens.'' Não é esta uma boa nova?
O Pecado Imperdoável
Que dizer do pecado imperdoável? O mesmo texto, em S.
Mateus 12, fala sobre ele. Mas, espere um momento. Se todo tipo de
pecado será perdoado, então teríamos de incluir também o pecado imperdoável,
não é? Jesus disse: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça." I S.
João 1:9. Portanto, Jesus tem o desejo e é capaz de perdoar todo pecado,
não é mesmo? Ele diz que todo pecado será perdoado. Então, que é o pecado
imperdoável? O único pecado que não será perdoado é aquele para o que não peço
perdão, do qual não me arrependo. É simplesmente isto.
Vamos grifar em vermelho, ou verde, ou outra cor: "Todo
pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens", incluindo o pecado
conhecido, o habitual, o
persistente, e mesmo os piores pecados, tais como o orgulho.
E se Jesus deixou claro que todo
pecado será perdoado, e perdoou os discípulos, e continuou a andar com eles
mesmo depois de terem cometido o pior pecado, então Jesus deve ser capaz e
estar desejoso de perdoar pecados menores, tais como os de assassínio, furto,
adultério, não é certo?
Nenhuma Condenação
Diz o principio bíblico que "Deus enviou Seu
Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo
por Ele". S. João 3:17.
Para a mulher adúltera que os escribas e fariseus
tinham conduzido a Jesus, Ele deu a grande resposta dupla, boa para quem quer
que esteja preso no pecado: "Nem Eu tão pouco te condeno." Mas não
foi só isto que Ele disse. Que mais? "Vai, e não peques mais.'' S. João
8:11. Aqui você encontra um perfeito equilíbrio.
Muitas vezes, quando descobrimos que alguém a quem
amamos se acha em
dificuldade ou em pecado, dizemos: "Tudo bem, não te condeno." Mas esquecemos a última parte. Deus ama os pecadores,
mas odeia o pecado. Deus tem provido perdão para os cristãos fracos, imaturos,
em crescimento, e também poder para vencer. Enquanto aprendemos como
apropriar-nos desse poder em nossa vida, Ele continua a andar conosco. Jesus vê
um homem junto a um tanque, e diz: "Não peques mais." Há poder
disponível. Mas é a aceitação de Jesus, o amor de Jesus e a comunhão com Jesus
que provêem o poder para não pecarmos mais. É a presença de Jesus que torna
difícil o pecar. Daí a absoluta necessidade que o pecador, em pecado, tem de
contar com a presença, a contínua presença de Jesus.
A maior necessidade de um jovem que está lutando para
vencer, mas fracassa continuamente e continua pecando, é saber que alguém o
ama. Somente superam seus erros aqueles que sabem que são amados e aceitos a
despeito dos próprios erros. Leva isso à permissividade? Não. Somente esse
relacionamento de amor, essa contínua comunhão com Jesus, é que conduz à
vitória.
A Paz Produz a Libertação
Por muito tempo eu pensava que se de alguma forma eu
conseguisse vencer minhas faltas, pecados e falhas, então eu teria paz. Foi
para mim uma descoberta tremenda quando percebi que, ao ter paz, pude pela
primeira vez vencer minhas faltas, pecados e fracassos. Somente quando sabemos
por experiência pessoal que Jesus não nos condena, que Ele nos aceita tais
quais somos, é que obtemos a paz – o começo das transformações em nossa vida.
Há quatro textos bíblicos que, considerados em
conjunto, nos mostram com muita beleza as verdades sobre o perdão, o amor e a
obediência. O primeiro encontra-se em S. Mateus 18:21 e 22: "Então Pedro, aproximando-se,
Lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu
lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete
vezes, mas até setenta vezes sete."
Entre os judeus nos dias de Cristo, havia o costume de
perdoar três vezes. Pedro, procurando ser generoso, sugeriu o dobro e mais uma
vez para atingir o número "perfeito'', sete. Mas Jesus respondeu que sete
vezes não eram suficientes. Continue perdoando até setenta vezes sete.
Compreendemos o que isto significa? Devemos contabilizar e perdoar exatamente
490 vezes? Não. Ele queria dizer que nosso perdão deve ser ilimitado.
Pediria Deus que fôssemos mais perdoadores do que Ele?
Obviamente, a resposta é Não. Assim essa resposta de Jesus nos mostra que o
perdão de Deus não tem limite.
A passagem seguinte encontra-se em S. Lucas 17:3-5:
''Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.
Se por sete vezes vier ter contigo, dizendo: estou arrependido, perdoa-lhe.
Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé."
Às vezes um pastor é chamado para acertar desavenças
entre pessoas. Certa feita um membro da igreja telefonou-me que estava
aborrecido porque o cavalo do vizinho havia estragado suas plantas. Minha
primeira reação foi suprimir uma risada. E então eu disse: "Chame a
polícia!"
Essa deve ter sido uma resposta infeliz. Ao
reconsiderar o caso, mais tarde, pensei nesta passagem em S. Lucas. Eu deveria
ter dito: "Se o cavalo pisar em suas plantas mais seis vezes hoje, o
senhor deve ainda perdoar o seu vizinho."
Que você diria se o cavalo de seu vizinho tivesse
pisoteado suas plantas sete vezes num dia, e o vizinho viesse pela sétima vez
dizer "eu lamento"? Sabe o que eu diria? "Demonstre isso! Amarre
o cavalo!"
Mas o ponto principal é que, se Jesus nos disse para
perdoar nosso irmão sete vezes no mesmo dia, Deus não faria menos. Ele não pede
para fazermos algo que Ele mesmo esteja indisposto a fazer. E novamente aqui
vemos que o perdão divino é ilimitado.
Quanto tempo faz que você se dirigiu
a Deus no fim do dia, depois de falhar sete vezes naquele dia, e realmente creu
que foi perdoado? É difícil, não é? Nós, humanos, não pensamos assim. Isso não
é humano, é divino.
Ao você falar a respeito dessa espécie de perdão,
sempre alguém fica nervoso e diz: ''Você vai pôr de lado a necessidade da
obediência, e vai provocar a permissividade. Vai permitir que as pessoas
brinquem com a graça de Deus."
Mas aqui adicionamos o terceiro texto, S. Lucas
7:40-43. O cenário é a casa de Simão. Entra Maria, aquela que Simão tinha
induzido ao pecado. Ela unge os pés de Jesus, e Simão fica desapontado, e tem o
descaramento de condená-la como pecadora. No seu íntimo, ele diz: "Se Este
fora profeta, bem saberia quem e qual a mulher que lhe tocou, porque é
pecadora."
Conhecendo-lhe os pensamentos, Jesus disse:
"Simão, uma coisa tenho a dizer-te." E Jesus contou uma simples
história que somente Simão compreendeu.
''Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia
quinhentos denários, e o outro cinqüenta. Não tendo nenhum dos dois com que
pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?
''Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais
perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem.''
Assim você chega à conclusão de que quanto mais é
perdoado, mais você ama. É um princípio universal e eterno.
E agora precisamos acrescentar mais um texto, S. João
14:15: "Se Me amardes, obedecereis aos Meus mandamentos." Isto
significa que, ao compreendermos o amor de Deus, veremos que ele não nos conduz
à permissividade ou graça vulgar, mas sim à obediência.
Perdão, Relacionamento, Obediência
Com nossas limitações humanas achamos difícil aceitar
esse perdão ilimitado. Se tão-somente continuarmos buscando a Jesus, aprendendo
a conhecê-Lo e a confiar mais nEle, então chegaremos a experimentar o que já
reconhecemos na teoria – o amor e o perdão de Deus. Quando O amamos Lhe
obedecemos, mas, embora estejamos crescendo em amor, confiança e comunhão com
Ele, freqüentemente escapamos de Suas mãos. É então que caímos, fracassamos e
pecamos, e precisamos de mais uma vez ir a Ele para arrependimento – mesmo sete
vezes num só dia.
É, portanto, possível ao cristão em crescimento,
descobrir que tem um pecado persistente em sua vida, e ao mesmo tempo continua
o seu relacionamento com Jesus. Chegamos a esta conclusão do estudo deste
capítulo das Escrituras. Os discípulos mantinham seu relacionamento com Deus e,
ao mesmo tempo, tinham um pecado conhecido. Ao continuar o estudo você chegará
a outra conclusão além desta. Embora seja possível continuar o relacionamento
com Deus e ao mesmo tempo acariciar o pecado, mais cedo ou mais tarde uma das
duas coisas desaparecerá.
Judas era o mais inteligente dos discípulos, dotado de
rápido raciocínio. Ele apreendeu a mensagem. Compreendeu este princípio de que,
mais cedo ou mais tarde, ou o pecado ou o relacionamento com Jesus teria um
fim.
E Judas disse: "Não quero dar fim a meu
pecado." Assim, deliberadamente, rompeu a comunhão com Cristo, em favor de
seu pecado.
Chegamos agora à questão real quanto ao pecado
acariciado, pecado
atrevido e despótico – o tipo de pecado que mostra evidentemente que estamos em terreno perigoso, tremendamente
perigoso. Quando escolhemos quebrar nosso relacionamento com Jesus, ou
recusamos esse relacionamento, então estamos em perigo.
Talvez você tenha encontrado pessoas que não querem
tornar-se muito religiosas porque temem as mudanças que poderão ocorrer.
Pessoas religiosas que não queriam avançar em seu relacionamento com Jesus
porque não desejavam mais mudanças em seu estilo de vida. Assim era Judas. Mas
os outros discípulos permaneceram com Jesus. Nada pôde afastá-los dEle.
Um exemplo clássico do oposto de Judas, é João, o
amado. Como Judas, ele tinha os seus maus traços de caráter. Mas estava sempre
a postos. Foi um dos primeiros discípulos a seguir a Cristo. Lá estava ele
ouvindo Jesus pregar, vendo os Seus milagres. Lá estava ele no Jardim, na corte
de Caifás, junto à cruz, junto ao sepulcro. João era um homem que estava sempre
onde devia estar. No entanto, ele tinha problemas. Juntamente com seu irmão,
pediu a Jesus que lhes permitisse invocar fogo do céu sobre a aldeia dos
samaritanos. Ele com sua mãe e irmão foram pedir a Jesus um lugar privilegiado
no Seu reino – um irmão à direita, e o outro à esquerda do Mestre. João era
filho do trovão. Mas continuou preferindo permanecer com Jesus e afinal provou
que, se você prosseguir em sua comunhão com Cristo, mais cedo ou mais tarde o
seu pecado terá um fim. É assim que isso funciona, é a única maneira.
Anos mais tarde vemos João novamente. É o único
sobrevivente dos doze; todos os outros morreram como mártires. João encontra-se
na ilha de Patmos, e escreve a própria mensagem de Jesus. Ele escreveu cartas
que dizem coisas assim: "Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor
procede de Deus... Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é
amor." I S. João 4:7 e 8. Houve uma mudança em João. Ele foi transformado
pela graça.
Talvez a princípio tenha recebido a visita de antigos
amigos que lhe tenham dito: "João, você está muito mudado!"
E João deve ter olhado para eles e dito: ''Quem? eu?''
Porque as pessoas que são transformadas são as últimas a sabê-lo e as últimas a
anunciá-lo. Mas a graça de Deus tem realizado a sua obra.
A Relação Constante
Permita-me dizer-lhe que se você continuar conhecendo diariamente a Jesus como seu Amigo pessoal, se mantiver um
significativo envolvimento com Ele em sua vida particular, se nada o afastar
dEle, então como João o amado, você sofrerá uma discreta transformação de
caráter, imperceptível a você mesmo. Mas seus amigos provavelmente saberão. E
qualquer que seja o pecado com o qual você está lutando, conhecido ou não,
habitual ou acariciado, ele finalmente desaparecerá.
Às vezes ficamos impacientes e procuramos determinar
mediante escalas o crescimento, vitórias e sucessos da vida cristã. Mas seria
melhor não fazer isso! Essa questão pertence a Deus; é a obra do Espírito
Santo. Os discípulos foram transformados gradualmente: primeiro a erva, depois
a espiga e, por fim, o grão cheio na espiga. E enquanto durar o relacionamento
com Cristo, esse relacionamento de amor tem sua própria salvaguarda contra a
corrupção. Quanto mais profunda nossa comunhão com Cristo, tanto mais nos
afastaremos da permissividade e deixaremos de brincar com a graça de Deus. Sou
grato hoje pela maneira como Jesus trata os pecadores conhecidos. Isso traz
esperança e conforto ao cristão em luta, em crescimento.
E se é certo que somos transformados mediante contínua
relação com Cristo, então isso nos revela o segredo da obediência. Somos
transformados pela graça, através de um relacionamento constante com Cristo –
não mediante nossas lutas, resoluções e esforços para combater o pecado e o diabo.
Durante muito tempo, muitos têm mantido duas crenças incompatíveis na fé
cristã: Por um lado, que podemos guardar os mandamentos de Deus, que podemos
superar e vencer nossos pecados; por outro lado, que necessitamos da ajuda de
Deus, mas temos que lutar com nossas próprias forças para Lhe obedecer.
Atualmente há pessoas que ficaram tão frustradas com a
melhor obediência que puderam prestar em sua própria força, que decidiram
abandonar totalmente sua crença na vitória. Contudo, não é isso que nos ensinam
as Escrituras. Sim, os discípulos pecaram, falharam e caíram repetidamente, mas
há algo além disso! Através do contínuo relacionamento com Cristo foram
transformados à Sua imagem e se tornaram mais que vencedores por Aquele que nos
amou.
Conquanto seja verdade que nossa aceitação por Cristo
não se baseia em nossa obediência, e que o perdão é ilimitado, de maneira
alguma isso desacredita a verdade de que Deus tem poder disponível para
guardar-nos de pecar.
É muito bom compreender que a justiça vem somente pela
fé e total confiança de que fomos aceitos por Deus, baseados exclusivamente no
que Jesus já fez em nosso favor. Faz-nos bem saber que Seu perdão é ilimitado e
que Ele tem infinita paciência conosco enquanto crescemos na graça. Mas é
possível ir além, e aceitar a verdade de que a obediência e a vitória estão a
nosso dispor, e podem ser reais em nossa vida hoje. É bom saber que a
obediência, assim como o perdão, vêm somente pela fé. Há muito tempo, Paulo
afirmou isso em Col. 2:6: "Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor,
assim andai nEle."
Razões Por Que a Obediência Vem Somente Pela Fé
Desejo agora apresentar concisamente oito razões
bíblicas por que a obediência só pode ser produzida pela fé, e não pelos nossos
próprios esforços.
1. Porque a Bíblia o afirma. É este um bom argumento?
Em Romanos 1:17, Paulo diz: "O Justo viverá por fé." Quem são os
justos? São aqueles que aceitaram a justificadora graça de Deus, certo? E aqui
a Bíblia nos diz que os justos, aqueles que foram justificados, também viverão
por fé.
2. A obediência só pode vir pela fé devido à natureza da humanidade. Discutimos isto no PRIMEIRO DIA. Em Romanos 5:19
é-nos dito que pelo pecado de um homem, muitos se tornaram pecadores. E em S.
João 3, vemos que a menos que nasçamos de novo, não poderemos ver o reino dos
Céus. Se é verdade que, como nos lembra Isaías 64:6, "toda a nossa justiça
[própria] é como trapos de imundícia'', então a obediência só pode vir da total
dependência de outro Poder. Por causa de nossa própria natureza, não podemos
fazer nada por nós mesmos.
3. A obediência só pode vir pela fé por causa da
natureza de nossa entrega. Como estudamos no SEGUNDO DIA, a entrega significa
abandono de nós mesmos (Romanos 9 e 10). Se abandonamos nossa própria
habilidade, então passamos a depender do poder de outro. É impossível, ao mesmo
tempo, esforçar-nos muito para ser obedientes e desistir como incapazes de
fazê-lo. A desistência nega a possibilidade de um esforço árduo para conseguir
obedecer. Quando nos abandonamos, ou nos entregamos, colocamo-nos em total
dependência de Deus.
4. A obediência vem pela fé somente, pelo fato de que
Deus deseja que estejamos sob o Seu controle. Romanos 6 trata disso.
Neste mundo temos duas opções, duas possibilidades quanto a quem pode ter o controle
de nossa vida, ou Deus, ou o diabo. Não há terreno neutro. Nosso único controle
consiste em escolher qual dos dois poderes queremos que nos controle. Sendo que
Deus nos controla pelo amor, ao nos rendermos a seu amorável controle nos
tornamos obedientes.
5. A obediência vem somente pela fé por causa da
natureza do arrependimento, e este não é nossa própria obra, é um dom (Atos
5:31). Você conhece a clássica definição de arrependimento? Qual é? É tristeza
pelo pecado e abandono deste. Assim sendo, então o abandono do pecado também
deve ser um dom, não é mesmo? Não é algo que conseguimos, mas sim, é algo que
recebemos.
6. A obediência vem pela fé somente, porque é fruto
da fé. Ensinando sobre isso, em S. João 15, Jesus deixou claro que a obediência
é um fruto. Fruto é resultado de alguma outra coisa. Você não consegue frutos
por tentar arduamente consegui-los. Você os consegue da Videira. Se estivermos
na Videira, produziremos frutos de maneira espontânea, natural.
7. A obediência resulta somente da fé porque Jesus é
nosso poderoso exemplo. Ele viveu e efetuou Suas obras mediante o poder que Lhe
vinha de cima (S. João 14:10), e não por algum poder inerente. Ele veio a este
mundo não apenas para morrer por nós, para pagar a pena pelo pecado, mas também
para mostrar-nos como viver dependendo de um Poder superior. Jesus levou uma
vida de obediência exclusivamente pela fé e tornou-Se o maior argumento para
provar-nos que somos convidados a viver como Ele o fez, em obediência pela fé.
8. A obediência resulta somente da fé pelo fato de que
nos é oferecido descanso em viver a vida cristã, bem como descanso da
culpa do pecado. Consideremos isto mais detalhadamente. Em Hebreus 4:9 lemos:
"Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.'' (Note que é para o povo
de Deus – para aqueles que aceitaram e se tornaram Seus filhos.)
A maioria de nós sabe o que é estar cansado
fisicamente, e também sabe o que significa estar cansado espiritualmente.
Encaremos a questão. Todos nós, em todas as gerações, temos lutado com o fardo
da santidade, que, às vezes, não difere muito do fardo do pecado. Achamos
freqüentemente que a vida cristã assemelha-se a subir um morro íngreme com
pesado fardo nas costas. Mas Hebreus 4 oferece repouso para o povo de Deus.
Vejamos várias outras passagens que falam de descanso.
A principal, Apocalipse 14:11, assim diz na última das três mensagens
angélicas: "E não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os
adoradores da besta e da sua imagem, e quem quer que receba a marca do seu
nome.''
Bem, dirá você, isto se refere à destruição final dos
ímpios, no lago de fogo. Um momento, há mais implicação nisto do que
simplesmente a profética e histórica. Jesus disse: "Vinde a Mim... e Eu
vos aliviarei." S. Mat. 11:28. Então, se os adoradores da besta e de sua
imagem não têm descanso nem de dia nem de noite, é porque não aceitaram a
Jesus, certo?
Outro verso em Apocalipse 14 tem significado
espiritual muito interessante. É o verso 13: ''Então ouvi uma voz do Céu,
dizendo: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o
Espírito, para que descansem de suas fadigas, pois as suas obras os
acompanham."
Bem, sei que isto tem que ver com cemitérios e
túmulos, e com aqueles que morrem na fé, aguardando a segunda vinda de Jesus.
Consideremos um pouco mais. Aqui há o sentido espiritual também.
"Bem-aventurados os que morrem no Senhor." Você já ouviu sobre a
morte para o eu, mediante Cristo? "Para que descansem de suas fadigas''
Vinde a Mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.
" "Pois as suas obras os acompanham."
Hebreus 4:10 também fala sobre
repouso. "Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo
descansou de suas obras, como Deus das Suas." Quando Deus descansou
de suas obras? Na Criação, não foi? Foi então que Ele deu o sétimo dia como um
memorial, um sinal, a fim de recordar-nos Sua obra criativa. Em Hebreus 4 somos
convidados a entrar no repouso sabático. De que o sábado é sinal? De
santificação. Êxodo 31:13 e Ezequiel 20:12 e 20 são textos que aludem a isso. O
sábado é um sinal do Deus que santifica Seu povo. A verdade acerca do dia de
descanso de Deus e a verdade sobre o descanso de nossos próprios esforços para
vencer, estão intimamente relacionadas.
Descanso Para o Pecador Cansado, Descanso Para o Santo
Cansado
O capítulo 4 de Hebreus refere-se a três tipos de
repouso: descanso da obra de aceitação e perdão de Deus (versos 2 e 3);
descanso da luta para vencer o inimigo (versos 9 e 10), e o repouso do esforço
para conseguir o Céu, ou entrar na Terra Prometida (verso 6). É possível
aceitar um tipo de descanso e não o outro.
Muitas pessoas têm aceitado o descanso de Deus no que
concerne a sua esperança de vida eterna, e confiam na obra concluída de Cristo
em favor delas. É possível, porém, que ao mesmo tempo estejam batalhando para
viver a vida cristã. Você pode sentir que, embora não haja pagamento à vista,
as mensalidades poderão aniquilá-lo. E então começa a pensar que, afinal de
contas, o dom da salvação é caro demais.
Hoje convido você a entrar no descanso de Deus, a
parar de procurar obedecer mediante suas próprias obras, a fim de superar suas
faltas e sair vitorioso. Se prosseguirmos buscando um relacionamento pessoal
com Ele, Deus nos conduzirá ao repouso simbolizado pelo descanso sabático.
Como Obedecer
Bem, procurarei expressar tudo isto nos termos mais
simples possíveis. Se você entrar em comunhão com o Senhor Jesus Cristo, e
continuar de agora em diante até que Ele volte, Ele fará o restante. Esta é a
resposta mais simples à questão de como obedecer. Em Filipenses 1:6 é-nos dito:
"Aquele que começou boa obra em vós, há de completá-la até ao dia de
Cristo Jesus.'' O perdão é um dom, a salvação é um dom, e a obediência é um
dom, todos esses a serem recebidos através de contínuo companheirismo e
comunhão com Aquele que é o Doador.
Somente o cristão fiel poderá compreender e
experimentar o que é realmente a obediência. Não é simplesmente outro esforço
para ajudar-se a si mesmo, nem mudança de comportamento, nem o enfoque do pensamento
positivo que proporciona mudanças exteriores àqueles que têm suficiente força
de vontade para consegui-las. A obediência pela fé provém unicamente do coração
e só é alcançada por aqueles que mantêm comunhão diária com Jesus Cristo.
Você pode escolher continuar esse relacionamento com
Deus, dia a dia, e o resultado de conhecer Jesus será a obediência que vem
exclusivamente pela fé. Como é bom saber o que Deus deseja realizar em nós, e
através de nós, a fim de que Seu nome seja glorificado perante o mundo e o
Universo!
O crescimento do cristão. De
cristão recém-nascido, como posso alcançar a maturidade? Que acontece?
A grande divisão: Os que conhecem
a Deus e os que não O conhecem.
E
|
stávamos recém-casados, e eu estava ansioso para fazer tudo
que agradasse a minha esposa. Despendia muito tempo e esforço em fazer tudo
direitinho para agradá-la. Cheguei até a envolver-me com os deveres domésticos.
Mas usei uma cera errada no soalho, e tive que gastar muito tempo para
removê-la. Tentei lavar a louça, mas quebrei alguns dos presentes de casamento.
Procurei passar roupa, mas queimei um dos vestidos preferidos de minha mulher.
Ao preparar a refeição matinal, pus a tostadeira numa temperatura tão elevada
que não só se queimaram as fatias de pão como também os elementos da
tostadeira. Terminei gastando meu tempo de desjejum soprando o pó de carvão na
pia. Tentei pregar alguns botões, mas prendi a frente nas costas da blusa.
Ela queria conversar. Queria passar tempo em comunicação comigo, mas eu tinha muito que fazer. Eu estava raspando e
consertando a tostadeira, removendo cera! Assim eu simplesmente não tinha tempo
para estar com ela e conversar.
Espero que a esta altura você já tenha entendido que
isto é uma parábola. Mas é possível nos envolvermos tanto em fazer coisas para
agradar alguém, que nos esqueçamos de que o que mais lhe é agradável é
sentar-nos e conversar. E nossos esforços para agradar terminam em fracasso
quando procuramos realizar o que nos é impossível fazer.
Todavia, em nosso relacionamento com Jesus Cristo,
quão freqüentemente nos encontramos na mesma posição dos gálatas, aos quais
Paulo escreveu: "Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito,
estejais agora vos aperfeiçoando na carne?'' Gál. 3:3. Quão fácil é deslizarmos
para um enfoque legalista do cristianismo e descobrir, na prática, se não na
teoria, que a comunhão com Cristo é desprezada enquanto trabalhamos e lutamos
para fazer o que é direito, mais uma vez procurando salvar a nós mesmos!
Paulo tinha de repetidamente lembrar aos primitivos
cristãos que a obra iniciada por Deus na vida deles, Ele a completaria (Filip.
1:6). Paulo lhes dizia: "Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor,
assim andai nEle." Col. 2:6. "Todavia, o Meu justo viverá pela fé, e,
se retroceder, nele não se compraz a Minha alma. Nós, porém, não somos dos que
retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da
alma." Heb. 10:38 e 39. "Olhando firmemente para o Autor e Consumador
da fé, Jesus." Heb. 12:2.
Nunca é suficiente apenas começar o relacionamento com
Cristo. Não basta aceitar uma vez Sua graça perdoadora. Sem uma constante
comunhão com Ele, o recebimento inicial de Cristo jamais será suficiente para a
salvação. O casamento implica muito mais do que simplesmente dizer
"prometo". Casar é importante, mas continuar casado é igualmente
importante.
Consideremos alguns exemplos do princípio de
relacionamento contínuo, exarados nas próprias palavras de Jesus: "Ninguém
que, tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o reino de
Deus." S. Luc. 9:62. ''E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se
esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será
salvo." S. Mat. 24:12 e 13. "Se vós permanecerdes na Minha palavra,
sois verdadeiramente Meus discípulos." S. João 8:31.
Voltemos, porém, a S. João 15, para a mais completa
explanação de Jesus sobre a necessidade de continua comunhão com Ele, de passar
tempo com Ele na vinha.
Permaneçamos na Vinha
Jesus diz: "Eu sou a videira verdadeira, e Meu
Pai é o Agricultor. Todo ramo que, estando em Mim, não der fruto, Ele o corta;
a todo o que dá fruto, limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais
limpos, pela palavra que vos tenho falado; permanecei em Mim, e Eu permanecerei
em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na
videira, assim nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em Mim. Eu sou a
videira, vós os ramos. Quem permanece em Mim, e Eu, nele, esse dá muito fruto;
porque sem Mim nada podeis fazer." S. João 15:1-5.
Essa analogia apresenta primeiro a videira, que é
Jesus. Ele diz: "Eu sou a videira verdadeira." Numa analogia do Velho
Testamento, Israel devia ter sido a videira, mas provaram que eram uma vide
infrutífera; por isso, há uma nova aplicação, uma nova interpretação nas
palavras de Jesus neste capítulo. Israel devia ter sido o povo de Deus, mas um
de seus problemas era o sentirem-se seguros por pertencer à nação israelita. Na
analogia moderna, há aqueles que consideram a videira como sendo a igreja, e se
sentem seguros da vida eterna porque seus nomes estão no livro da Igreja. Mas
Jesus disse: ''Eu sou a videira verdadeira. Refere-se aqui ao relacionamento,
ligação e comunhão com Ele, e não ao mero fato de pertencer à organização da
Igreja.
Essas palavras foram ditas por Jesus imediatamente
após a experiência no cenáculo. Ele e Seus discípulos dirigiam-se para o Jardim
do Getsêmani. Pelo caminho, evidentemente, passaram por uma vinha. Jesus
apontou para uma videira, visível ao luar, e usou-a como ilustração para os
Seus discípulos.
Você já observou atentamente uma videira? Achou-a
bonita? Não digo no verão, quando os ramos estão cheios de folhas, mas durante
o inverno, quando se vêem apenas as varas peladas. Quão feia! Parece uma raiz
saindo da terra seca, não é? São raízes escuras, cheias de nós, arqueadas,
parecendo que jamais voltarão a reviver. Lembram-nos Aquele de quem se disse:
"Porque foi subindo... como raiz de uma terra seca.'' Isa. 53:2. A beleza
de Jesus estava no Seu interior e não no exterior. Este verso também diz que
nEle "nenhuma beleza havia que nos agradasse''. Sua beleza vinha do
íntimo, de Sua ligação com o Pai, o lavrador na parábola.
É evidente que na parábola somos os ramos, e é
surpreendente descobrir que os ramos, com sua folhagem verde na primavera, e
verão, e suas cores refulgentes no outono, apresentam-se muito mais belos que a
própria vide. O que vem da videira para os ramos resulta na beleza que
obviamente o próprio Jesus deseja transmitir a Seus seguidores, enquanto Ele
fica em segundo plano.
Duas Espécies de Ramos
Note que há duas espécies de ramos nesta parábola de
S. João 15 – dois tipos de ramos que estão "na videira'' (verso 2).
"Todo ramo que, estando em Mim, não der fruto, Ele o corta." Quer
isto dizer que é possível que um ramo que esteja nEle não dê fruto? É isto que
Ele diz. Não diz que todo ramo que pretenda ser verdadeiro, ou todo aquele que
esteja ligado à igreja; diz: "Todo ramo que está em Mim..." Sendo
assim, é possível ter um relacionamento com Ele e não produzir fruto, pelo
menos por algum tempo. Talvez Judas fosse um exemplo. É evidente que ele não
produziu fruto e foi cortado. Obviamente ele nunca se rendeu totalmente a
Cristo, mas, com os outros discípulos, teve o privilégio de expulsar demônios,
curar enfermos ç ressuscitar mortos mediante o poder de Jesus.
É possível a alguém tornar-se cristão, ser
genuinamente convertido, estar na Videira, em Cristo, e contudo não produzir
fruto, ser cortado. A palavra-chave é permanecer nEle. Não é suficiente
unir-se a Cristo, de início; devemos permanecer nEle a fim de produzir fruto.
Esta parábola também alude à questão de "uma vez salvo, salvo para
sempre''. Ela mostra que é possível ser um ramo, mas ser cortado.
Unir-se à Videira, Jesus Cristo, é o início, mas
somente início. Igualmente importante é habitar nEle. Que significa habitar? Se
você estudar sobre essa palavra na Escritura, verá que habitar significa
"permanecer". Quando, no dia da ressurreição, os dois homens se
aproximaram de Emaús, Ele foi convidado a ficar com eles – permanecer com eles.
Na história de Zaqueu, Jesus disse: "...Me convém ficar hoje em tua
casa.''
Permanecer na vide não é algo que acontece
automaticamente. A união com a Videira, com Cristo, deve ser mantida. Esta
parábola nos ajuda a compreender bem a questão do poder divino e do esforço
humano na vida cristã.
Assim Jesus abordou o tema sobre o uso da vontade e do poder da vontade na experiência cristã em desenvolvimento.
Permanecemos nEle e Ele em nós. Nenhum ramo produzirá fruto se estiver apenas
ocasionalmente ligado à Videira. A ligação deve ser firme. O ramo deve
permanecer na Videira.
A videira produz fruto porque é videira, e não para
ser videira. O ramo saudável produzirá frutos saudáveis, natural e
espontaneamente. Se você tem uma vide sadia, e um ramo sadio ligado a ela,
então você obterá frutos. Se você não quer que um ramo produza fruto, basta
separá-lo da videira; nada mais precisará ser feito. O fruto é o que há de mais
espontâneo com a verdadeira videira e os ramos. Se você quer uvas, não procure
consegui-las separadas da videira. Algumas pessoas têm tentado fazer isso. Têm
produzido uvas plásticas, algumas excelentes exteriormente. Mas se você tentar morder uma,
ficará muito desapontado!
Que São as Uvas?
Que representam as uvas? Filipenses 1:11: ''Cheios do
fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de
Deus.'' Por favor, observe primeiro que o fruto é fruto de justiça; segundo, o
fruto é mediante Jesus Cristo; e terceiro, é para a glória e louvor de Deus. Em
Gálatas 5:22, é-nos revelado o fruto do Espírito: Amor, alegria, paz,
longanimidade, e assim por diante.
Portanto, o fruto é justiça – e justiça espontânea
porque o ramo está ligado à Videira verdadeira. Isto quer dizer que o cristão
nunca luta com todas as suas forças para produzir justiça. Jamais foi ele
solicitado a fazer isso. Cristo não nos pede que nos esforcemos para produzir
fruto – Ele pede que permaneçamos nEle. Assim o deliberado esforço na vida
cristã deve ser sempre no sentido de manter relacionamento com Jesus, de
permanecer na Videira, e nunca para produzir frutos de justiça. Pois, ao
continuarmos ligados à Videira, os frutos virão.
Cristo põe fim ao esforço para produzirmos fruto
separados da Videira. Quando vemos nossa condição, nosso total fracasso em
produzir fruto real, separados de Jesus, então chegamos a admitir, com Paulo,
que o bem que queremos praticar não conseguimos (Rom. 7:18). E só então podemos
descobrir o que significa estar realmente ligado à Videira. Somente então
compreendemos a necessidade e o privilégio de permanecer em Cristo.
"Sem Mim Nada Podeis Fazer"
Algumas pessoas temem uma religião ociosa, que não faz
nada. Mas as palavras de S. João 15:5 procedem diretamente dos próprios lábios
de Jesus. Observe-as agora como outra pequenina ênfase na primeira frase:
"Eu sou a Videira, vós os ramos." Eu sou a videira. Vós não
sois a videira. Vós sois os ramos. E "sem Mim nada podeis fazer". Por
favor, note também que embora seja uma frase negativa, ela pode ser enunciada
positivamente, como em Filipenses 4:13: "Tudo posso nAquele que me
fortalece." NEle podemos realizar todas as coisas.
Como é maravilhosa nossa salvação no Céu, e certa
nossa segurança da vida eterna, assim é também a verdade de que Jesus pode
realizar Seu propósito de viver Sua vida em nós agora, se nos submetermos
totalmente a Ele. E então Ele produzirá muito fruto. Há esperança de colheita,
de produtos e resultados na vinha do Senhor. O próprio Deus está interessado
nos frutos e ansioso para ver os resultados, a colheita. Ele é o Agricultor, o grande
Lavrador, que espera os resultados.
Não faz muito tempo conversei com um vizinho a
respeito da obra de Cristo concluída na cruz, e como a salvação e a vida eterna
nos são asseguradas pelo sacrifício de Jesus. Perguntei-lhe então: "Sendo
assim, qual o propósito da santificação? Para que viver a vida cristã?"
Bem, para que serve o fruto? "Para a glória e
louvor de Deus." S. Mateus 5:16 diz: "Assim brilhe também a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso
Pai que está nos Céus." Portanto, qual o propósito do fruto? Glorificar e
honrar a Deus, e assim revelar Seu amor aos outros. Estribados nos ensinamentos
de Jesus, temos a esperança de colheita, de fruto na vinha, para glória de
Deus.
Como Permanecer em Cristo
Como permanecer na Videira? Como manter íntimo
relacionamento com Jesus Cristo? Tendo esgotado seus próprios recursos,
compreendido sua própria incapacidade de produzir frutos separado dEle, e
reconhecido que sem Ele nada pode fazer, que fará você então? O que significa
permanecer em Cristo, estar em Cristo e ter Cristo em você (Col. 1:27)? É claro
que isto se refere a uma comunhão muito íntima. É sobre isto que Cristo aqui
diz: Permaneça no relacionamento iniciado quando você Me aceitou como Sua única
esperança. Permaneça em comunhão comigo.
Por favor, não caia na armadilha que já mencionamos,
de pensar que a maneira de permanecer em relacionamento com alguém é procurar
fazer as coisas que lhe são agradáveis, comprar seu amor com nossos atos. O
relacionamento produz os atos, e não são os atos que produzem o relacionamento.
Esse não é o meio de continuar em boas relações com quem quer que seja.
Aceitamos a Jesus em primeiro lugar e nos ligamos à
Videira, não procurando produzir frutos para sermos dignos, mas aceitando o
grandioso dom de Sua graça. Contudo, não concluamos que o aceitar Sua graça não
requeira nenhum esforço, pois muitos pecadores descobriram que é difícil
desistir de si mesmos e ir a Cristo. Mas esta obra é diferente daquela que visa
à justiça e a ser aceitos por Deus. O esforço envolvido está em admitir,
diariamente, que nada podemos fazer, e em ir a Cristo para aceitar Sua graça.
Você já percebeu que ir a Cristo, diariamente, é
difícil? Freqüentemente, é. Você terá de admitir que Paulo usou a expressão
correta ao chamar isto um combate – "o bom combate da fé''. I Tim. 6:12.
Nem sempre é fácil reservar uma parte de seu dia para uma comunhão íntima com
Deus. Não é sempre natural ficar em contato com Ele durante o dia. Às vezes
isto requer verdadeiro esforço.
Em S. João 15 Jesus nos diz em que deve concentrar-se
nosso esforço. Não pede que nos esforcemos para produzir fruto – diz-nos para
permanecer nEle. E se escolhemos isto, não temos escolha quanto ao fruto. Será
o resultado natural e espontâneo de nossa permanência nEle.
Primeiro aceitamos Jesus pela fé nEle como nosso
Salvador pessoal. É assim que se forma a união com a Videira, e também é assim
que essa união continua. É de suma importância compreender que Jesus não
atribui a responsabilidade a nossas obras, ou produção de frutos, mas a nós.
Conquanto seja verdade que devemos produzir fruto, também é verdade que
só podemos fazê-lo mediante a fé nEle. "Porque sem Mim nada podeis
fazer." "Não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não
permanecer na videira.'' Mas se permanecer na Videira, dará muito fruto, que é
o resultado natural da permanência em Cristo.
Mas Leva Tempo
Há algo mais nessa analogia de Jesus e a vinha que não
queremos omitir. Isto é, o fruto não vem da noite para o dia. A idéia de uma
videira e ramos, e uma vinha, indica crescimento, avanço. Acontece aos poucos,
não de uma vez. Nenhuma
vinha tem condições de produzir perpetuamente. O fruto requer tempo.
Pode ser que você não esteja familiarizado com o
trabalho numa vinha, mas muitos de nós já procuraram transplantar algo.
Portanto vamos a um jardim, em vez de vinha, para observar esse princípio
relativo ao crescimento. Certo dia minha esposa trouxe uma planta para casa.
Por algum tempo se deu muito bem no vaso, mas depois ela cresceu demais e teve
de ser transplantada. Escolhi um local e, sem consultar minha esposa, mudei a
planta para lá.
Em resultado de a ter plantado em lugar errado, tive
de cavar e transplantá-la novamente. Não gostei do local, e assim arranquei-a e
a transplantei de novo. Então a planta ficou um pouco cansada! Suas raízes
começaram a ficar amolecidas e emaranhadas no solo, e lá veio o jardineiro e
cavou a terra outra vez. Mas não deu resultado no outro dia notei que as folhas
estavam caindo.
Ao estudar a parábola da vinha, você tem de concluir
que permanecendo o ramo ligado à videira ainda há um processo de crescimento.
Isso nos deixa muito intrigados, porque muitos de nós percebem que, mesmo tendo
escolhido permanecer com Cristo, nossa imaturidade se revela freqüentemente;
com muito pesar reconhecemos que a obra ainda não está completa.
Também na vinha notamos que não é uma ligação
intermitente ou dependência parcial que capacita a videira a produzir fruto.
Não é plano de Deus que creiamos parcialmente nEle e parcialmente em nós
mesmos.
Lembramos da história de um homem que, no tempo
antigo, caminhava pela estrada com um fardo nas costas. outro homem se
aproximou numa charrete puxada por um cavalo, que parecia velho e cansado. A
charrete parecia pequena, mas o charreteiro deu uma carona àquele caminhante.
Este aceitou, sentou-se na charrete mas continuou com o fardo nas costas.
Outro homem foi fazer uma viagem de quatro dias numa embarcação fluvial. O dinheiro que levava consigo deu apenas
para comprar a passagem, de modo que não pôde pagar extra por refeições e
acomodação no barco. Por isso comprou biscoitos e queijo para comer durante a
viagem. À hora de cada refeição, enquanto os outros iam para o refeitório, ele
escondia-se atrás de uma chaminé e comia seus biscoitos e queijo. Uns dois dias
depois seu lanche começou a embolorar e ele pensou que ia morrer de fome. Então
alguém o descobriu lá no seu esconderijo e disse: ''Que acontece com o senhor?
Quando comprou sua passagem, o senhor pagou também por todas as refeições.
Venha comer conosco."
Aceitamos a graça de Deus e dizemos: É maravilhosa.
Ele me proveu eterna salvação no Céu.
Agora devo carregar meu próprio fardo. E trocamos a carga do pecado pela
da santidade, ao lutarmos para produzir fruto mediante nossas próprias forças.
Jesus tem-nos convidado para o banquete das bodas do Cordeiro pela comunhão com
Ele, e pensamos que temos de levar nosso próprio alimento. Aceitamos Seu
poderoso evangelho como um dom, e vibramos com isso, mas a emoção esvaece
quando deixamos de ver que para andar em comunhão com Ele temos de fazê-lo pelo
mesmo método que primeiro nos levou a Ele – tudo pela fé. Prosseguimos
desejosos de acrescentar algo a isso, o que nos torna muito penoso permitir que
Ele leve nossos fardos, pecados e fracassos. Não Lhe permitimos dar-nos o poder
de que tanto carecemos. Não entendemos que Ele quer conceder-nos a vitória como
um dom.
Jesus, Nosso Exemplo
Outra lição que podemos aprender da parábola da vinha
é a de que Jesus é nosso exemplo quanto à permanência. Você sabe que as
videiras necessitam de apoio? Elas não ficam erguidas sozinhas, mas precisam
apoiar-se em caramanchões ou coisas semelhantes. Jesus disse que Ele é a
Videira, e Seu apoio vinha do Pai, o Lavrador. Enquanto viveu neste mundo Jesus
tornou-Se o maior exemplo de permanência e dependência de outro, em comunhão e
comunicação pessoal. Diz-nos a Escritura Sagrada que Ele antes do amanhecer
saía para ter comunhão com o Pai, em meio à Natureza. Muitas vezes passou
noites inteiras em oração.
A idéia de passar toda uma noite em oração pode ser
apavorante. Mas Jesus não pede isso. Não exigiu isso de Seus discípulos. No
entanto, quanto tempo já faz que você gastou quinze minutos ou meia hora para
responder ao amorável convite de Jesus, para permanecer nEle mediante comunhão
pessoal?
Vejo dois homens andando pelo caminho rumo a Emaús (S. Luc. 24). Um estranho une-se a eles, e, enquanto lhes falava,
ardia-lhes o coração. Já é tarde quando chegam à casa, por isso dizem ao
Estranho: Fica conosco. Já é tarde. Fica em nossa casa. Eles responderam a
Jesus antes mesmo de compreenderem quem era o Estranho.
Meu amigo, hoje está ficando tarde. Os sinais predizem o entardecer. Lá fora está ficando escuro. Sempre o foi, mas agora
a escuridão é cada vez maior. Você não deseja unir-se a esses desconhecidos
discípulos que preferiram convidar Jesus para ficar com eles? Não gostaria
também de dizer: Vem e fica em nossa casa?
O Tempo da Colheita
Ao continuarmos nosso permanente relacionamento com
Cristo, ao permitir-lhe que realize Sua obra em nossa vida, e continuarmos
buscando melhor relacionamento e comunhão com Ele, podemos aguardar jubilosos o
tempo da colheita. Esse tempo virá à nossa vida enquanto permanecermos nEle. Ao
ser Sua obra desenvolvida em nós, amadurecerão os frutos do Espírito.
Um de meus amigos tinha uma filhinha de três a quatro
anos de idade. Esse amigo viajava muito. Um dia, ao voltar de viagem e entrar
em casa, a garotinha, que não o vira por alguns dias, correu para ele e disse:
– Olhe, papai, já aprendi a escrever.
E apresentou-lhe uma pequena lousa com todo tipo de
rabiscos, manchas e borrões. Era uma mensagem.
Como bom pai, ele disse:
– Certo, você já aprendeu a escrever. Que
maravilha!
E ele exagerou tanto, que a menina, com olhos
arregalados e boca aberta, perguntou:
– Que está escrito aí, papai?
Aí ele ficou atrapalhado. Não sabia o que dizer mais.
Hesitou um pouco, e então a idéia lhe veio, e deve ter vindo de cima. Ele
sentou-se e disse:
– Queridinha, vou lhe dizer o que está escrito. Aqui
diz que você é uma meninazinha que realmente quer saber escrever. Diz que você
está se esforçando muito para isso, e que você está crescendo e algum dia
escreverá muito bem.
Ela olhou para ele e perguntou:
– Diz tudo isso, paizinho?
– Sim.
Como cristão em crescimento, esforço-me para produzir
minha obediência, que absolutamente não é verdadeira obediência. É simplesmente
como rabiscos, manchas e borrões. Apresento isso a Deus e digo: "Olha, já
aprendi a obedecer!" Como meu Pai celestial, Ele diz: "Você sabe o
que seus esforços Me dizem? Eles Me dizem que você é realmente um cristão, que
realmente se preocupa com isso. Dizem que você está crescendo, e algum dia
chegará lá."
Podemos assim aguardar jubilosos o tempo do
amadurecimento, da colheita em nossa própria vida, e também para o tempo da
colheita no mundo inteiro. Deus é capaz de terminar a obra que Ele mesmo
iniciou em nossa vida. Enquanto ficarmos com Ele, nada teremos a temer.
Milhões de pessoas hoje crêem na segunda vinda de
Cristo. Houve tempo em que aqueles que pregavam isto eram taxados de
propagadores de calamidades e profetas de condenação. Hoje, porém, até
cientistas e estadistas que analisam os acontecimentos mundiais, predizem
calamidades. Até lideres seculares compreendem que este mundo está correndo
para o fim, e que eles são incapazes de impedi-lo.
Faz alguns anos, meu pai e meu tio dirigiram
conferências públicas numa cidade. Uma noite, quando meu tio começou a falar
sobre o fim do mundo e a segunda vinda de Jesus, um homem saltou para frente e,
voltando-se para o auditório, começou a gritar:
– Não acreditem no que os irmãos Venden estão dizendo.
Eles não passam de alarmistas, que vieram aqui para enganar vocês. Falam acerca
do fim do mundo, o que nunca irá acontecer. As coisas continuarão como têm
sido, e assim será sempre.
E voltando-se para o meu tio, disse:
– O senhor não pode me dar uma única prova de que isso
irá acontecer!
– Eu posso. O senhor é a última prova que acabo de ver
– respondeu meu tio.
– Que o senhor quer dizer com isso? – indagou o homem.
Meu tio folheou a Bíblia e leu II Pedro 3:3 e 4:
"Tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores
com seus escárnios, andando segundo as próprias paixões, e dizendo: Onde está a
promessa de Sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as coisas
permanecem como desde o princípio da criação."
E o homem afundou-se no seu assento. Coisas extraordinárias
aconteceram dali em diante naquele lugar! O Senhor deu o texto certo no devido
tempo.
Deus não começa alguma coisa e então a deixa por
terminar. Ao começar, Ele vai até ao fim. Mesmo quando deixou o sepulcro na
manhã da ressurreição, Jesus tomou tempo suficiente para dobrar os lençóis e o
lenço e deixar tudo bem arrumado. Não necessitava mais deles. E quão mais
seguramente Ele concluirá o grande plano da redenção, da restauração. Ele fez
provisão para compensar-nos por termos nascido neste mundo de pecado. Você não
é grato porque Ele é capaz de continuar com o Seu plano de salvação até o fim,
o qual é apenas o começo da eternidade? Nada o poderá deter.
Segunda Vinda – Boas Novas ou Más?
Como você reage ao ler, ouvir ou pensar sobre a
segunda vinda de Cristo? Parecem-lhe boas novas ou más? Você fica empolgado ou
sente medo? A questão crucial é: Você estará pronto? "Oh", você dirá,
"estou tão por fora disso! Nunca irei conseguir. Não há oportunidade para
mim." Perguntei a um jovem qual a
primeira coisa que ele gostaria de fazer no Céu. A resposta foi: "Se eu
entrar no Céu, ficarei tão surpreso que nem saberei o que fazer lá!"
É por isso que desejo recordar um texto que fala de
esperança, e nos mostra como podemos estar prontos para a vinda de Cristo.
Efésios 2:13: "Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe,
fostes aproximados pelo sangue de Cristo."
Você sente que está muito longe? Pelo sangue de Jesus,
mediante a expiação e o sacrifício na cruz, você pode ser aproximado. Isto são
boas novas, não acha? A salvação não é algo que adquirimos; é algo que
recebemos como uma dádiva. E podemos recebê-la de novo, cada dia.
Você está salvo? Pode saber agora que está salvo? Bem,
isso depende do que você quer dizer. Há três vocábulos gregos para salvação.
Um se refere à questão: ''Aceitei a morte de Jesus em favor da
humanidade?" Outro, à indagação: "Estou neste momento desfrutando de
um relacionamento salvífico com Jesus?" E o terceiro: "Estarei salvo
no futuro?"
Permita-me perguntar-lhe: Você aceitou a morte de
Jesus em favor de toda a humanidade? Então, neste sentido, você está salvo. No
presente você mantém um salvador relacionamento com Jesus Cristo? Fala com Ele?
Já conversou com Ele hoje? Passa algum tempo com Ele, pessoalmente? Você deve
ser capaz de saber a resposta a esta pergunta. Não precisamos preocupar-nos se
estaremos, ou não, salvos no futuro. Não podemos predizer que decisão podemos
tomar nesse meio tempo. Mas podemos saber que estamos salvos hoje. Isto é o que
importa. Hoje você aceitou Jesus e Seu sangue, que mais o aproxima do Céu? Você
pode fazer esta escolha.
E ao continuar a fazer essa escolha, você pode esperar
com alegria o fim do pecado e a hora em que Jesus voltará para o Seu povo.
Conhecer a Deus – Vida Eterna
Jesus disse em S. João 17:3: "E a vida eterna é esta: que Te
conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste." A base completa da vida
cristã acha-se em conhecer a Deus. Este é o caminho pelo qual aceitamos Sua
salvação, Seu perdão e poder. E por fim, conhecer ou não conhecer a Deus
torna-se a questão crucial. Note como isto acontece.
Quando Jesus voltar haverá dois grupos de pessoas,
chamados por nomes diferentes – os bons e os maus, os crentes e os ímpios, as
ovelhas e os cabritos, os justos e os injustos, o trigo e o joio, os sábios e
os néscios, os quentes e os frios, e assim por diante. Mas haverá somente dois
grupos quando Jesus voltar.
No PRIMEIRO DIA estudamos a história das bodas
registrada em S. Mateus 25. Havia cinco virgens prudentes e cinco néscias. E
Jesus nos deu uma idéia do que determinou a diferença entre os dois grupos.
Quando as néscias quiseram entrar para o banquete nupcial, a resposta que
receberam foi: "Não vos conheço." Em S. Mateus 7, versos 22 e 23, é
descrita a mesma divisão. "Muitos, naquele dia, hão de dizer-Me: Senhor,
Senhor! Porventura não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não
expelimos demônios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi
explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a
iniqüidade."
Desta passagem podemos concluir que, no fim, haverá
somente duas classes de pessoas – os que conhecem a Deus e os que não o
conhecem. Não haverá outra opção.
Acrescentemos outra passagem, que se encontra em
Apocalipse 3. os primeiros capítulos desse livro falam-nos de sete igrejas. O
capítulo 3, verso 13 em diante, descreve a última das sete, na história das
igrejas, até pouco antes de Jesus voltar. A última igreja é a de Laodicéia.
"Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao anjo da igreja
em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira,
o princípio da criação de Deus." Quem é Esse? É Jesus.
E não esqueça que o Apocalipse é o próprio livro de
Jesus. Os Evangelhos foram escritos sobre Jesus, mas não são livros dEle. O
Apocalipse é o único livro que começa assim: "Revelação de Jesus Cristo,
que... Ele enviando por intermédio de Seu anjo, notificou ao Seu servo
João." De todos os livros da Bíblia, o Apocalipse é o livro exclusivamente
de Jesus, sendo assim de supremo interesse para aqueles que estão interessados
em Jesus.
Vem a seguir a descrição da igreja conhecida como
Laodicéia: ''Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera
fosses frio ou quente!" Apoc. 3:15. Um momento! Esta é uma declaração
surpreendente. Preferiria Deus que fôssemos frios e não mornos? É o que está
dito. "Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de
vomitar-te da Minha boca." Verso 16. Esta é outra maneira de dizer que as
pessoas mornas causam náuseas a Deus! "Pois dizes: Estou rico e abastado,
e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que és infeliz, sim, miserável,
pobre, cego e nu." Verso 17. Eis aí, pois, a descrição de Laodicéia, a igreja
morna.
Que é Morno?
Ora, se Laodicéia é conhecida por sua mornidão, qual
será a percentagem dos mornos? Se é conhecida como igreja morna, é lógica a
idéia de que a maioria tem de ser morna. Ao dizermos que os Estados Unidos são
uma nação democrática, que dizemos com isso? Que a maioria de seu povo acredita
num governo democrático. Assim, pelo menos 51 por cento dos laodiceanos devem
ser mornos. Esta declaração é muito forte, não é? Significa que até pouco antes
da volta de Jesus muitos mornos farão parte da Igreja.
Se em sua maioria os que compõem a Igreja são mornos,
então pode-se esperar
que alguns professores, pastores, líderes e administradores sejam mornos. Isto quer dizer que provavelmente eles
nomearão como dirigentes pessoas como eles, não é mesmo? A mornidão predomina
em toda parte porque a maioria do povo de Laodicéia é morna.
Isto nos leva a outra pergunta. Que é mornidão? Que
torna morna uma pessoa? Costumo usar uma antiga ilustração referente à pia da
cozinha – uma pequena lição de economia doméstica. Nessa pia há uma única
torneira, com uma alça à esquerda, para água quente, e a outra à direita, para
água fria. Se queremos água morna, que fazemos? Simplesmente abrimos as duas
partes, quente e fria, e temos água morna.
Esta ilustração pode não ser muito adequada, pois
seria ridículo imaginar um laodiceano quente de um lado, e frio de outro. Mas
dá-nos uma idéia de que morno é a combinação, ou mistura de quente e frio.
Ao permitir que as Escrituras sejam seu próprio
intérprete, descobrimos o que torna morna uma pessoa. Leia S. Mateus 23 e verá
que Jesus deixou muito claro que o problema das pessoas de Seu tempo era que
eram exteriormente quentes, mas no íntimo eram frias. É isso que produz a
mornidão. Jesus disse: "Sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por
fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos.'' Em
outras palavras, estavam apodrecidos por dentro. E Jesus vai muito além, em S.
Mateus 23, ao ponto de chamá-los ''víboras e filhos de víboras''. Verso 33, Today
English Version. Todavia Ele tinha lágrimas nos olhos ao dizer isso.
Nesse mesmo capítulo é dito: "Ai de vós, escribas
e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato; limpa
primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo."
Se o interior estiver bem, também o estará o exterior. E possível, porém, que o
lado externo pareça bom, ao passo que o interno esteja deteriorado. Uma pessoa
pode parecer correta em todas as suas atitudes exteriores, com excelente comportamento,
e ser simplesmente uma pessoa moral. A moralidade tem que ver basicamente com o
exterior, a conformidade externa com leis, princípios e regulamentos. Uma
pessoa moral segue os costumes de sua sociedade, exteriormente; mas em seu
íntimo pode ser justamente o oposto. Assim a pessoa morna é aquela que faz tudo
certo, mas seus motivos são equivocados.
A condição da maioria das pessoas na Igreja, até pouco
antes de Jesus voltar,
será superficial. Procuram fazer o que é exteriormente correto, a fim de obter justiça pelas obras. Não conhecem a
Deus, contudo procuram viver como Seus filhos. E é lamentável que Laodicéia nem
mesmo conhece sua condição. É "infeliz, miserável, cego e nu'', e não
sabe.
Um momento – quando Jesus realmente voltar, quantos
grupos de pessoas haverá? Já vimos que haverá apenas dois. Quem são eles? Os
quentes e os frios. Quando Jesus voltar, trazendo o galardão para cada um,
haverá somente dois grupos de pessoas. Não haverá recompensa morna para os
mornos. Não haverá lago de fogo morno para os mornos. Não haverá Céu morno para
os mornos.
Portanto, se haverá somente dois grupos de pessoas ao
Jesus voltar, segue-se então a pergunta: Que acontecerá com o grande número de
mornos? Desaparecerão. Para onde irão? Terão se tornado ou quentes ou frios.
Isto quer dizer que desde o tempo de Laodicéia, a última das sete Igrejas de
Apocalipse, até à volta de Jesus, há um intervalo no qual as pessoas se
decidirão por um ou por outro lado. Terá lugar uma polarização, e ninguém mais
continuará morno.
Sinal da Vinda de Cristo
O motivo pelo qual me interesso nesse assunto é que
acredito que essa polarização já vem acontecendo por anos e tornando-se mais
evidente a cada dia. Creio ser este o maior sinal da proximidade da volta de
Jesus. A evidência é de que justamente antes de Jesus voltar, as pessoas vão dividir-se em dois grupos,
somente dois, os quentes e os frios.
Com isto em mente, leiamos Apocalipse 3:18 e 19. Aqui
está o conselho para os mornos em Laodicéia: "Aconselho-te que de Mim
compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para
te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha de tua nudez, e colírio
para ungires os teus olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a
quantos amo. Sê, pois, zeloso, e arrepende-te."
Para melhor compreensão, vamos dividir esta mensagem
para os mornos, em duas partes. A primeira encontra-se nos versos 15-17. É uma
censura a Laodicéia. Sei as tuas obras, que nem és quente nem frio. Oxalá
fosses frio ou quente. Mas dizes que és rico, cumulado de bens, e de nada
necessitas; mas não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu. Tal é a
censura feita a Laodicéia.
Mas há algo de belo quanto à paciência de Deus para
com Sua Igreja. É ótimo saber que mesmo Laodicéia, uma comunidade morna, pode
ainda ser a Sua Igreja. Ele deve ser muito paciente. Nunca censura alguém sem
prestar-lhe ajuda. Portanto, a segunda parte da mensagem a esses laodiceanos é conselho.
''Aconselho-te que de Mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres,
vestiduras brancas para te vestires,... e colírio para ungires os teus olhos, a
fim de que vejas.''
Assim é a segunda parte, verso 18, é o conselho aos
laodiceanos. A primeira parte é censura, a segunda parte é conselho.
Consideremos por um momento em que consiste o
conselho. Os estudiosos do simbolismo do Apocalipse afirmam que o ouro
representa fé e amor. E que são as vestiduras brancas? A justiça de Cristo. O
colírio indica discernimento e percepção espirituais - que vêm através do
Espírito Santo. O conselho aos laodiceanos refere-se à sua necessidade da
justiça de Cristo pela fé, e a fé vem somente mediante um relacionamento
pessoal e diário com Jesus.
Os Resultados do Conselho
Quais serão os resultados desse conselho da Testemunha
Verdadeira? Algo fará com que o terceiro grupo, dos mornos, desapareça porque
se tornarão quentes ou frios.
Assim é fácil ver que a censura causará alguma
polarização. É possível erguer-se alguém e proferir uma repreensão fulminante,
vociferar e nada relevar, deixar que as pessoas paguem pelos seus pecados, e
causar divisão nas igrejas. Mas uma coisa é certa – o reavivamento jamais
acontece com base em exterioridades. Nunca! A mudança externa pode-se chamar
reforma, mas a reforma não tem valor a menos que seja precedida pelo
reavivamento. É este que produz a reforma genuína, e tem que ver com o coração,
com a vida espiritual interior.
Temos, pois, de ressaltar aqui, cautelosamente, que
sempre que houver um genuíno reavivamento espiritual, será baseado na justiça
de Cristo, na fé e amor, no Espírito Santo e na comunhão íntima com Jesus.
No entanto, Apocalipse 3 indica que esta é uma grande
mensagem divisória: leva as pessoas a polarizar-se num dos dois grupos – quente
ou frio. Que há na mensagem da justificação pela fé em Cristo e a necessidade
de comunhão com Ele, que leva as pessoas a escolherem um ou outro lado?
Há exclusivamente uma resposta. os laodiceanos, os
mornos, acostumaram-se a encontrar segurança em algo que não seja a justiça de
Cristo, a fé, o amor, o Espírito Santo. Acham sua segurança nos atos externos
que praticam. Pessoas fortes podem encontrar segurança em exterioridades porque
sua vida exterior é correta do ponto de vista moral. Dizem: Não me importo com
a justiça de Cristo pela fé e com minha necessidade de manter comunhão pessoal
com Deus a fim de receber Sua fé e amor. Minha vida moral é boa. Deus, evitas
que Teus planetas colidam, ajudas os ébrios nas sarjetas, e também as
prostitutas e ladrões. E quanto a mim? Estou indo muito bem. Obrigado.
Este é o problema do morno laodiceano. Foi o problema
dos superficiais nos dias de Jesus. Quando Jesus Lhes falava acerca de Deus, da
fé, do amor, da entrega total, isso constituía uma ameaça à segurança deles.
Sentiam que lhes era tirada violentamente a base de sua segurança. E aqueles
que pensam ter algum dia assegurado o Céu porque são bons não continuarão
pensando assim ao ouvirem a ênfase sobre a justiça de Cristo como nossa única
esperança. ou a receberão como boas novas e entrarão num relacionamento de fé
com Cristo, aceitando sua justiça e amor em comunhão diária, ou se afastarão
totalmente, dizendo: "Muito obrigado, isto não me interessa." É um
mistério difícil de explicar.
Mas onde Jesus passava, as pessoas nunca mais eram as
mesmas. onde Ele era exaltado, ocorria um reavivamento ou uma revolta. Aonde
quer que o apóstolo Paulo fosse, determinado a nada mais saber senão a Cristo
crucificado, o povo ficava de um ou de outro extremo. ou lhe davam as
boas-vindas na sinagoga, ou o expulsavam da cidade. Não existe a mínima
possibilidade de permanecer neutro na presença de Jesus.
É isso, pois, que faz com que o grande grupo
intermediário desapareça imediatamente e antes da volta de Jesus. Ao voltar
Ele, haverá somente dois grupos. Esta ênfase sobre a justiça de Cristo pela fé
exclusivamente tem surgido com toda a firmeza, e nada irá detê-la. É a última
mensagem justamente antes do regresso de Cristo, e provocará os eventos finais.
Ao vermos que isso está acontecendo, podemos regozijar-nos, porque é sinal de que
Jesus virá muito, muito breve.
A Grande Divisão
A grande divisão está se processando justamente agora.
Está acontecendo em todas as igrejas, em todo o mundo. Jesus disse: "Não
penseis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada'' S. João
10:34. Falou de parentes que se levantariam uns contra os outros, e é o que
vemos hoje. Durante anos tem sido possível que duas pessoas vivam juntas, como
marido e mulher, sob o mesmo teto, e se darem muito bem porque ambos são
mornos. Mas os mornos desaparecerão ao
aproximar-se a vinda de Cristo; um se tornará quente, e o outro ficará
frio. Que acontecerá no lar? Haverá incompatibilidade, não é mesmo?
Você sabia que o índice de divórcio nos Estados Unidos
atinge cerca de 53 por cento dos casamentos? Sabia que esse índice é
basicamente o mesmo entre os membros de igreja? Antes não era assim,
absolutamente. Vemos então toda espécie de resultados à medida que a
polarização penetra o centro da família, o centro da igreja. As pessoas vão
para um ou para o outro lado, e isto está sucedendo rapidamente.
Quero arriscar-me em afirmar que cada um de nós sabe
hoje, justamente agora, para onde está indo. Como podemos saber? Como já vimos,
depende de conhecermos ou não conhecermos a Deus. Podemos resumir isto numa
indagação: Você conhece Jesus como seu Amigo pessoal? Dedica tempo para estar
com Ele, em comunhão mútua, aceitando continuamente Sua graça salvadora? Esta é
uma questão de vital importância.
É possível que você esteja enfrentando problemas reais e angustiosos, mas se você conhece Jesus mediante um relacionamento
pessoal, diário, você alcançará a vitória. E mesmo que ocasionalmente perca uma
batalha, Deus já ganhou a guerra. Se você leu o final do Livro, sabe que irá
vencer! S. João 17:3 diz de maneira muito evidente: "E a vida eterna é
esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem
enviaste."
É mediante o conhecimento de Jesus que recebemos nossa
salvação, que continuará até ao fim, pois está apenas no início!
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